Ranking ABAD/NIQ 2023 - Panorama de consumo

Para  superar e agir

O que se esperava de 2022 com o fim das restrições devido à epidemia da Covid 19 não aconteceu. Foi um ano difícil para a economia em geral e no Brasil, em especial, famílias sentiram o bolso apertado e dificuldades para saldarem as dívidas

Por Claudia Rivoiro

Depois da tempestade, vem a bonança. Ditado antigo, mas que nem sempre acontece ao pé da letra. Foi esse o sentimento que ficou na cabeça de muitos brasileiros no ano passado. Após quase dois anos de restrições impostas pela pandemia mundial da Covid -19, 2022 entrou tímido no quesito consumo. O motivo? Na verdade, o consumidor vem há muito tempo com o bolso apertado e 30% das famílias estão inadimplentes, segundo dados divulgados pela NIQ (NielsenIQ).

Para Felipe Rutkosky, Sênior Business Managerl da NIQ, não só esses fatores, mas também outros, como as famílias com menor renda, foram as mais afetadas, sendo o cartão de crédito o grande vilão desse endividamento que corrói o bolso dessa população. Em seguida, vêm as dívidas com os carnês e os financiamentos de carros. Assim, 28% dos brasileiros veem piora em sua situação financeira e a economia é uma preocupação para 80% dos brasileiros, com 49% acreditando que o país está em recessão. O PIB encerrou o ano na casa de 2,9%,” destaca. Mas nem tudo está perdido. Existem indícios de boas perspectivas que estão por vir como a alta de entretenimento, incluindo os eventos e o turismo, setor de serviços se mostrando mais aquecido e sinais de melhora no cenário macroeconômico.

O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) também vai na mesma linha e divulgou que no Brasil, desde o último trimestre do ano passado, o comportamento dos indicadores setoriais indicou desaceleração bastante disseminada da atividade econômica, e este quadro se manteve nos primeiros meses de 2023. Em contrapartida, o aumento dos rendimentos médios tem possibilitado o crescimento da massa salarial. Os dados mais recentes mostram que o processo de desinflação da economia brasileira vem se consolidando nos últimos meses, embora tanto os índices de preços ao consumidor quanto às médias dos núcleos de inflação ainda se encontrem em patamares relativamente elevados, mas que se espera para o acumulado em 2023 que a economia se recupere progressivamente ao longo do ano, registrando crescimento de 1,4%.    

Complexo e tenso

Para Alberto Serrentino, consultor com mais de 30 anos de experiência em varejo e consumo, autor de livros sobre o tema, fundador da Verese Retail e membro do conselho da SBVC – Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, o ano passado foi complexo devido à alta de juros bastante agressiva para combater a inflação, que cedeu, mas foi um ano de acomodação e o varejo cresceu pouco, cerca de 1%, e o alimentar, um pouco melhor, 1,5%.

“Estabilidade com instabilidade, com ano tenso, eleições, ambiente turbulento, alta de juros, guerra na Ucrânia, certamente foram dias desafiadores. Mas o varejo alimentar se sai melhor diante do cenário. As indústrias não mudaram o comportamento e, sim, fortaleceram o canal indireto, dando empoderamento e possibilitando um papel estratégico em uma agenda próxima de relacionamento com o varejo. E as lojas de vizinhança ganham destaque porque melhoram a sua performance e mix”, destacou.

Para 2023, Serrentino observou que o canal indireto deverá continuar se aproximando ainda mais das indústrias  e vice-versa, e também investir em mais tecnologia com o varejo na ponta. “Vemos o movimento de grandes lojas de supermercados sendo transformadas em unidades de cash & carry, mas eles não abastecem em alguns quesitos como produtos de mercearia diferenciada, perecíveis, e outros, fazendo com que o consumidor caminhe para as lojas de vizinhança. Para este ano, se tudo correr bem, os juros deverão diminuir no segundo semestre e a inflação também, mas  se deve olhar com cuidado o financeiro das empresas. O efeito Lojas Americanas assustou, mas a demanda alimentar está bem, visto as vendas na Páscoa”, finalizou.

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