Eles fazem parte da cesta de compras das famílias brasileiras e ocupam lugar de destaque no mercado brasileiro. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (Abipla), hoje, o Brasil é o quarto maior mercado de produtos de limpeza do mundo e um dos países com maior potencial de crescimento, tanto que a previsão da Euromonitor International é que o consumo de saneantes no Brasil cresça 35% até 2027.
“Atualmente, o consumo nacional só é menor do que o dos Estados Unidos, da China e do Japão; e o faturamento anual das empresas do setor é de R$ 32 bilhões, com 92 mil empregos gerados diretamente”, comenta Paulo Engler, diretor-executivo da Abipla.
Segundo ele, a alta na produção acumulada do setor desde 2018 foi 160% maior que o crescimento geral da indústria no mesmo período, segundo dados da PIM – Pesquisa Industrial Mensal, divulgada pelo IBGE.
“Em números, enquanto a indústria brasileira cresceu pouco menos de 2% nos últimos cinco anos, o setor de saneantes acumulou evolução de 5,2%.
Podemos ver que se trata de um setor muito robusto, composto por um mix de empresas de diferentes tamanhos, mas que se retroalimentam, com empresas pequenas muitas vezes fornecendo produtos e insumos para empresas maiores, o que faz com que, de modo geral, seja uma categoria que opere de forma muito consistente”, avalia Engler.
EVOLUÇÃO
O mercado de limpeza doméstica no Brasil passou por inúmeras evoluções, que influenciaram tanto a oferta quanto a demanda, tais como: a procura por produtos de limpeza mais sustentáveis; de desinfecção atrelado ao aumento da preocupação com a saúde e bem-estar, reflexo da pandemia de Covid-19; de produtos com novas tecnologias embutidas, que garantem alto desempenho e praticidade; de multifuncionais, que economizem tempo e sejam mais eficientes na limpeza.
“Os consumidores consideram vários critérios ao escolher produtos de limpeza, como preço, eficácia na remoção da sujeira, facilidade de uso e versatilidade, além de reputação da marca, recomendações de outros consumidores e sustentabilidade. Em minha percepção, a fidelidade às marcas pode variar tanto de pessoa para pessoa, quanto por categoria de produtos, não existe uma regra.
Mas acredito que os consumidores estão cada vez mais propensos a experimentar novidades, especialmente quando elas trazem inovações e melhores preços”, comenta Marcio Briz Amuri, diretor nacional de vendas na Ypê.
O faturamento anual das empresas do setor é de R$ 32 bilhões, com 92 mil empregos gerados diretamente, segundo a Abipla
Antes da pandemia, havia uma tendência de crescimento de produtos mais sofisticados e tecnológicos, como produtos multiuso, em embalagens compactas, perfeitas para o consumo nas grandes cidades, com espaços de moradia cada vez mais reduzidos.
A pandemia elevou a demanda por produtos de limpeza e sanitização tradicionais, como sabão em barra, água sanitária, vassouras, sacos de lixo e desinfetantes. Nos períodos de quarentena, cresceram as linhas voltadas à higienização e a praticidade, como sabões líquidos e detergentes para lavar louças em máquinas.
“Houve também a chegada de novos produtos ao mercado. Atualmente, todo esse mix (limpeza básica, produtos tecnológicos, práticos e lançamentos) tem boa demanda, especialmente porque o brasileiro se conscientizou que manter ambientes e objetos limpos é uma grande forma de prevenção de contaminações”, completa Engler.
Segundo ele, desinfecção, limpeza perfumada e os produtos multiuso, que estão cada vez mais sofisticados, são as categorias que mais se destacam no universo de produtos de limpeza. “Há grande espaço também para os saneantes que utilizam matérias-primas e embalagens sustentáveis, seja por meio de recipientes reciclados ou fórmulas com maior biodegradabilidade.
Produtos com novas gerações de enzimas e probióticos de limpeza também devem ganhar espaço nos lares brasileiros nos próximos anos”, afirma.
Vale dizer ainda que, nos últimos cinco anos, o mercado brasileiro de limpeza doméstica passou por significativas evoluções, impulsionadas pelas mudanças no comportamento do consumidor, principalmente a partir da conscientização ambiental e da busca por praticidade.
“Eficiência na limpeza, fragrância, custo-benefício, inovações e produtos eco-friendly são alguns dos principais critérios de escolha na hora da compra no supermercado. Pesquisas recentes mostram que boa parte dos consumidores de produtos de limpeza está aberta a mudar de marca e em busca de novidades nas gôndolas.
A mudança pode ocorrer quando, por exemplo, o consumidor não está satisfeito com o preço do produto que costuma comprar ou quando é convencido de que o produto de outra marca pode agregar mais”, comenta Cláudia Bandeira, gerente de marketing da Limppano.
PORTFÓLIO E TENDÊNCIAS
Com os consumidores cada vez mais atentos à relação que as empresas têm com o meio ambiente, a tendência é que as companhias invistam em embalagens com menos plástico e contribuam para a logística reversa de pós-consumo.
“As preferências individuais dos consumidores também têm sido consideradas pelo mercado, levando a uma maior oferta de produtos de limpeza com diferentes fragrâncias. O cheiro de produtos de limpeza é sempre associado a um ambiente limpo e fresco”, comenta Cláudia Bandeira.
Para ela, o grande desafio, tanto da indústria quanto do varejo, é trazer para o consumidor produtos que facilitem o dia a dia. “As pessoas têm cada vez menos tempo para cuidar da casa e, por isso, é preciso focar em produtos que tragam certa praticidade. Em outros segmentos, o mais comum é o fator preço ser o que mais pesa na decisão de compra.
Já no mercado de produtos de limpeza, esse cenário muda: os consumidores costumam decidir mais (65%) pela qualidade do produto”, diz. O consumidor brasileiro é bastante exigente com a limpeza: ele se preocupa muito com o cheiro de limpeza na casa e no banheiro, gosta de roupas bem limpas e perfumadas, louças brilhando e sempre busca por novidades.
“Por isso, no mercado de home care, é fundamental estar antenado às inovações, oferecer amplo sortimento, benefícios variados e fragrâncias que conquistem.
Trazer lançamentos constantes e oferecer uma ampla gama de produtos para os varejistas é estratégico. É essencial deixar os produtos bem expostos e contar com mix assertivo, com promopacks e linhas variadas para diferentes cuidados com a casa e com as roupas”, afirma Samir Jarrouj, diretor de negócios da Unidade Home Care da Flora.
Ele ainda afirma que outro diferencial para incrementar as vendas é trabalhar bem o PDV. “Investir em visibilidade com pontos extras, ilhas, pontas de gôndola e material de ponto de venda é fundamental para impulsionar um lançamento.”
Investir em visibilidade com pontos extras, ilhas, pontas de gôndola e material de ponto de venda é fundamental
SAMIR JARROUJ, diretor de negócios da Unidade Home Care da Flora
Manter o varejo informado sobre novos lançamentos, mudanças nas formulações e atualizações é essencial para garantir que eles ofereçam sempre os produtos mais recentes aos clientes, além das principais marcas. E isso é algo que o setor atacadista distribuidor pode fazer e bem feito.
“Além disso, os atacadistas podem fornecer informações importantes, como tendências de mercado, preferências do consumidor e desempenho de produtos, ajudando na tomada de decisão do que se incluir no estoque”, destaca Cláudia.
Ela ainda fala que um portfólio abrangente permite atender às diversas necessidades e preferências dos clientes de acordo com o perfil de cada região.
“Oferecer uma variedade de soluções amplia o alcance da empresa no mercado, atendendo a diferentes perfis de consumidores e ajudando a fidelizar clientes”, completa.
35% é a previsão da Euromonitor International para o crescimento do consumo de saneantes no Brasil até 20
MIX ADEQUADO
O atacadista distribuidor pode ainda ajudar na escolha de um mix adequado, dar suporte no PDV e compartilhar informações e benchmarks para uma boa execução, otimizando vendas e rentabilidade.
“Além de contar as inovações que vêm acompanhando, compartilhar conhecimentos sobre os hábitos de consumo e as tendências do mercado”, destaca Jarrouj. Ele ainda conta que a Flora realizou uma pesquisa sobre hábitos e comportamento de higiene e limpeza, com mais de 500 respondentes, que mostra que a conexão emocional com fragrâncias ganha força.
Esse ativo foi apontado por 66% dos entrevistados como um dos principais fatores de escolha. “Os consumidores brasileiros estão sempre ligados em novidades/inovações. No momento da compra de itens de limpeza, a variedade é muito importante para eles.
Por ser um item da cesta básica de higiene, que sempre está presente nos carrinhos de compra, os consumidores gostam de experimentar diferentes produtos, de testar e ver novidades, sempre buscando por novas versões e fragrâncias, o que torna o sortimento completo tão fundamental nessa categoria”, revela.
Segundo ele, isso faz com que, na hora da compra, o shopper esteja aberto a experimentar novas marcas. Por isso, a importância de trazer portfólio completo com uma excelente execução em loja. “No ato da compra, 84% dos entrevistados possuem alguma marca em mente, porém 61% dos consumidores mudam de ideia no momento de tomarem a decisão”, conta.
