NRF 2023

Hora de repensar

O presidente da ABAD, Leonardo Miguel Severini, esteve presente na maior feira de varejo do mundo e destacou as tendências que ditam as boas práticas que aparecem na retomada pós-pandemia

Ana Paula Alencar e Claudia Rivoiro

Mais uma vez, a ABAD esteve presente no maior evento de varejo do mundo. A NRF 2023: Retail’s Big Show, realizada de 15 a 17 de janeiro, em Nova York (EUA), teve mais de 175 palestras, 35 mil participantes, 350 speakers e 1.000 expositores. O presidente Leonardo Miguel Severini participou integrando a comitiva da BTR Varese, que foi liderada pelos consultores Eduardo Terra e Alberto Serrentino. Ditando tendências e compartilhando boas práticas para diversos segmentos, a 113ª edição do evento teve como foco a retomada e o avanço do varejo.

“Diferentemente do ano passado, quando o metaverso ganhou os holofotes, neste ano, houve um resgate da tecnologia como instrumento para facilitar a vida das empresas – solucionando problemas com perdas, inventários, perecibilidade e troca de informações para gerar mais resultado – e, principalmente, das pessoas. Não apenas o cliente do varejo, mas também o colaborador, de maneira a integrá-lo e fazê-lo repensar o propósito da empresa”, disse o presidente.

O presidente da ABAD, Leonardo Miguel Severini, fez apresentação no Harvard Club

Segundo ele, outro aspecto relevante em debate foi a maneira como os bancos estão repensando a forma de financiar as empresas diante de tantos desafios, como guerra, crise mundial de abastecimento e pandemia. “Há, por parte das empresas, uma preocupação maior com o fluxo de caixa, pois a inflação e as altas taxas de juros tornam o crédito mais caro. Portanto, é preciso um controle mais rigoroso para não depender dos financiamentos”, complementou.

Eduardo Terra, consultor da BTR-Varese, no Seminário Pós-NRF, realizado na quarta-feira, dia 18 de janeiro, no Harvard Club, em Nova York, apontou o primeiro insight para o setor atacadista. “É que, de fato, o mundo do atacado e do varejo vive um momento de mais racionalidade, de um olhar mais para a rentabilidade, de usar tudo o que esses últimos anos de pandemia e de transformação digital trouxe como conquista. O ano de 2023 traz ainda um contexto de muita incerteza na geopolítica global, com problemas na cadeia de abastecimento, somando-se, no Brasil, a questões políticas.”. Ele continuou reforçando que, com isso, as empresas devem ter um olhar mais racional para os seus negócios, atentando especialmente para as altas taxas de juros, que estão altas no mundo inteiro, mas principalmente muito altas no Brasil. “Assim, rentabilidade é a palavra da vez, mais do que crescimento. O que não quer dizer jogar fora as conquistas da tecnologia obtidas até aqui”, detalhou.

O segundo grande insight tem a ver com a Inteligência Artificial. É um dos assuntos mais abordados na NRF em termos de tecnologia, e existe a visão de que AI é matéria-prima, não um produto, em si. Então, olhando para a distribuição e para o atacado, com todos os temas que envolvem preço, transporte, gente, sortimento e outras decisões complexas, a IA pode trazer dados que enriquecem as decisões humanas. “O que a NRF deste ano mostrou é que a IA deixou de ser um tema de ficção científica, um tema futurista, para se tornar algo real e aplicável. A sugestão é que as empresas busquem, junto aos seus parceiros de tecnologia, soluções embarcadas com Inteligência Artificial”, explicou Terra.

O terceiro grande insight, também ligado à tecnologia, é revisitar o que chamamos de ‘a jornada do colaborador’, que no caso do atacado distribuidor tem muito a ver com a jornada do representante, que é a grande força de trabalho do setor. “É preciso ter um olhar para maior produtividade, maior digitalização. O mundo mudou, a maneira como as pessoas trabalham mudou, a maneira como nós produzimos mudou. Ao combinar as novas gerações e as novas tecnologias com esse novo mundo, conseguimos trazer engajamento, produtividade e resultado. Discutiu-se muito essa nova jornada do colaborador. Em relação ao setor, é preciso pensar em ferramentas com tecnologia de ponta a ponta: como a empresa contrata, engaja, avalia e como as ferramentas podem auxiliar no dia a dia desse representante.“Não quer dizer que o metaverso ficou de lado, nem que ele não vá acontecer, porém, como toda novidade, leva tempo para amadurecer”, enfatizou”. 

Básico bem-feito

Elói Assis, diretor-executivo de Varejo e Distribuição da TOTVS, que também participou do evento, ressaltou que o que chamamos de básico antigamente não é o básico de hoje em dia. Não é mais suficiente ter apenas a operação de distribuição funcionando, ter um e-commerce B2B, fazer o seu vendedor passar na loja. “O básico hoje em dia, demandado pelo mercado, envolve a participação em marketplaces, a transformação digital do negócio, automação de força de vendas. Tudo isso hoje é essencial. Então é o momento de uma volta ao essencial”, destacou. Para ele, é essencial ser digital. “Uma mudança de pensamento. Fazer o básico bem-feito”, enfatizou. 

Elói Assis, diretor- executivo de Varejo e Distribuição da TOTVS,

Roberto Matsubayashi, diretor da GS1 Brasil,destacou que o ambiente de negócios está mais complexo e volátil. “A evolução tecnológica está cada vez mais acelerada. Destaco primeiramente a IA, presente em todas as ofertas de software dos mais variados fornecedores, em funções como gestão de demanda, pricing, sortimento e, programas de fidelização, entre outros. Em segundo lugar, o código 2D, disponibilizado pela GS1. Equipamentos tanto de impressão quanto de leitura e suas aplicações já são realidade e estão amplamente disponíveis”, observou sobre os temas apresentados na NRF.

Clube Harvard

Convidado pela própria BTR e pelo presidente da Abras, João Galassi, o presidente Leonardo também fez uma breve explanação sobre o setor atacadista distribuidor brasileiro à comitiva integrada por representantes de grandes indústrias e empresários de diversos elos da cadeia de abastecimento.

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