Oportunidade

A vez deles

Mais vaidosos, os homens estão impulsionando o mercado de cuidados com o bem-estar, a beleza e o corpo

Por Adriana Bruno

Pouco a pouco, o espaço para cosméticos e produtos de higiene pessoal e perfumaria com foco nos homens vai aumentando na gôndola e na cesta de compras do shopper. 

Mais vaidosos que anos atrás, mais preocupados com a aparência, com a saúde e com o bem-estar, os homens estão contribuindo para movimentar um mercado que só cresce. “O mercado de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos para homens no Brasil movimentou 20 bilhões de reais em 2016 e 25 bilhões de reais em 2021, e as estimativas indicam que essa atividade aumentará ainda mais em 2022. Esse crescimento demonstra que o preconceito contra a vaidade masculina e a insegurança em relação a procedimentos estéticos masculinos estão perdendo espaço no Brasil. 

Para  Roberto Vautier, da AGR Consultores, as novas jornadas digitais de consumo, onde é possível “zapear” e obter informações sobre diversos produtos e serviços de estética e ainda efetivar  uma compra sem sair de casa, têm sido fator de crescimento exponencial para o público masculino. “As compras de cosméticos para homens costumavam ser uma consequência de uma jornada com objetivo de comprar outros produtos, por exemplo uma ida à farmácia para comprar desodorante, produtos pós-barba, xampu. Dificilmente um homem sairia de casa com o objetivo principal de comprar um creme rejuvenescedor”, comenta. Segundo ele, a pandemia foi outro fator que gerou um boom nas vendas de produtos da categoria, onde o homem, ao ficar mais em casa, pôde ter contato e experimentar produtos de sua parceira, além do fator desemprego, que se acentuou nesse período, exigindo além de um bom currículo para se recolocar, uma repaginada na aparência. 

Cuidados 

E falando em aparência, os cuidados com o barbear são sempre destaque quando se fala em beleza masculina. Para Rodrigo Iasi, diretor de Marketing da BIC Brasil, as perspectivas para o mercado de lâminas para 2022 são ótimas. “No ano passado, a categoria de lâminas da BIC cresceu 2,8% em valor no mercado brasileiro, tanto nas linhas femininas como nas masculinas, e esperamos continuar crescendo”, comenta. Segundo Iasi, diante dos desafios econômicos atuais, a empresa vê o consumidor aumentando o volume de compras e, portanto, a relação custo/benefício deverá se consolidar ainda mais como um dos principais pontos no processo de tomada de decisão.

Do barbear para as fragrâncias e a proteção contra maus odores, o segmento de desodorantes aposta em tendências que levem o shopper em busca de produtos com apelos naturais, veganos, sem componentes de origem animal e com alta eficiência. 

“São cosméticos que vêm ao encontro do estilo de vida dos consumidores”, diz Gustavo Bacila, CEO da Baston Aerossóis, fabricante da marca Above. Ele ainda conta que o consumidor brasileiro de desodorantes prioriza primeiramente fragrâncias, e em seguida eficácia e impacto visual. 

Sabonetes

Outra categoria que vem se destacando na cesta de compras do shopper é a de sabonetes. Segundo João Gandolfi, gerente de Marketing de Home Care da Flora, o mercado de sabonetes indicados para homens tem crescido cada vez mais a cada ano. “Por isso, quem quer obter bons resultados precisa incluir as opções indicadas para os homens no seu mix. Apenas nos últimos cinco anos, o mercado de sabonetes destinados a homens teve crescimento de duplo dígito e esse espaço tem se ampliado”, comenta. Segundo Galdolfi, a marca Albany cresceu 27% em volume de vendas só nos últimos  quatro anos e os sabonetes voltados para o público masculino representam aproximadamente 45% de todas as vendas da marca. “O Brasil é o terceiro maior consumidor mundial de cosméticos para homens, ficando atrás apenas do Japão e dos Estados Unidos, segundo dados fornecidos pelo Euromonitor International, que revelam o quanto os homens brasileiros são vaidosos e essa busca também permeia o mercado de colônias e perfumaria”, complementa.

A retomada da vida social contribuiu para um movimento de crescimento do mercado de preservativos masculinos no Brasil, que se retraiu durante a pandemia e agora já está no mesmo nível pré-pandemia, e oferece oportunidades interessantes para os próximos meses, afirma Verônica Garcia, gerente de Marketing da LifeStyles (Blowtex e Skyn). “O segmento sensitive vem se destacando e apresentando os maiores crescimentos para a categoria, assim como as embalagens maiores e promocionais, que são atrativas ao consumidor que vê o benefício de embalagens maiores para estocar o produto”, revela. 

Ela conta que o canal farma ainda é o mais representativo nas vendas de preservativos, porém, com a mudança de hábito dos consumidores, cada vez mais homens buscam o formato cash & carry para fazer as compras. Há muita oportunidade de crescimento no canal alimentar, principalmente com as embalagens maiores e promocionais. “Por isso, os atacadistas distribuidores são de extrema importância, pois é por meio deles que chegamos nas pequenas e médias farmácias e melhoramos a distribuição dos nossos produtos. O canal tradicional (distribuidor) é maior, porém as redes vêm crescendo e já contribuem para o mercado tanto quanto os distribuidores”, ressalta.  

Canal indireto

O comportamento do shopper vem mudando, com o mercado lançando cada vez mais produtos e as necessidades são cada vez mais determinadas por tendências e novidades. E para acompanhar tudo isso, é preciso que indústria, atacado e varejo tracem suas estratégias com o foco sempre voltado para a oferta da melhor experiência de compra para o shopper. 

“O pequeno varejo pode se tornar um canal estratégico para a venda de produtos HPPC para público masculino. Em grandes lojas, o homem tem por hábito não pedir ajuda para localizar os produtos procurados, pois é comum ficar constrangido. Por isso, via de regra, ele sai com as mãos abanando por desistência. Mas em lojas de pequeno porte, onde o ambiente é mais reservado, o comportamento muda, trazendo maior possibilidade de conversão e até de aumento de tíquete, com base no objetivo principal da visita ao estabelecimento (por exemplo, foi comprar um sabonete esfoliante, mas o vendedor o aconselhou a levar um creme hidratante e um suplemento à base de colágeno)”, orienta Vautier. Ele também destaca que o atacado distribuidor deve buscar proximidade com o pequeno varejo para mapear o sortimento mais buscado e até entender movimentos de consumo para tornar a compra do pequeno varejista mais assertiva. “É importante haver uma troca constante de informação entre os canais, criando um ciclo virtuoso para a cadeia de abastecimento”, finaliza. 

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