Oportunidade

Uma tendência que veio para ficar

O mercado dos alimentos saudáveis está cada vez mais amplo, devendo crescer mais 27% até 2025

Por Adriana Bruno

A busca, pela população, por um estilo de vida saudável foi o gatilho necessário para impulsionar ainda mais um mercado em expansão, que, além disso, está ampliando cada vez mais o leque de produtos oferecidos diariamente nos pontos de venda de todo o Brasil.

De acordo com dados fornecidos pelo Euromonitor International, provedor de pesquisas de mercado, o setor cresceu 33% de 2015 a 2020, e tem-se a expectativa de que crescerá mais 27% até 2025. Além dessa importante informação, o Euromonitor indicou que a indústria de bebidas e alimentos saudáveis passou de 75 bilhões de reais em 2015 para 100,2 bilhões de reais em 2020, e deverá chegar a mais de 127 bilhões de reais em 2025.

Segundo o Euromonitor, a indústria considera não apenas os alimentos naturalmente saudáveis ou orgânicos, mas também os que são fortificados ou adicionados com ingredientes que os tornam ainda mais saudáveis.

“Essa é uma tendência que veio para ficar, tendo, inclusive, sido intensificada pela pandemia. De acordo com um estudo realizado pela Mintel, 89% das pessoas se dizem preocupadas com a saúde e o bem-estar, e isso se reflete diretamente na alimentação: as pessoas estão adotando hábitos alimentares mais saudáveis”, comenta Marianna Breda, gerente de Marketing da Linea Alimentos. Por exemplo, o consumo de produtos sem adição de açúcar está crescendo cada vez mais, diz. “De acordo com pesquisas recentes, 75% dos brasileiros mencionaram que pretendem consumir opções de alimentos mais saudáveis depois da pandemia, 45% da população global afirma que vai reduzir a ingestão de açúcar como escolha por uma alimentação mais salubre e 46% dos brasileiros procuram snacks saudáveis entre as refeições (FMCG Gurus 2020, MasterSense 2020, Mintel 2020)”, revela Marianna.  

Segundo ela o pequeno varejo encontra no distribuidor seu norte para orientá-lo sobre como deve abastecer seu negócio. “Sabendo disso, o distribuidor pode, recorrendo ao seu próprio sortimento, orientar o varejista sobre como funciona o consumo de determinada categoria. Ao encontrar junto ao distribuidor diferentes produtos com suas principais novidades, ele pode entender melhor quais as demandas que seu consumidor requer”, comenta Marianna. Ainda de acordo com ela, a indústria desempenha um papel fundamental em todo esse processo, pois investe constantemente em estudos, análises e ideias que proporcionam ao shopper melhores experiências, colaborando poderão, ou não, ser indesejáveis (aquelas quantidades que, até há relativamente pouco tempo, muitas vezes, passavam batido, pois o consumidor não se preocupava sequer em entender os significados que tinham para uma alimentação bem balanceada), constituem agora uma vigorosa tendência nesse mercado, e que veio ao encontro, provocando tantas mudanças, dos hábitos de consumo dos brasileiros.

“Este período de  incertezas também leva o consumidor a voltar os olhos, em primeiro lugar, para os preços dos alimentos, e só depois para sua qualidade”, avalia Murilo Spada, coordenador da marca Dona Raiz.

Com a necessidade do isolamento social, tanto a indústria como o comércio, observando mudanças nos hábitos alimentares do consumidor, tendem a incorporá-las em seus produtos. Uma das principais dessas mudanças é a da busca por escolhas mais equilibradas ​​e nutritivas no dia a dia. “Passando mais tempo em casa, eles têm mais oportunidades de manter mais controle sobre o que consomem e como compor seu cardápio diário. Uma pesquisa realizada em 2020 pelo Instituto Nielsen mostrou que 83% dos consumidores declararam já possuir pelo menos um hábito saudável”, comenta Cecília Dias, diretora de Marketing da PepsiCo Brasil.  

Outra mudança de comportamento do consumidor atual é sua progressiva familiarização com a leitura das rotulagens. “O consumidor está buscando conhecimento sobre o que está efetivamente comprando e consumindo. É uma tendência mundial que o Brasil está acompanhando”, comenta Juliana Paes, diretora de P&D da Superbom.

Para ela, a maior dificuldade enfrentada pelo pequeno e médio varejo é a da pulverização do mix que é comprado  diretamente das fábricas por causa da exigência de uma  quantidade mínima de compras, o que pode limitar esses varejos menores em sua variedade oferecida.

“Nesse momento entra em ação o papel importante do atacado distribuidor, que tem condições para oferecer quantidades menores, abastecendo pontualmente esses clientes com um mix mais amplo”, diz. Juliana também destaca o fato de essa importância oferecer ao consumidor final mais condições de escolher o produto mais adequado às suas necessidades. 

Nova demanda

Por sua vez, Joice Catarina Sabatke, diretora de Recursos Humanos e de Marketing da Catarinense & Selfsy, acredita que as oportunidades para o segmento de alimentos e bebidas saudáveis são positivas, mas, para aproveitá-las, atacadistas e distribuidores precisam se conectar com essa nova demanda do mercado. “Por exemplo, neste período de pandemia, registramos um aumento de 230% em nosso kit de sucos funcionais. É uma prova de que a busca por produtos saudáveis já é uma realidade no País”, comenta.

Os produtos orgânicos também estão mais presentes do que antes na cesta de compras do consumidor e nas gôndolas, o que reforça a importância da variedade de produtos e de marcas nos pontos de venda.

“Atualmente, mesmo que a loja seja pequena, ela precisa ter um mix completo para segurar o consumidor. Ela não pode deixar o cliente sair de lá para ir comprar em outro lugar, pois, como o grande número de estudos sobre a psicologia do consumidor sempre ressalta, o fato de que um produto não ser encontrado põe em risco a possibilidade de ele não voltar, e esse risco é grande. Para ajudar a evitá-lo, entra em cena o atacado distribuidor, que permite que o varejo tenha acesso a um mix com melhores preços e na quantidade de que ele necessita”, afirmam Felipe e Rodrigo Carvalho, sócios da Positive Brands.

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