ENCONTRO DE VALOR CONVENÇÃO GAJS

Jovens em ação

O grupo reuniu 200 executivos, na faixa de 30 anos, do canal indireto, para debater questões importantes como sucessão e governança

por Ana Paula Alencar

O evento, realizado no Clube Monte Líbano, em São Paulo, promoveu uma intensa programação com

técnicos sobre governança, sucessão, tecnologia e dinâmica familiar, além de uma palestra magna conduzida pelo CEO do Grupo Boticário, Fernando Modé. “O associativismo é uma baita fortaleza no nosso setor”, declarou Patrícia Turmina, presidente do GAJS, na abertura do evento.

Sucesso não é fruto do trabalho árduo de cada empresa individualmente, mas da colaboração de todos unidos. Nossa força, como grupo, é exponencialmente maior e é isso que nos coloca na vanguarda do mercado”, acrescentou.

Também participaram da abertura membros da diretoria do GAJS que, ao longo da convenção, apresentaram os palestrantes. Estiveram presentes Oberdan Zamboni Garcia, Celso Luiz Tozzo, Pedro Paulo Amorim Vieira, Franco Astória, Carolyne Dal Berto e Mariana Triches Reisdorfer. Após a apresentação do Grupo Boticário, foi a vez de Alessandro Dessimoni, sócio da Dessimoni e Blanco Advogados, falar sobre governança corporativa, e de Daniela Teixeira, administradora de empresas especialista em sucessão da Family Advisory, enfatizar os processos de sucessão familiar em sua palestra.

Dois painéis de debates também foram realizados. O primeiro, sobre tecnologia, contou com Fernando Inácio da Costa, do Grupo Vila Nova; Heloisa Glad, principal executiva da Kenvue; Paulo Angerami, da Zeta Dados; e Mariana Triches, da Esmeralda Distribuidora. O segundo, específico sobre dinâmica familiar, reuniu Gustavo Bartolomeu, do Grupo Tambasa; Lucas Pereira, do Grupo Bate Forte; Elidijani de Medeiros Macedo, da Distribuidora Medeiros; e Carolyne Dal Berto, da DisDal Distribuidora.

O encerramento do evento foi realizado pelo presidente da ABAD, Leonardo Miguel Severini, que parabenizou o GAJS e enfatizou que o dia foi de muito aprendizado.

“Temos de olhar cada vez mais para longe, no sentido da perpetuidade. E só construímos perpetuidade firmando boas relações com nossos sucedido”, disse.


Diretoria atual do grupo de jovens executivos

Antes de abrir o happy hour que estava programado, foi realizada uma premiação às filiadas que mais trouxeram participantes para a convenção: o Sincades (Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Estado do Espírito Santo), a Apad (Associação Piauiense de Atacadistas e Distribuidores) e a Aderj (Associação de Atacadistas e Distribuidores do Estado do Rio de Janeiro). Entre as palestras, os patrocinadores da convenção tiveram a oportunidade de apresentar seus serviços e soluções.

PALESTRAS

A palestra magna da 6ª Convenção Nacional do GAJS foi comandada por Fernando Modé, CEO do Grupo Boticário, que apresentou o histórico da companhia através de uma linha do tempo e enfatizou dois importantes pontos para a construção de uma empresa sustentável e eficiente: metaplanejamento e foco nos valores. Logo no início de sua apresentação, Modé reforçou um conceito que vem sendo muito utilizado no mundo dos negócios e remete ao Mundo VUCA (volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade).

Segundo o executivo, hoje vivemos essa realidade onde tudo muda muito rápido, o que exige, das corporações, uma ampla capacidade de adaptação. “Em um mundo volátil como o que enfrentamos hoje, o ponto de chegada sempre é móvel. Por isso devemos nos fixar naquilo que não muda: os valores que nos trouxeram até aqui e nos levarão adiante”, exaltou. O tema está totalmente vinculado à temática principal do evento, que são estratégias de sucessão, onde é preciso ajustar as expectativas tanto dos sucessores quanto daqueles que são sucedidos.

Esse, aliás, foi um dos assuntos abordados por Modé durante a palestra. Na ocasião, o CEO do Grupo Boticário mencionou a importância de dar a devida atenção aos dois lados. “A mudança de geração sempre é um ponto crítico. Programas bons de sucessão são aqueles que preparam o sucessor, mas também o sucedido, encontrando, para ele, um novo espaço para sua trajetória dentro da empresa”, mencionou.

Devemos nos fixar no que não muda, os valores que nos trouxeram até aqui e nos levarão adiante


FERNANDO MODÉ, CEO do Grupo Boticário

GOVERNANÇA

Governança foi um dos temas abordados na programação. A palestra técnica, comandada por Alessandro Dessimoni, sócio da Dessimoni e Blanco Advogados, trouxe detalhes do case da Americanas, companhia que devido a fraudes entrou em recuperação judicial. O executivo também apresentou, aos jovens sucessores presentes, uma importante métrica para autoavaliação corporativa que está disponível gratuitamente no portal do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). Ao introduzir o assunto, Dessimoni relembrou como a temática passou a fazer parte do mercado corporativo.

Em 2004, a ONU (Organização das Nações Unidas) lançou um pacto global que estabeleceu metas ambientais, sociais e de governança que deveriam ser perseguidas pelo mundo para serem alcançadas até 2030. “A história começou lá atrás e ainda temos um desafio gigantesco, pois falta pouco tempo. Porém, o mercado entende que práticas de governança tornam nossos negócios mais perenes, valiosos e com longevidade. Não temos dúvidas quanto à importância de exercer essas práticas”, pontuou.

O mercado entende que práticas de governança tornam nossos negócios mais perenes, valiosos e com longevidade


ALESSANDRO DESSIMONI, advogado

PROCESSO SUCESSÓRIO

Como é elaborado um processo de sucessão que contribuirá com a manutenção de sucesso das empresas? Para tratar do assunto, Daniela Teixeira, administradora de empresas da Family Advisory e especialista em sucessão, abordou o tema em sua palestra no evento. A primeira recomendação da empresária foi a personalização. Segundo ela, é importantíssimo reconhecer que não há uma solução padrão para os processos de sucessão. “Cada família terá uma solução com base em suas características, desafios, necessidades e possibilidades”, pontuou. Quando se observa os índices relacionados às empresas familiares – que representam 90% das companhias brasileiras, 65% do PIB e 75% da força de trabalho -, cria-se uma preocupação alta quanto à forma que a sucessão vem sendo feita no país. De acordo com Daniela, apenas em 33% das empresas, a passagem de bastão da primeira para a segunda geração é bem-sucedida.

Quando seguimos para a mudança da segunda para a terceira geração, esse percentual cai para 19% e, da terceira para a quarta, cai para 7%. Além disso, apenas 28% das empresas familiares têm processos de sucessão para cargos-chave. Na sequência, Daniela deu início a explicações diretas de como se constitui um bom processo de sucessão que perpetua missão e valores da família. “É muito importante ouvir os membros ou, no mínimo, todos os núcleos familiares, e criar um alinhamento entre eles para que todos os interesses sejam alcançados”, declarou.

Para finalizar, Daniela listou seis aspectos essenciais de uma transição bem-sucedida, sendo eles valores, propósito, comunicação, formação, olhar para o indivíduo e processo.


Daniela Teixeira, administradora de empresas da Family Advisory, abordou o tema sucessão

TECNOLOGIA

O painel de tecnologia trouxe especialistas para debater como a tecnologia está impactando a cadeia de distribuição e quais os desafios enfrentados pelos stakeholders do setor. Moderada por Mariana Saviatto, diretora do GAJS, a discussão recebeu Fernando Inácio da Costa, head de inovação e digital do Grupo Vila Nova; Heloisa Glad, vice-presidente comercial e managing director da Kenvue; e Paulo Angerami, CEO da Zeta Dados. Um dos pontos de convergência de opiniões no debate diz respeito à velocidade com que a tecnologia avança, porém nem sempre os setores estão aptos a acompanhar essa agilidade. “Observamos que muitas indústrias ainda não estão prontas para absorver o avanço tecnológico, pois o básico não está bem feito.

Há uma armadilha de querer passar por cima do essencial para buscar a sofisticação”, comenta Heloísa. Esse apontamento também fica claro na visão de Angerami quando ele avalia o uso de dados no mercado todo.

“Em 2025, teremos cerca de 175 zettabytes de dados disponíveis. Mas temos de entender que, hoje, só usamos 10% das informações que temos na mão. É como ter uma Ferrari e não aproveitar todo o seu potencial”, exemplifica. Durante o painel, foi derrubada, também, uma teoria que ainda circula quando o assunto é a substituição do trabalho humano por tecnologia. Para Costa, é justamente o oposto. “Quando a gente entra no mundo da tecnologia no varejo, começa a ver que é muito complexo e cada vez mais dependemos de pessoas e de processos adequados”, disse.

DINÂMICA FAMILIAR

O último painel trouxe a temática da dinâmica familiar para o palco. A proposta era compartilhar cases de sucesso de transição geracional, visto que as dores e os desafios enfrentados pelas companhias nesse momento de troca de lideranças muitas vezes são similares. Para esse debate, moderado por Carolyne Dal Berto, diretora do GAJS, foram convidados Lucas Pereira, diretor de marketing, canais digitais e atacado do Grupo Bate Forte; Gustavo Bartolomeu Reccihioni, do Grupo Tambasa; e Elidijani de Medeiros Macedo, da Distribuidora Medeiros.

Em comum, todos enfrentaram processos de transição geracional em suas empresas. O primeiro a contar sua história foi Lucas Pereira, que enfatizou que o Grupo Bate Forte foi criado por um casal muito simples, mas com uma grande visão estratégica sobre a potencialidade do negócio. Esse casal teve sete filhos, 12 netos e 15 bisnetos, o que foi tornando a dinâmica familiar muito complexa ao longo dos anos. Pereira é da terceira geração da companhia e cresceu fora dos negócios, assim como todos os seus primos.

Quando os fundadores tomaram a decisão de abrir a empresa para a chegada da terceira geração, imediatamente convocaram uma consultoria especializada em sucessão familiar, sugestão ratificada

veementemente por Pereira. “Quem for fazer esse trabalho de transição, converse muito, pois existem muitas possibilidades no mercado e cada pé tem o seu sapato”, declarou.


O último painel trouxe a temática da dinâmica familiar para o palco

Reccihioni complementa: “Entre os primos, muitas vezes nem sequer conhecemos seus perfis. Para vencer essa dificuldade, o Grupo Tambasa também contratou uma consultoria especializada em transição geracional, que propôs uma interessante dinâmica. O que ele explica é que a quarta geração foi convidada a demonstrar interesse em ingressar na companhia.

Os interessados passaram por um processo seletivo e aqueles selecionados foram anonimizados e tiveram seus perfis levados à diretoria para escolha. Para Elidijani, a chegada dos sucessores deve ser sempre embasada em humildade e em reconhecimento ao esforço e atuação dos sucedidos, visto que os valores e princípios por eles estabelecidos levaram a empresa até o momento atual.

“Nesses mais de 20 anos, em nenhum momento eu deixei de pegar nas mãos dos meus pais e de tratá-los como conselheiros, aproveitando a sabedoria da minha mãe e a visão estratégica do meu pai”, finalizou a executiva.

O evento teve o patrocínio das empresas: Dessimoni & Blanco Advogados, Fusion, Ion Sistemas, Máxima Tech, Sup#Pay, Temsi, Totvs, Volks. Apoio: Condor, Dalla Cervejaria e VCT.

Temos de olhar cada vez mais para longe, no sentido da perpetuidade


LEONARDO MIGUEL SEVERINI, presidente da ABAD

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