Ranking ABAD/NIQ 2023 - ANÁLISE

Rota segura para o setor

Mercado de alto giro alcança 701,1 bilhões de reais e eleva a participação do atacado distribuidor para 52% do abastecimento

Por Rúbia Evangelinellis

Ainda que a economia tenha experimentado tropeços em 2022, o mercado de consumo de alto giro somou 701,1 bilhões de reais, segundo levantamento ABAD/NIQ (em parceria com a NielsenIQ). Em comparação a 2021, quando foi projetado em 601,6 bilhões de reais, apresenta crescimento de 17%. O estudo revela a participação do atacado distribuidor no abastecimento, que subiu de 51,3% para 52% e totalizou 364,3 bilhões de reais. É a alta mais representativa desde 2019 (de 53%), ano que antecedeu à Covid-19 e as respectivas medidas de isolamento, que restringiram e dificultaram o acesso ao varejo.

O fato é que essa cifra corresponde a um crescimento nominal de 18% com base no resultado anterior, de 308,4 bilhões de reais, e mantém o setor no patamar de 50% de representatividade desde 2005.

Traçando o contraponto com a inflação oficial de 2022, de 5,79%, relativa ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPC), calculado pelo IBGE, a variação positiva do mercado de consumo mostra-se surpreendente.

A NIQ atribui o salto de dois dígitos ao impacto dos reajustes de preços (especialmente dos alimentos), que eleva o valor das compras, e às atualizações ocorridas na amostragem e no sistema de coleta. Entre as alterações relatadas está principalmente a ampliação dos pontos de vendas auditados de 1.067.484 para 1.143.530.

Felipe Rutkosky, sênior business manager da NIQ, explica que o crescimento do mercado tem como reflexo o cenário de inflação, e refletiu no preço da cesta de consumo em 2022 (com base em 160 categorias de produtos), que subiu 13% em valor em detrimento do volume comercializado.

Segundo informou, em um cenário de baixo crescimento e alto endividamento das famílias, aumentaram as compras de abastecimento. “O consumidor teve de fazer escolhas mais inteligentes para maximizar seu plano de compra e optou por um varejo que consiga contemplar 100% das suas necessidades, independentemente do seu tamanho”, observa, prevendo a possibilidade de que, em 2023, ocorra um movimento idêntico de consumo, caso permaneça o mesmo retrato econômico.

A amostragem segmenta os estabelecimentos pesquisados em seis canais de vendas de diferentes portes e aponta o quanto cada qual representa no consumo projetado (veja quadro). Com exceção dos hipermercados, o atacado abastece todos os grupos e em diferentes percentuais de cobertura.

Um deles é o varejo tradicional. Tem 95% do abastecimento garantido pelo atacado distribuidor e apresentou uma variação positiva de 24,9%, comparando o valor atual (de 64,6 bilhões de reais) com o retratado em 2021. Bares e restaurantes respondem por 60,2 bilhões de reais, registram alta de 12,6% e também concentram os pedidos no atacado distribuidor, num patamar de 85%.

O pequeno varejo, por sua vez, corresponde a um mercado de consumo de 190 bilhões de reais, cresceu 14,6% e tem uma cobertura de 68% do canal indireto.

RAIO X

Em paralelo aos números de mercado de consumo, com reflexo positivo no atacado distribuidor, o Ranking ABAD/NIQ 2023 (ano-base 2022) demonstra o bom desempenho e o bom momento do setor, a partir das informações de 650 empresas.

Juntas, acusam um faturamento de 231,4 bilhões de reais (sem o Atacadão totalizam 157 bilhões de reais) e superam em 24% o montante revelado pela amostragem de 2022 (veja quadro).

É um grupo representativo também na soma do resultado, equivalente a 53,8% da participação do atacado no mercado de consumo projetado. Nelson Barrizzelli, responsável pelas análises do Ranking desde que foi lançado, há 29 anos, explica o incremento. “Deve-se ao ingresso ou retorno de empresas de grande porte ao grupo de respondentes”, ressaltou. Tanto é que 12 atacadistas correspondem a 50% do faturamento. Extraindo a operação gigante do Atacadão, a lista dos maiores sobe para 37. A maioria dos respondentes (534) encontra-se no quartil dos 25% de menor faixa de faturamento. A robustez da amostragem é medida ainda no crescimento da base operacional que sustenta toda a operação (como de armazém e da força de vendas). E ainda sinaliza as expectativas otimistas e os investimentos, com a seta apontada para cima principalmente para sistemas de informação, e-commerce e marketplace.

O levantamento mapeia a atuação do atacado distribuidor no país. E aponta que 352 pesquisadas (54% da amostragem) concentram a operação na região de origem, em um estado. O presidente da ABAD, Leonardo Miguel Severini,comemora os bons números do setor. “É um momento em que as empresas revelam maturidade, ferramentas acessíveis de digitalização e automação da gestão e, assim, podem exercer, na plenitude, a essência operacional, baseada em oferecer uma proposta de mix rica e moderna em categorias”, finalizou.

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