Trabalhando com um modelo de economia compartilhada, a CHEP criou um dos maiores projetos logísticos do mundo, baseado nos princípios de compartilhar e reutilizar paletes. Os paletes alugados, caixas e contêineres reutilizáveis circulam entre fabricantes, transportadores, distribuidores e cadeias de varejo, criando um circuito fechado, cujo início e fim são também centros de serviço da companhia. Operando no Brasil há mais de 20 anos, o sistema é utilizado por dezenas de empresas. André Cardoso, na CHEP há oito anos, ocupando há quase dois anos o posto de Country Manager, conta com uma experiência de vinte e dois anos em expansão comercial, estratégias de capacitação de clientes de varejo, blindagem de canais diretos e indiretos e gerenciamento de equipes. Na entrevista a seguir, ele aborda os planos da empresa, as suas expectativas, a economia mundial e a necessidade de sintonia com a sustentabilidade e com o atacadista distribuidor.
1 – Qual é o trabalho da CHEP?
Estou à frente de um negócio que representa localmente a missão global da CHEP, uma empresa da Austrália e com head quarter na Inglaterra. A CHEP é pioneira em economia de compartilhamento e logística de pool, permitindo que seus clientes tenham acesso a consultoria e soluções em logística sustentável. Nosso objetivo é levar cada vez mais empresas a terem eficiência em seu supply chain, integrando-as em uma economia circular e regenerativa. O compromisso é de levar a sustentabilidade aos processos logísticos, e os resultados da empresa refletem os benefícios que ela oferece a seus clientes. Tanto sustentáveis como financeiros. Nosso modelo de compartilhamento e reutilização de paletes segue os princípios da economia circular. Prova do sucesso dessa missão está em nosso resultado do ano fiscal de 2022. A CHEP América do Norte e a CHEP América Latina (que inclui o Brasil) foram as que mais cresceram entre as regionais do Grupo. Juntas, apresentaram um crescimento de receita de 12% (sales revenue). Dessa maneira, o lucro subjacente das Américas cresceu 25%. No mundo, porém, a CHEP cresceu 7%, com lucro subjacente de 6% no ano fiscal de 2022.
2 – Quais as soluções oferecidas pela empresa?
A CHEP é uma empresa de soluções logísticas, que transporta paletes com e/ou sem mercadorias: em todo o mundo, ela tem milhões de paletes em circulação. Sua logística é apoiada por uma rede de centros de serviço, ou seja, armazéns a partir dos quais os paletes encomendados são entregues aos clientes. Funciona como um “aluguel” em que é responsável pelo transporte, reparo e entrega de paletes. No mundo todo, há 750 centros de serviço e mais de 500 mil pontos de entrega. Só no Brasil são 19 centros de serviço. Os paletes podem ser retirados de praticamente qualquer Estado em que cheguem, no caso do Brasil. Atualmente, há 360 milhões de paletes em circulação no mundo, mais de 35 milhões deles só na América Latina. Seu sistema de “compartilhar e reutilizar” minimiza as distâncias percorridas com cargas vazias; colabora regularmente com os clientes para aproveitar as cargas livres a fim de mover paletes em vez de enviar um caminhão adicional. Além disso, por meio de sua solução de embalagem, a empresa é capaz de preencher melhor o caminhão e de usar a visibilidade que tem no negócio de paletes das cadeias de fornecimento de seus clientes para incentivá-los a compartilhar veículos.
3 – Como é o funcionamento da empresa no Brasil?
A CHEP movimenta mais de 22 mil paletes de madeira por dia localmente, em sua planta de Louveira, que fica 68 km distante de São Paulo. A unidade de Louveira tem 10.000 m2 e 37 ruas, com 42 paletes de altura. Ela recebe cerca de 12.000 paletes por dia e tem capacidade de reparação diária de 5.000 unidades, contando com 98 colaboradores, que atuam em dois turnos. Com 360 milhões de paletes no mundo, reutilizados por produtores, fabricantes, distribuidores e varejistas, a CHEP ajuda empresas a realizar a logística de suas mercadorias de maneira mais eficiente e sustentável. Os paletes suportam uma capacidade dinâmica de 1,5 tonelada e uma carga estática de 5 toneladas. Mais de 35 milhões circulam na América Latina, sendo utilizados para transporte de mercadorias de várias indústrias, incluindo de produtos para consumo e de alimentos frescos.
4 – Em tempos de economia sustentável, qual a contribuição oferecida pela CHEP ?
A colaboração é necessária se quisermos fazer progressos genuínos em matéria de emissões de carbono. O sistema de pooling permite uma colaboração e otimização de recursos. Além disso, todo o negócio da CHEP está alicerçado no fato de ser sustentável, desde as instalações dos nossos centros de serviço até a madeira reflorestada de nossos paletes azuis. Nossos paletes são reutilizados e fazem parte da economia circular. Esse é um desafio compartilhado por toda a cadeia de fornecimento, varejistas e fabricantes. O custo, naturalmente, é a eficiência de recursos que se refletirá em economia de CO2, custos, motoristas necessários, congestionamento das estradas e poluição. A Brambles Company, grupo proprietário e, por consequência, a CHEP também, alcançou a neutralidade de carbono em todas as suas operações no ano fiscal 2022. Isto significa que as emissões líquidas de CO2 da empresa foram reduzidas a zero no Escopo 1 (emissões diretas da combustão de combustível) e no Escopo 2 (emissões indiretas da produção de eletricidade comprada), que estão incluídas no Protocolo de Gases de Efeito Estufa Normalizado (GEE).
5 – Você assumiu o cargo de Country Manager há quanto tempo? Quais foram as suas expectativas?
Estou como country manager do Brasil há quase dois anos. Minha expectativa para o próximo ano fiscal é de que sigamos com nosso modelo sustentável, mesmo diante de adversidades externas como a inflação, a guerra na Europa e outros fatores desafiadores. No último ano fiscal, entregamos valor e resultados para clientes e investidores. Com a perenidade do nosso modelo de logística, que tende a crescer, a receita de vendas globais aumentou em 2022. Esse aumento refletiu a realização de preços para recuperar níveis recordes de inflação de custo de insumos e outros aumentos de custo de operação em todas as regiões em que a Brambles opera por meio da CHEP – América Latina, América do Norte, Europa e Ásia. Esperamos para 2023 estar cada vez mais próximos dos setores-chave de desenvolvimento econômico, levando o valor de uma cadeia de fornecimento sustentável para nossos clientes.
6 – Como funciona o trabalho com o canal indireto?
A logística da CHEP é apoiada por uma rede de centros de serviço, ou seja, armazéns, a partir dos quais os paletes encomendados são entregues aos clientes. Por exemplo, os paletes de pool da marca estão sujeitos a rigorosos padrões de qualidade e são mais facilmente aceitos pelos varejistas. A escala de operação e a extensão da rede dão mais confiança de que o equipamento estará disponível no momento e no local preferidos, independentemente do tamanho da demanda. No caso de paletes brancos, ou padrões, a entrega e a substituição requerem um estoque constante de 25%, e a recuperação do palete branco do mercado é demorada. O estoque de paletes azuis da CHEP pode ser de apenas 5%. Os paletes da marca têm uma vida útil dez vezes maior, entre outras vantagens, por causa do fato de que, cada vez que retornam aos centros de serviço, passam por verificações meticulosas e qualquer dano é reparado eficientemente – segundo apurações da CHEP Global. Por isso, a parceria com o canal indireto, de distribuição, é importantíssima. Estamos em constante contato com os distribuidores para entender suas necessidades, mas também para educá-los do trabalho que fazemos. Afinal, nossos paletes são reutilizáveis. Como disse, trabalhar em conjunto é fundamental para uma economia não somente mais sustentável, mas também regenerativa.
