ENCONTRO DE VALOR PALESTRA

Sinais positivos estão no ar

A economista Zeina Latif destacou o comportamento do consumidor, os impactos setoriais, a importância de compreensão das diferenças regionais e quais as perspectivas futuras

da Redação

A palestra que abordou economia da edição 2023 do Encontro de Valor ABAD foi conduzida pela economista Zeina Latif, na manhã de 27 de novembro, no Clube Monte Líbano, em São Paulo. A especialista apresentou detalhes sobre o comportamento do consumidor, os impactos setoriais, a importância de compreensão das diferenças regionais e quais as perspectivas futuras para o país.

O primeiro assunto abordado por Zeina envolve as dificuldades atuais da classe média brasileira, cujo poder aquisitivo já é naturalmente mais baixo. “A nova classe média está no aperto”, disse, enfatizando que todas as reformas para dinamizar o mercado de trabalho, prover educação de qualidade para que as pessoas busquem empregos com salários mais altos e melhorar a qualidade de vida são agendas essenciais para o Brasil.

Apresentando dados sobre o endividamento populacional, a economista afirma que chegamos, recentemente, a patamares recordes, e é possível notar que as famílias estão segurando gastos para reequilibrar as contas domésticas.

ECONOMIA GERAL BRASILEIRA

De forma parcialmente otimista, Zeina relata que existem sinais mostrando que em breve poderemos respirar mais aliviados. “Hoje temos um quadro econômico que poderia ser melhor, mas onde há um crescimento modesto”, pontuou.

Apesar de, por vezes, traçar alguns comparativos internacionais, Zeina reforça que é preciso enxergar as particularidades do Brasil e lista dois exemplos. O primeiro, a respeito a uma característica interessante do nosso país. Segundo ela, há um descolamento do comércio varejista com relação ao resto da economia quando se traçam análises econômicas. “Esse descolamento ocorre por fatores estruturais como mudanças de costumes e opção por maior consumo de serviços, mas também existem fatores conjunturais como o fraco ritmo de crescimento e a piora da distribuição de renda”, comentou.

Outro ponto destacado por Zeina refere-se à necessidade de identificar as diferenças regionais. “Pernambuco tem, por exemplo, uma taxa de desemprego de 14%. Enquanto isso, em Rondônia, não passa de 2,5%. Nas regiões do agronegócio, se aproxima de 5%. Por qual motivo as pessoas por aqui não estão migrando em busca de oportunidades melhores?”, questiona. Segundo ela, as diferenças de taxas de emprego no Brasil são maiores do que em toda a Europa.

Por fim, durante o debate promovido entre Zeina; o presidente da ABAD, Leonardo Miguel Severini; José Rodrigues da Costa Neto, do Grupo JC Distribuição; Paulo Solmucci Júnior, presidente-executivo da Abrasel; João Carlos de Oliveira, presidente da GS1; e Rubens Batista, CFO do Grupo Martins; a especialista entrou em mais alguns fatores que impactam a economia brasileira diretamente. “A competição, no nosso país, é afetada pela falta de políticas orizontais e pelo custo Brasil altíssimo, gerando insegurança jurídica.

Sofrem, principalmente, as pequenas e médias empresas que têm dificuldades para entrar no mercado e, posteriormente, para sobreviver, declarou. Sobre a reforma tributária, tema amplamente discutido durante o painel político, Zeina enfatizou que uma reforma que reduza a cumulatividade é importantíssima para a indústria e o investimento em reformas horizontais é até mais importante do que uma política industrial.

Hoje temos um quadro econômico que poderia estar melhor, mas há um crescimento modesto


ZEINA LATIF, economista

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