As mudanças no perfil de consumo são um desafio e tanto para a indústria, para o atacado distribuidor e também para o varejo. Rotineiramente surgem novas necessidades de compras e perfis de shoppers. Quando se olha para o universo masculino, um leque se abre, porém são as categorias de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos que ganham destaque.
“Oferecer serviços rápidos para os homens, como jornadas de “click and collect” em que eles possam comprar pela internet e ir à loja apenas para retirar seu produto ou, ainda, agrupar o máximo de produtos em uma única sessão dentro da loja, respeitando a missão de compra, pode gerar uma maior satisfação na experiência de compra e, consequentemente, aumentar o lucro da loja”, comenta Roberto Vautier, especialista em varejo e consultor da AGR Consultores.
Segundo ele, o atacadista distribuidor dispõe de uma série de informações de venda para consumidores, com perfis similares que podem servir de norteadores de uma compra mais assertiva. “As tendências de consumo vão formatar as compras dos varejistas e com isso alimentar uma base rica de informações que deve ser bem trabalhada pelo atacadista. Esses dados, se bem trabalhados, se tornarão um diferencial competitivo tanto para o atacado quanto para o varejo (cliente)”, comenta.
Vale dizer ainda que o setor brasileiro de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos fechou 2022 com crescimento em valor de vendas ex-factory de 13,2%, segundo o Painel de Dados de Mercado da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).
“Observamos que tradicionalmente, a perfumaria masculina está entre os Top 5 itens mais procurados pelo consumidor. Nos últimos anos, percebemos um maior interesse do público masculino por cuidados pessoais, criando rotinas de autocuidado em prol de melhor qualidade de vida e bem-estar. A popularização das barbearias é, por exemplo, um reflexo disso. Esses hábitos colocaram o Brasil na 2ª posição mundial em consumo de produtos masculinos, de acordo com dados da Euromonitor de 2022 e presentes no Panorama do Setor da ABIHPEC”, conta João Carlos Basílio, presidente- executivo da ABIHPEC.
Ainda de acordo com Basílio, por coincidência ou não, o Brasil também ocupa a mesma posição em vendas de fragrâncias e desodorantes, produtos comumente presentes na cesta de cuidados pessoais dos homens. “A categoria preparações para barbear* apresentou um crescimento de 7,5% em valor de vendas (ex-factory) em 2022, em comparação ao mesmo período de 2021, considerando: Espuma de barba aerossol; Creme de barbear bisnaga; Cremes e loções pós-barba; já perfumaria masculina apresentou alta de 20,7% em valor de vendas (ex-factory) em 2022, em comparação a 2021”, conta.
RELAÇÃO CUSTO BENEFÍCIO Uma das categorias mais emblemáticas para o público masculino é a de lâminas para barbear. E, além das marcas preferidas, o shopper também valoriza a relação custo-benefício dos produtos e nesse cenário destacam-se os packs.
“Adquirir a disponibilidade dos packs com várias unidades e itens diferentes além da lâmina é entregar ao consumidor uma experiência macro dos produtos. Para o varejo, a força dos packs é essencial, uma vez que permite ao consumidor ter o acesso à experimentação de alguns produtos da marca, além de ser um ótimo custo-benefício para famílias e membros que moram juntos”, destaca Luís Siqueira, diretor sênior de marketing de Gillette Brasil. Siqueira destaca ainda a importância do canal indireto, que consegue levar os produtos a locais onde a malha logística da indústria não chega.
O mercado de cosméticos e produtos de beleza voltados para homens segue em alta e a previsão é que o setor movimente até US$ 78,6 bi em 2024, de acordo com a consultoria Research & Markets. O Brasil é um dos principais consumidores nesse setor, representando 13% do mercado global de beleza masculina, segundo dados do Euromonitor.
O mercado de sabonetes indicados para homens tem crescido a cada ano. Por isso, quem deseja ter bons resultados precisa incluir as opções indicadas para os homens no seu mix. “Para os homens, cuidado significa, em primeiro lugar, com 68% das respostas, atitude de prevenção, seguida por rotina de higiene, apontada por 58% dos respondentes (Opinion Box para Flora). As marcas devem ter essa percepção masculina do cuidado, oferecerem produtos masculinos de qualidade e com os principais benefícios procurados por eles”,revela Samir Jarrouj, diretor de negócios da Unidade Home Care da Flora. De acordo com Jarrouj, a linha de sabonetes masculinos representa quase 40% do total de vendas da marca.
MAIS SAÚDE E ainda falando de cuidados, nesse caso com a saúde e não com a beleza, a categoria de preservativos tem muito espaço para crescer tanto no varejo como no canal indireto. Segundo Verônica Garcia, gerente de marketing de Blowtex, esses canais representam 87% das vendas na categoria, de acordo com a última leitura Nielsen. Já em alimentar, o segmento responde por 13%.
“Pouco a pouco o varejo também está abrindo mais espaço para os preservativos no ponto de venda. E para aproveitar esta oportunidade os produtos devem estar organizados por marca e por tipo, para facilitar a identificação por parte dos consumidores. Desta forma, as marcas premium devem ser colocadas primeiro, seguidas das marcas tradicionais. Os produtos que mais vendem devem estar bem expostos, já que eles são a porta de entrada para gerar vendas. Assim, com produtos bem expostos, gôndolas sempre abastecidas e material de apoio para exposição, o giro é impulsionado e as vendas aumentam”, orienta.
