Páscoa

Vendas mais doces

As datas comemorativas são momentos estratégicos para os negócios do atacado distribuidor e para o varejo. As expectativas são otimistas para as vendas

Por Adriana Bruno

A Páscoa é uma das datas comemorativas mais importantes do calendário do comércio no país. Em 2021, pesquisa encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), realizada pelo Instituto Kantar, indicou crescimento na compra de ovos de Páscoa nos lares brasileiros na ordem de 28,3%, ou seja, quatro pontos percentuais a mais com relação ao ano anterior, quando o índice foi de 24,3%. No mesmo período, os brasileiros também foram mais vezes às compras: 1,5 vez, o que representou aumento de 25% em relação a 2020.

A Páscoa é uma grande sazonalidade e em 2022 teve um forte crescimento quando comparado ao desempenho de 2021. “Mais de 35% em valor, segundo a Nielsen Retail Index – segmento de chocolate sem Spreads e Ovos de Páscoa – Total Brasil, total canais – período Abril 2022 x Abril 2021. E os segmentos da categoria tiveram um alto crescimento, não só ovos de Páscoa, mas principalmente barras”, conta Yakara Biancalana, diretora de Vendas da Hershey Brasil.

Yakara Biancalana, diretora de Vendas da Hershey Brasil

E o chocolate tem tudo a ver com categorias de indulgência, que levam o consumidor a incluir na cesta de compras  produtos que lhe tragam algum tipo de satisfação pessoal. E isso é a cara da Páscoa. O consumo de chocolate é altamente alavancado nas semanas próximas ao domingo de Páscoa, não só em produtos como ovos de Páscoa, mas em todos os formatos. O que observamos é que o consumidor também se preocupa em comprar chocolates para si, pois trata-se de um grande momento de indulgência. Em pesquisa realizada pela Mindminers e encomendada pela Hershey em 2022, 69% dos consumidores que declararam intenção de compra de chocolate durante a Páscoa alegaram que comprariam chocolates para si mesmo, reforçando o alto nível de consumo por indulgência. Essa alegação foi maior do que os consumidores que declararam comprar para presentear (abaixo de 67%)”, diz Yakara.

O fato é que, para a categoria chocolates, a Páscoa é um período de alta demanda, que exige tanto do atacado distribuidor quanto do varejo um cuidado extra com a oferta de mix e soluções mais completas para o consumidor final, bem como estoques bem abastecidos para evitar rupturas. “A Páscoa tradicionalmente é o período de maior demanda por  chocolates e representa aproximadamente 30% do nosso faturamento anual. Para o atacado distribuidor recomendamos a comercialização de produtos não-sazonais na Páscoa, como tabletes, bombons e confeitos, aproveitando esse mix de produtos e introduzindo o conceito da montagem das cestas. Nos pontos de venda, também incentivamos a utilização de materiais de merchandising para complementar as execuções desse mix, dando mais visibilidade aos produtos”, comenta Sérgio Copetti, diretor- comercial da Neugebauer.

Além do chocolate

Outra categoria impactada pelas necessidades e escolhas de consumo é a de azeites, uma vez que ele é parte das receitas de bacalhau, por exemplo. Segundo Paula Guedes, gerente de Trade Marketing Brasil e Portugal de Andorinha, o aumento nas vendas do produto na Páscoa se deve exatamente às receitas e almoço em família. Para ela, nessa época, o atacado distribuidor pode incentivar a venda dos Azeites Especiais, além de orientar que os pequenos e médios varejistas analisem seu público para que possam indicar o azeite que mais harmoniza com cada ocasião. “É um momento em que as famílias prezam pela qualidade e sabor e estão abertos a investimentos um pouco mais altos, então é o momento de apresentar novos produtos, e novos sabores”, comenta. Paula ainda acrescenta que a marca espera crescimento em relação a outros meses do ano, porém seguindo um padrão mais moderado, já que, devido à flexibilização das normas de segurança por conta da pandemia, a tendência é que as famílias voltem a se reunir para comemorar a Páscoa, o que pode indicar um crescimento no consumo de azeite.

PAULA GUEDES, gerente de Trade Marketing Brasil e Portugal de Andorinha

Os pescados, em geral, também são impactados positivamente pela sazonalidade. Segundo Antonio Barranco, diretor-comercial, vendas e trade marketing da GDC Alimentos, detentora da marca Gomes da Costa, os varejistas, assim como as grandes marcas, estão sempre atentos às tendências de consumo para atender os desejos e expectativas do consumidor. “No período de Quaresma, o varejista deve estar preparado para o aumento na busca de pescados oferecendo opções de alta qualidade em suas gôndolas. E para isso, o distribuidor atacadista garante a oferta das categorias de pescado de alta penetração, como a sardinha, com aproximadamente 80% de distribuição no período”, destaca.

Outro segmento que se consolidou no Brasil é o de pães de Páscoa. De acordo com Marta Santos, diretora-comercial, marketing e trade marketing da Panco, por se tratar de uma campanha sazonal e de curto prazo, o abastecimento do ponto de venda no tempo correto é uma das variáveis mais importantes para o sucesso da campanha. “É necessário levar em consideração a distribuição do produto por região, o volume planejado e ainda o resultado da campanha do ano anterior para possíveis ajustes no plano do ano vigente. Outro ponto que é fundamental é o preço de partida do produto e em que momento as ativações ocorrerão”, comenta. Ainda de acordo com ela, a empresa espera que o consumo cresça 10% na Páscoa 2023.

Tão importante quanto as categorias de alimentos, os vinhos também são presença certeira na cesta de compras de Páscoa. Para Hermínio Ficagna,diretor-superintendente da Vinícola Aurora, o vinho está diretamente ligado à cultura da data. “O consumo da bebida na celebração é um dos símbolos mais tradicionais, especialmente o vinho tinto. Quando falamos em Páscoa, também vem à mente alimentos como os peixes e, logicamente, os chocolates. Por conta disso, tanto vinhos tintos e brancos como espumantes acabam tendo uma boa saída no período”, ressalta. Ele ainda conta que a Páscoa está entre os períodos do ano que concentram os maiores volumes de venda dos produtos vinícolas. “Para o setor vinícola brasileiro, a Páscoa acaba abrindo a temporada de vendas para a estação mais fria do ano”, conta. Ficagna diz ainda que apesar da alta na inflação e dos efeitos gerados pela pandemia, a empresa está otimista e espera um incremento de 10% nas vendas para a data.

Para ele, o atacado pode auxiliar o cliente varejista sobre como gerar oportunidade de negócios com a venda de vinhos e espumantes investindo na exposição dos produtos. “A dica é apostar em ilhas, pontos extras e cross merchandising, com produtos de Páscoa como vinho, bacalhau, peixes, azeites e chocolates. É importante fazer uma comunicação de PDV bastante clara e atrativa, chamando a atenção para produtos mais  competitivos, que tenham valores mais acessíveis”, finaliza.

A Casa Flora Importadora, distribuidora que já tem mais de 50 anos no ramo alimentício, trouxe para essa Páscoa uma aposta que vem do Líbano. São diversos rótulos da vinícola Chateau St.Thomas. Para Paulo Amalfi, gerente de categoria de vinhos da empresa, foi uma grande surpresa a qualidade desses vinhos, que sofrem uma influência francesa na viticultura da região onde são produzidos, “lembrando muito os grandes Bordeaux”, acrescenta. Para o Brasil, 20 mil garrafas por ano. No mercado mundial, a Europa e o mercado interno são os grandes consumidores. Vendendo produtos de mais de 20 países, a distribuidora aposta na data de comemoração mundial. “Uma celebração regada a bons vinhos e repleta de bons produtos na mesa para brindar a vida e tornar o momento uma grande experiência”, finalizou Antonio Carvalhal Neto, diretor da Casa Flora.

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