ENCONTRO DE VALOR ABERTURA

Ação e Movimento

O Encontro de Valor de 2023 reuniu cerca de 500 pessoas no Clube Monte Líbano, na capital paulista. Na pauta, debates, homenagens e apresentação dos próximos passos da entidade

por Ana Paula Alencar

A edição 2023 do Encontro de Valor ABAD, realizada dia 27 de novembro no Clube Monte Líbano, em São Paulo (SP), reuniu 500 pessoas, entre elas os principais executivos do setor atacadista distribuidor do país, em um evento com debates políticos e econômicos, premiações e homenagens. “O tema do Encontro de Valor deste ano é Ação e Movimento, pois estamos em constante busca por novas ideias, tendências e ações disruptivas que possam guiar nossos associados em meio a uma realidade cada vez mais complexa”, disse Leonardo Miguel Severini, presidente da ABAD, ao dar boas-vindas a todos os participantes e abrir o evento.


No Clube Monte Líbano, 500 pessoas estiveram no evento anual

MOMENTO POLÍTICO

O debate político era um dos momentos mais aguardados da edição 2023 do Encontro de Valor da ABAD. Com parlamentares e líderes setoriais, o painel teve como foco a reforma administrativa, porém adentrou outros temas de impacto direto na cadeia de abastecimento. Participaram da discussão comandada por Alessandro Dessimoni, coordenador da agenda política da ABAD, o presidente e o vice-presidente da Associação, Leonardo Miguel Severini e Juliano Faria Souto; o senador Efraim Filho, que é presidente da Frente Parlamentar do Comércio e Serviços (FCS) no Senado; os deputados Domingos Sávio, que preside a FCS na Câmara, e Da Vitória, presidente do Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Cedes); João Galassi, presidente da União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS); João Henrique Hummel, assessor parlamentar da Action Relações Governamentais; e o prefeito de Poços de Caldas, Sérgio Antônio Carvalho de Azevedo.

O primeiro tema abordado pelo grupo foi o fortalecimento do Congresso Nacional, explicado por Hummel. “Hoje vemos que o Congresso tem capacidade inclusive de tirar excessos advindos do Poder Executivo”, disse. Para exemplificar, Filho falou sobre a atuação dos parlamentares freando a sanha arrecadatória do atual governo. “Vimos o projeto do arcabouço fiscal (PLP 93/23) ser aprovado, porém, com as devidas moderações. Houve, também, a portaria do governo federal sobre a restrição de trabalho aos domingos e feriados, que foi suspensa com agilidade pelo Congresso para uma melhor avaliação”, explicou.

Entre os outros temas que impactam a cadeia de distribuição e aguardam o posicionamento de deputados e senadores estão a tributação de offshores, incentivos fiscais e desoneração da folha de pagamento, tema em que Efraim foi taxativo: “Não desonerar a folha é um crime contra o Brasil”. O argumento do deputado enfatiza que vetar a desoneração eleva o custo do emprego, já que contratar fica mais caro, e reduz as chances de crescimento dos negócios, da abertura de filiais e de novas vagas de trabalho. Nesse quesito, Sávio afirma que há uma movimentação de urgência sendo feita. “Vamos brigar para que esse assunto esteja na pauta da próxima quinta- feira para que consigamos derrubar o veto presidencial”, pontuou.

Outro ponto de questionamentos foi o PL 116/2023, que veda a incidência do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) nos casos de transferência de mercadoria entre estabelecimentos do mesmo contribuinte. “Isso nos preocupa, pois muitos dos nossos associados estão em mais de um estado, além do que fere o princípio constitucional de não cumulatividade do ICMS”, explicou Severini.


No evento foi debatido o atual momento do Brasil e do setor

Temos de agradecer pelo movimento de participação mais efetiva da ABAD na

JULIANO FARIA SOUTO, empresário

EQUILÍBRIO FISCAL E REFORMA TRIBUTÁRIA

Não desonerar a folha é um crime contra o Brasil


DOMINGOS SÁVIO, deputado federal

Outro tema bastante enfatizado pelos debatedores do painel político foi a necessidade de o país buscar o equilíbrio fiscal. Dentro desse contexto, houve menções à reforma tributária. Os parlamentares reconhecem que o atual modelo do Brasil está obsoleto, gerando impactos negativos na produtividade do país.

Além de uma reforma tributária, o equilíbrio fiscal pode advir de outras maneiras, como defende o senador: “Existem várias medidas que o governo pode adotar atuando também na avaliação da despesa, da qualidade do gasto e da redução do custo que abre folgas orçamentárias para novos investimentos”, comenta. E, quando se pensa na máquina pública, há pensamentos divergentes que precisam ser conversados e compreendidos.

Sérgio Azevedo, que está prestes a completar seu segundo mandato seguido como prefeito de Poços de Caldas (MG), questiona como ficará o repasse de verbas aos municípios quando for implementado o IVA.

RELACIONAMENTO

O que os painelistas defendem é que o setor atacadista e distribuidor precisa se posicionar junto aos líderes parlamentares para que as demandas setoriais sejam ouvidas.

“Quem sente a dificuldade de criar riqueza e gerar emprego de qualidade são as sociedades e os empresários. Mas quem tem o poder para prover mudanças são os parlamentares. Temos, então, uma janela de oportunidade única na história brasileira de tornar essa parceria mais próxima, mais agregada. É o momento ideal devido a essa consolidação do Congresso Nacional”, disse Hummel.

Por parte da ABAD, Juliano afirma que essa estrutura está sendo criada. “Temos de agradecer pelo movimento de participação mais efetiva da ABAD na política. Sentimos que, hoje, todas as nossas 27 afiliadas e seus componentes estão sempre presentes nas demandas, cumprindo esse novo modo de pensar do empresário que não precisa ser político, mas precisa fazer política”, declarou.

Esse relacionamento amistoso também precisa ser refletido dentro do Congresso para que as pautas importantes que levam o país rumo ao progresso sejam debatidas com coerência e sem pessoalidades.

O evento teve o patrocínio das empresas: Aeroflex, Bettanin, Blue3, BRF, Condor, Diageo, Luminae, GS1 Brasil, Heineken, Nestlé, Singulare, Skyone, Totvs, Volks e Ypê. Apoio: Anufood, Mtrix, Skopos, VCT e NTK


Manoel Severini e o neto Leonardo, duas gerações presentes

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