Entrevista - Marco Oliveira, CEO do Atacadão

Sem medo de avançar

Com 52 anos, Marco Oliveira assumiu o cargo de CEO do Atacadão em agosto passado. Confira as suas expectativas e ideias para a empresa

Por Claudia Rivoiro

FOTOS: EUGÊNIO GOULART

Marco Oliveira assumiu o cargo de CEO do Atacadão em agosto do ano passado com intimidade com o canal indireto, uma vez que  liderou  o processo de conversão das lojas Makro, que foram entregues em seis meses antes da previsão. Oliveira atua no Grupo Carrefour Brasil desde 1991, sendo que, nos últimos 14 anos, trabalhou no Atacadão, e liderou o projeto de aquisição da rede pelo Carrefour em 2006 e 2007, assumindo na sequência como controller financeiro da unidade de negócios, e no ano seguinte, como diretor-vice-presidente (CFO) da companhia. Em 2019, foi anunciado como diretor-vice-presidente Operacional Geral (COO), como parte de um planejamento estruturado de sucessão do então CEO, Roberto Müssnich. A seguir, as suas ideias, metas, desafios e como conduzirá a empresa que comemora os seus 60 anos de atividades no Brasil. 

Você assumiu o  cargo de CEO do Atacadão em agosto de 2021. Qual a sua missão mais importante frente ao Grupo neste momento de economia instável, de alta na inflação e de alta taxa de desemprego?  

O mercado de consumo brasileiro muda o tempo todo. Nosso grande desafio é estarmos preparados para isso. Entre as mudanças que nós já implementamos, está o plano de expansão que continua muito vigoroso e com ritmo acelerado de inaugurações nos últimos anos. Com isso, além da nossa oferta de preços mais competitivos, estamos levando um benefício extra para a sociedade com a geração de milhares de novos empregos em todo o País. Também temos como grande desafio para os próximos anos o e-commerce, que já está incorporado, com previsão de crescimento arrojado ano após ano. Nossa plataforma integra o canal de vendas do próprio Atacadão com uma operação de marketplace. Temos uma parceria com a Cotabest, nosso braço digital, além de parcerias com os aplicativos Rappi e Cornershop, que ampliam o nosso alcance para o consumidor final. Também por conta disso, temos um grande compromisso com o aprimoramento das nossas tecnologias, processos e questões que envolvem o ESG, que permeia toda a nossa estratégia de crescimento.

Há 21 anos, você entrou no Grupo, que está comemorando 60 anos em 2022. Um terço da história da empresa você conhece. O que pode falar sobre esse período? 

O Carrefour foi minha grande escola. Foi trabalhando em suas lojas ao longo de 12 anos que aprendi como funciona a operação da rede e a dinâmica do varejo. Aprendi a atuar na gestão de hipermercados e de toda a logística envolvendo produtos alimentícios, não alimentícios,  e hortifrútis, importados, entre outros. Quando fui para a matriz do Carrefour, onde trabalhei por mais cinco anos, tive a oportunidade de conhecer melhor a parte estrutural da empresa e a gestão do negócio, que é controlado pela matriz na França. Foi isso, aliás, que me proporcionou uma visão mais ampla da macrogestão do Grupo Carrefour. Ao vir para o Atacadão, pude trazer esse conhecimento, que era mais de varejo e não de cash & carry, e também absorver uma experiência maior de atacado, que é a essência do negócio do Atacadão. 

O Atacadão foi reconhecido pela ABAD com o prêmio de Maior Atacadista Nacional. O que representa para a empresa esse reconhecimento?

Ficamos todos muito contentes e satisfeitos pelo reconhecimento pela ABAD como “Maior Atacadista Nacional”. Nós trabalhamos intensamente no dia a dia para oferecer aos nossos clientes preços mais competitivos e comodidade na jornada de compra. Estamos presentes em todos os Estados do País, em mais de 170 cidades, com  252 unidades de autosserviço e 33 atacados de entrega.

De algum tempo para cá, muitos atacados têm se tornado multicanais. O Atacadão também compactua com essa diversidade?

Sim, nós acreditamos na integração dos formatos e por isso atuamos não apenas com as vendas nas lojas físicas, mas também com as vendas on-line. Enxergamos o nosso cliente de com amplitude de 360 graus, sem que exista barreira entre o físico e o digital. Há pouco mais de um ano, adquirimos 51% da CotaBest, startup referência no mercado de atacado on-line. Com tecnologia própria,  foi a responsável pelo desenvolvimento de todo nosso marketplace. Atualmente, contamos com mais de 300 sellers parceiros e cerca de 50 mil produtos, e chegamos a aproximadamente 5 mil cidades a partir dos nossos 33 atacados de entrega. Além do site focado no B2B, estabelecemos parcerias com os aplicativos Rappi e Cornershop. Nossa perspectiva é de que o formato continue crescendo gradativamente.

Como foram os dois anos de pandemia para o Atacadão? Qual a lição aprendida?

Notamos que houve mudanças no comportamento do consumidor, principalmente no início da pandemia. Os clientes passaram a buscar os produtos visando mais o preço, principalmente em decorrência da inflação alimentar. Além disso, muitas pessoas precisaram se reinventar e começaram, por exemplo, a empreender na cozinha. Com isso, o serviço de atacarejo também se tornou uma opção muito interessante. Outra tendência que foi possível observar, é que o consumidor passou a procurar mais alimentos frescos no atacarejo, além dos itens de saúde e higiene.

O consumidor está cada vez mais digital, buscando preço, variedade na gôndola e praticidade. O Atacadão comemora as suas seis décadas de olho nesse consumidor?

Sim, estamos sempre atentos ao comportamento dos consumidores e, inclusive, temos os clientes no centro das decisões estratégicas, esforçando-nos para oferecer o maior sortimento pelo menor preço. O modelo de negócio do Atacadão permite que a gente ofereça aos nossos clientes um amplo mix de produtos de qualidade a preços extremamente competitivos. Além disso, pelo fato de contar com parcerias exclusivas com diversos fornecedores, disponibiliza uma variedade de produtos. Assim, além de valorizarmos a cultura e os hábitos de alimentação locais, oferecemos oportunidades para que produtores e fornecedores locais cresçam e desenvolvam seus negócios junto com a gente.

Qual o perfil do consumidor que vai a uma unidade do Atacadão?

No Atacadão, atendemos diferentes tipos de consumidores e, por isso, atualmente atuamos em três formatos: as nossas lojas, também chamadas de unidades de autosserviço, recebem comerciantes, transformadores e consumidores finais para compras em atacado ou varejo. No atacado, a operação atende os clientes por meio de vendas diretas, feitas por meio de contato direto com o escritório de vendas, e por representantes de vendas, que visitam os clientes e fazem os pedidos. Mas no e-commerce a plataforma foi desenvolvida com o objetivo de oferecer mais comodidade e mostrar sempre o menor preço aos clientes, além de uma operação integrada com apps de delivery.  

O Atacadão, segundo o atual Ranking ABAD/NielsenIQ cresceu 13,8% em 2021 em comparação com 2020, quando o faturamento foi de 51,8 bilhões de reais para 58,9 bilhões de reais. Podemos dizer que a margem foi muito favorável ou dentro da esperada? 

Os resultados foram muito positivos e refletem o trabalho robusto que estamos fazendo nestes últimos anos. Para 2022, temos a expectativa de prosseguir com nossa estratégia de expansão e com a sustentação dos planos traçados para o crescimento da rede. 

O céu é o limite para o Atacadão em expansão e crescimento?

A expectativa que temos é a de que a rede siga sua estratégia robusta de expansão, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do País, para a geração de oportunidades de emprego e proporcionando o acesso à alimentação básica e de qualidade em todo o País.

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