Depois de dois anos com comemorações restritas, 2022 marca a retomada dos encontros festivos de fim de ano. Além disso, as férias escolares e a chegada da estação mais quente do ano também estimulam a compra e a consequente venda de produtos como protetores solares, bebidas e alimentos de consumo rápido, como os lácteos.
Para Roberto Vautier, especialista em varejo da AGR Consultores, o fim do ano gera sempre boas expectativas de venda para o pequeno e médio varejista, mas para colher bons frutos nessas datas é preciso ter planejamento, sabendo comprar os produtos que terão maior saída em vendas, na quantidade certa e praticando uma política de preços adequada ao público-alvo.
Em relação ao verão, Vautier destaca que, por causa do aumento de temperatura nessa época, as categorias de bebidas geladas ganham uma importância ainda maior no sortimento e na exposição em loja. “As cervejas, que respondem por 10% a 15% do faturamento de um mercado de bairro, podem chegar a 25% em representatividade nessa época do ano, bem trabalhada em loja. O sorvete aparece como a principal categoria de indulgência para o grab and go (picolés), sendo uma oportunidade para alavancar vendas para a loja. Se a loja estiver próxima a uma academia, é importante expor produtos de apelo para o público que gosta da malhação: isotônicos, shakes e iogurtes proteicos (refrigerados)”, orienta.
Para orientar o cliente varejista, Vautier recomenda que o atacado distribuidor compartilhe a sazonalidade da curva de vendas, informando quais produtos serão promocionados nas mídias pela indústria, além de trazer informações sobre hábitos regionais, como maior crescimento de consumo de protetores solares nas Regiões Norte e Nordeste, a fim de aumentar o sell out. “O atacadista dispõe de informação da compra de outros clientes com perfil e tamanho de loja similar e logo podem orientar a compra do pequeno varejista, alertando para produtos de curva A que ele está deixando ou esquecendo de levar”, diz.
Consumo dentro e fora do lar
O período de férias faz com que o consumo fora do lar aumente, enquanto as festas de fim de ano impulsionam o consumo dentro do lar, influenciando no volume da cesta de lácteos. “A tradição das receitas feitas para as ceias e festas nesse período aumenta a demanda por produtos como creme de leite, leite condensado, requeijão e manteiga”, comenta Cynthia Serretti, diretora de Marketing da Alvoar Lácteos. Para ela, essas categorias apresentam estabilidade de consumo durante todo o ano, assim como o comportamento de compra também se mantém estável nas regiões. “Contudo, a categoria de aromatizados no Brasil tem alcançado bons resultados, com crescimento de 25%, segundo dados da Nielsen YTD Jun22”, diz.
O mercado de lácteos é muito resiliente, sua penetração está aumentando com o passar dos anos, e hoje está presente em mais de 90% dos lares brasileiros. “Estamos falando de categorias muito presentes na rotina de alimentação dos brasileiros. O consumo de lácteos ganhou mais importância durante o período da pandemia. No Nordeste, a cesta aumentou seu volume em mais de 8% (2019 x 2020). Agora, mesmo com o fim do isolamento social, continuamos com os mesmos patamares de volume em quase todas as categorias. Tivemos um excelente desempenho no primeiro semestre e devemos superar os resultados estipulados para 2022”, afirma Cynthia Serretti.
Ela também destaca que, pensando no atacado distribuidor, é importante estar atento às dinâmicas dos canais de modo a trabalhar estratégias assertivas de mix por canal. “Para o atacado, por exemplo, oferecer embalagens em maiores gramaturas: melhores condições de preços para desembolsar em embalagens maiores é o foco do consumidor desse canal, que vem crescendo por conta da mudança de comportamento de compra dos consumidores, os quais voltaram a fazer compras programadas otimizando seu orçamento. Quanto ao pequeno e médio varejo percebemos que houve aumento de importância de embalagens menores, impulsionada pela compra por conveniência ou por compras menores feitas com mais frequência”, comenta.
Outras categorias particularmente associadas às sazonalidades, como Espumantes, Vinhos Brancos e Rosés (os quais vêm crescendo no Brasil ao longo dos últimos anos), Cervejas, Água, Destilados (para a composição de drinques refrescantes) podem se beneficiar com as festas de fim de ano, férias e verão. “Em alimentos, temos oportunidades para azeites e cuscuz, entre outros”, diz Alexandre Grigoleto, diretor de Marketing da Casa Flora Importadora. Ele também diz que, com a inflação em tendência de queda, e com um intenso apelo deste período do ano em função de Black Friday, da Copa do Mundo e de festas de fim de ano, há uma estimativa de crescimento de dois dígitos em relação ao mesmo período do ano anterior.
Grigoleto destaca que o abastecimento em gôndola, sobretudo em um momento de dificuldades logísticas mundiais e de matérias-primas, passa a ser um fator fundamental para não perder competitividade e vendas. “Temos feito esforços para garantir as importações e, assim, também contar com um abastecimento pleno no varejo”, diz.
De acordo com Fernando Sodré, diretor de Marketing na Cimed, além das altas temperaturas, que colaboram para a proliferação dos mosquitos, há também, o aumento do fluxo de turistas no litoral, onde há uma concentração maior de mosquitos. As crianças também ficam mais expostas aos insetos.
“A empresa está com altas expectativas para este fim de ano. Estamos com a fábrica operando em capacidade máxima para atender os pedidos com entregas previstas para os próximos meses, além de fazer a recomposição de estoque de algumas linhas. Para 2023, seguimos a mesma alta expectativa. Estamos prevendo um volume mais alto que o ano de 2022. Para isso, teremos um reforço de novas linhas produtivas e mais lançamentos. Tanto para linhas de Higiene e Beleza como para linhas de OTC e Genéricos”, conta Sodré.
