Oportunidade

Espaço garantido

O mercado de produtos de beleza, cosméticos e higiene pessoal dirigidos ao sexo feminino cresceu mesmo com a pandemia e a aposta é que deverá permanecer em destaque em 2021

por Adriana Bruno

O público feminino está sempre em busca de novidades e tendências em produtos cosméticos, de higiene pessoal, perfumaria e beleza, tanto que movimenta todo esse mercado contribuindo para o seu crescimento, ano a ano.

E mesmo com a pandemia do novo coronavírus isso não foi diferente. De acordo com o Painel de Dados de Mercado da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos cresceu, no acumulado de janeiro a outubro de 2020, 6% em vendas ex-factory ou vendas líquidas sem impostos, quando comparado com o mesmo período de 2019, sendo registrado aumento de 5% em higiene pessoal; 9,3% em perfumaria; 1,2% em cosméticos e 15,2% em Tissue (segmento que reúne os fabricantes de papel higiênico, lenços de papel descartáveis, toalhas de papel de múltiplos usos, lenços umedecidos e guardanapos).

De acordo com a ABIHPEC, em função dos reforços dos hábitos de higiene pessoal da população como práticas de combate ao contágio pelo novo coronavírus, foi registrado aumento no consumo de alguns itens de HPPC, reunidos em uma “cesta COVID-19 de consumo”, composta por álcool em gel, sabonetes (líquido e em barra), papel higiênico, lenços de papel descartáveis e toalhas de papel multiuso. Estes produtos, juntos, tiveram um crescimento de 16,1%, no acumulado de janeiro a outubro de 2020, em comparação ao mesmo período do ano anterior, em valor de vendas (ex-factory).

Além disso, o período de quarentena intensificou as buscas dos consumidores por produtos para a realização de rituais domésticos de “spa em casa”. Muitas pessoas recorreram ao famoso “faça você mesmo”, para realizar dentro de casa procedimentos de cuidado com os cabelos e também com a pele. Segundo a ABIHPEC, de janeiro a outubro de 2020, a categoria de cuidados com a pele do rosto teve um crescimento de 30,9% (vendas ex-factory), quando comparado com o mesmo período do ano anterior. Já as categorias relacionadas aos cuidados capilares se comportaram da seguinte forma: shampoos cresceram 8,2%; condicionadores, 20,2%; e tratamento capilar, 12,5%.

Autocuidado

Se os lábios estão escondidos pela máscara, as mulheres brasileiras passaram a investir em cosméticos e maquiagens que destacam os olhos. Além disso, produtos e itens multifuncionais ganharam força. Segundo Samir Silva, diretor-comercial, trade e de distribuição da Dailus, produtos que antes eram vistos apenas para os lábios voltaram com tudo para ressaltar bochechas e olhos, que hoje ganham mais destaque.

“No início da pandemia, o grande movimento foi o do autocuidado e, após alguns meses em casa, o que pudemos observar foi que, por causa das restrições e ordens de prioridades, tanto de mobilidade quanto financeira, os brasileiros ainda se cobravam menos com suas rotinas de beleza. Porém, realinharam suas necessidades, sendo mais objetivos em seus consumos, mas não deixando de consumir. Assim, com o uso das máscaras de proteção, o público optou por outros produtos da categoria de maquiagem, como itens para os olhos, sobrancelhas, cuidados com a pele e unhas. Além de readequar os itens já existentes na penteadeira, dando outras aplicabilidades e funções para eles”, analisa Silva.

Categorias essenciais como sabonetes, shampoos e condicionadores fazem parte da estratégia multicanal da Flora. Aliás, uma pesquisa realizada recentemente pela empresa apontou que os brasileiros devem seguir cuidando dos cabelos em casa, mesmo em um cenário pós-pandemia. Além disso, produtos com ingredientes naturais ou que sejam específicos para transições capilares também devem continuar ganhando força. “Em desodorantes, apostamos no segmento de perfumação, ainda pouco explorado no país. Já em sabonetes, vemos um crescimento consistente nas versões líquidas”, comenta Daniel Tiraboschi, diretor de negócios da Unidade Cabelos da Flora.

Para a Haskell Cosméticos, a categoria de esmaltes foi impactada negativamente em função da pandemia. Segundo João Junior, gerente regional da empresa, o isolamento social e a proibição dos eventos e festas contribuíram para esse resultado. Já na categoria de cuidados com cabelos o cenário foi diferente. “Em relação à categoria Tratamento Capilar, notamos uma evolução, pois os consumidores, mesmo em casa, não deixaram de se cuidar. Pode-se perceber, inclusive, que “fora do trabalho” muitas mulheres aproveitaram para cuidar do cabelo, o que trouxe uma demanda interessante. Este autocuidado se tornou necessário”, comenta Junior.

 Ainda segundo ele, quanto aos esmaltes, o fator clima influencia tanto na frequência de uso, quanto na forma de consumo. “Em regiões mais quentes, as mulheres ficam com os pés e as mãos mais à mostra, o que não acontece na mesma intensidade em regiões mais frias. Assim também ocorre com o consumo de produtos para cabelos. Em regiões mais quentes, tende-se a lavar mais os cabelos do que em regiões mais frias”, diz.

Mix e tendências

As tendências no mercado capilar mudaram drasticamente nos últimos 10 anos e atualmente vê-se um crescimento na demanda por produtos veganos, por exemplo. Segundo, Thalyta Santos, diretora-comercial da Abela Cosmetics, além da preocupação com a fórmula dos produtos, até mesmo a embalagem deve atender às tendências na mudança de comportamento do consumidor que quer produtos mais naturais, que não impactem o meio ambiente, além de dar preferência às marcas que tenham ações de responsabilidade social. “A própria embalagem precisa ser considerada com muito cuidado.  E tem também a questão social, onde a marca se responsabiliza por doar parte de seus lucros para o meio ambiente”, comenta Thalyta.

Vale dizer ainda que cada região do Brasil possui suas particularidades e consequentemente diferentes hábitos de consumo, o que leva o atacadista distribuidor a estar alinhado com essa regionalidade e com a indústria, para escolher o mix ideal. “Os atacadistas são uma extensão da marca e contato para os pequenos comércios”, comenta Silva, da Dailus. Segundo ele, na categoria de esmaltes, por exemplo, o pequeno varejo chega a representar 24% da venda total da marca.

Os setores de higiene pessoal e cosméticos deverão permanecer em destaque em 2021. “Produtos como sabonetes e desodorantes seguirão como prioridade na lista de compras dos consumidores. Hábitos adquiridos durante o período de isolamento social também devem continuar a fazer parte da rotina dos brasileiros neste ano, incluindo os cuidados com os cabelos em casa”, comenta Tiraboschi. Ele ainda afirma que a Flora deverá lançar 48 produtos nos segmentos de higiene pessoal e cosméticos, entre novidades e variações de tamanhos e fragrâncias.

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