Últimas Edições

Últimas Edições

 

ABAD 2023 ATIBAIA PAINÉIS

Dia de conhecimento

Os temas debatidos trouxeram na pauta tecnologia, ESG, digitalização e modernização no pequeno e médio varejo e os desafios econômicos no Brasil

Por Redação

O primeiro dia da 42ª Convenção Anual da ABAD trouxe para o debate o painel “Tecnologia e Inovação – como priorizar tendências e novidades tecnológicas em busca de melhores resultados em um ambiente de incertezas”.

Com mediação de Eduardo Terra, sócio-diretor da BTR Educação e Consultoria, a digitalização, o uso da inteligência artificial, o crescimento e a importância dos marketplaces para os negócios, e, claro, o ABASTECEBEM estiveram na pauta.

Para Juliana Bonamim, vice-presidente de vendas da Mondelez, a digitalização é algo que só traz benefícios para toda a cadeia. “Quando falamos em digitalização estamos colocando principalmente o consumidor e o pequeno varejo no centro”, afirma.

Para Terra, não existe setor forte que não discuta o omnichannel e o e-commerce. “É importante falar de digitalização. Ter conhecimento sobre o assunto é um dos pilares de crescimento do setor”, comenta

Aliás, o tema está na agenda da ABAD e deve permear todas as empresas. “A tecnologia vai ajudar a melhorar a qualidade da venda. Através da digitalização, podemos levar o melhor sortimento possível para o pequeno e médio varejo. A digitalização é uma ferramenta de informação”, complementa Emerson Destro, presidente do Conselho Deliberativo da ABAD.

Segundo Leonardo Miguel Severini, presidente da ABAD, a tecnologia é um meio e não um fim. “Vemos o uso da tecnologia com o fim de aglutinar todos e tentar propor conteúdos. O ser humano precisa desenvolver e absorver novas tecnologias, aprimorando informação e repertório”, analisa.

O uso cada vez mais presente da inteligência artificial no dia a dia das pessoas e das empresas também foi tema do painel. Marina Pereira, gerente de pesquisa e desenvolvimento da GS1 Brasil, destacou que nos últimos cinco anos têm crescido o uso e a adoção de tecnologia entre as empresas brasileiras, sendo que o setor atacadista distribuidor se destaca. Para Paulo Braga, da Serasa Experian, a inteligência artificial  traz benefícios especialmente em um momento de alto índice de inadimplência como o país vive. “A inadimplência está alta, mas o empresário precisa continuar vendendo. Com a IA é possível entender e identificar a quantidade adequada a ser vendida de acordo com as condições do cliente,tornando as vendas mais seguras”, explica.

O fato é que todos estão vivendo a IA no dia a dia, na vida real. “Ao pegar o celular e dar um comando de voz estamos vivendo a IA na prática. E nas empresas é preciso colocá-la dentro dos processos normais e automatizá-los. Ela permite a otimização de estoque, a análise das vendas e traz mais produtividade para os negócios”, diz Elói Assis, diretor executivo para Varejo e Distribuição da TOTVS.

 Hoje em dia os marketplaces precisam entregar um valor diferenciado e é essa a proposta para o setor. Segundo Guido Carelli, da Infracommerce, o ABASTECEBEM traz um colegiado entre indústria e distribuidores levando o melhor e a maior oferta possível para os varejistas. Dessa forma, eles obtêm maior poder de escolha, além de uma melhor experiência de compra. “O ABASTECEBEM foi pensado como uma proposta de valor diferenciada, embarcando em uma jornada junto com as indústrias, oferecendo uma proposta de valor que combine ofertas mais interessantes e a conexão com vários canais”, finaliza.

Segundo painel

O Comitê ESG da ABAD, focado em nortear o caminho para a construção de parâmetros éticos e ambientalmente sustentáveis na cadeia de abastecimento, trouxe para a segunda palestra do dia, as boas práticas desenvolvidas nas três verticais: ambiental, social e governança.

Mediado por Alessandro Dessimoni, advogado tributarista da DBA Advogados, e com a participação do presidente da ABAD, Leonardo Miguel Severini, o painel buscou apresentações para mostrar como construir pilares de sustentabilidade fortes e permanentes. Para isso, convidou Gustavo Fonseca, da Boomera Ambipar; André Cardoso, da CHEP; e Renata Vieira, da Nestlé, para falar sobre ações ambientais; Jorge Feliciano, do Grupo Martins; Agnes Honda, da Kenvue; e Matt Featherstone, da Cricket Brasil, para mostrar projetos sociais; e Walter Faria, do Grupo Braveo; e Waldir Beira Júnior, presidente da Ypê/Química Amparo, para detalhar boas práticas de governança.

“A agenda ESG deixou de ser conceitual para ser prática. Dentro do contexto ambiental, precisamos trabalhar logística reversa, educação e redução da emissão de gases do efeito estufa durante o transporte. Na vertente social, focamos em direitos humanos, boas relações de trabalho e qualidade de vida. Para governança, não podemos nos distanciar de estratégia, práticas e políticas de gestão e relacionamento com a cadeia de valor”, disse Dessimoni.

Ambiental

Uma das falas de Fonseca foi bastante marcante. “É impossível implementar qualquer ação de ESG sem que a empresa esteja inteirada nos processos”, disse. Por isso, o especialista acredita que a educação é um dos caminhos principais tanto para dentro quanto para fora das empresas.

Advogado Alessandro Dessimoni na abertura e condução do segundo painel do evento que foca no ESG

Ainda pensando em conscientização, Renata apresentou uma campanha que está sendo encabeçada pela Nestlé com o intuito de ressignificar a palavra “lixo” para que as pessoas entendam que tudo o que é descartado ainda está dentro da cadeia de valor e pode se transformar em fonte de renda para muitas famílias.

Social

Desmistificando o conceito de que o investimento em qualidade de vida é custo, Jorge Feliciano, do Grupo Martins, declarou que a aposta em projetos sociais significa mais lucro para as empresas pela geração de riquezas de forma democrática, onde todos os stakeholders se beneficiam. “A consciência é o primeiro passo para que todos possamos desenvolver essa visão estratégica. Somos aprendizes nessa agenda”, comentou. Dentro da Kenvue, Agnes reforça que as lideranças abraçaram a missão de investir em qualidade de vida. “Nossa estratégia é promover pessoas mais saudáveis em um planeta mais saudável”, disse.

Exemplificando o poder do foco no desenvolvimento pessoal por meio do esporte, Featherstone apresentou um projeto que trouxe o críquete para o Brasil e já reúne mais de 7 mil pessoas que não tinham um direcionamento à atividade física e hoje se tornaram atletas. “O esporte pode mudar a vida de muita gente”, finalizou.

Governança

“Na Ypê/Química Amparo abraçamos a governança pensando na sustentabilidade da empresa no longo prazo, em rentabilidade, crescimento, preservação do fluxo de caixa e retorno”, disse Waldir Beira Júnior, presidente da empresa, enfatizando que é por meio da governança que os sucessores são preparados.Indo na mesma linha de pensamento, Dessimoni comentou sobre a importância da estruturação das empresas através da criação de conselhos e comitês, o que coloca os negócios em outro patamar de compliance.

Paralelamente, Faria iniciou sua apresentação com uma frase de Olímpio Matarazzo, sócio da Pátria Investimentos: “no futuro, as empresas não serão avaliadas pelo seu resultado financeiro, mas pelo impacto que geram”. Para ele, todos devem ter em mente os propósitos da companhia para que a evolução positiva aconteça. “Não adianta ter um Michael Jordan se não tiver um time inteiro de basquete para o jogo”, declarou.

Severini, presidente da ABAD, falou sobre respeito ao próximo como fator motivador de mudança. “Cidadania e respeito ao próximo são as palavras de impacto. Pensando dessa forma, conseguiremos conquistar todos os pilares do conceito ESG. 

Na sequência, um segundo painel abordou a temática ESG, porém, desta vez, com foco na igualdade e equidade de gênero no mercado de trabalho. Com mediação de Cris Guterres, jornalista, escritora e apresentadora, e de Alessandro Dessimoni, da DBA Advogados, o painel Movimenta na ABAD reuniu um time de  mulheres do setor para falar sobre os desafios de ser uma minoria e lutar pela conquista de direitos em uma área predominantemente masculina. Participaram Danielle Brasil Dutra, CEO da Riograndense Distribuidora e vice-presidente da ABAD; Nana Lima, da Think EVA; Patricia Turmina, empresária e presidente do Grupo ABAD Jovens e Sucessores; e Nathalie Honda e Fabiana Paredes, da Unilever.

Nana iniciou as apresentações com números motivadores.“Somos maioria entre os estudantes universitários, 45% dos lares brasileiros são sustentados por mulheres, e 33,6% das donas de empresa no país também são mulheres”, declarou.

Com uma sequência de relatórios nacionais e internacionais em mãos, a executiva garante que há comprovação de que maior representatividade feminina e equidade de gênero nas empresas melhoram os resultados da companhia. Além disso, se as mulheres são maioria no mundo, são também maioria no consumo. Entretanto, as mulheres são minoria nos cargos de liderança, ocupando apenas 13% dos conselhos de administração. “Entre as 500 empresas da Forbes, só 41 delas têm mulheres como CEO”, destacou.

Trazendo uma visão masculina ao debate, Dessimoni reconhece a importância de o setor quebrar paradigmas. “Temos muito material demonstrando os benefícios da diversidade inclusive para inovação, visto que isso permite a união de pessoas com experiências de vida diferentes contribuindo de maneira rica para os negócios.Há melhorias, também, no ambiente de trabalho, que naturalmente soa mais seguro e estável quando há uma boa participação feminina”, disse.

Experiências de vida

CEO da Riograndense Distribuidora e vice-presidente da ABAD, Danielle falou como fez para vencer os desafios de ser uma mulher jovem no comando de uma grande empresa. “Entrei sabendo o que queria fazer e não permiti que o fato de ser mulher em um espaço predominantemente masculino fosse um limitador”, comentou. Segundo ela, uma mulher na liderança é capaz de apostar na flexibilidade para entender demandas típicas de mulheres sem achar que isso pode baixar a taxa de produtividade. 

Em paralelo, Fabiana compartilhou sua experiência profissional em ambientes mais heterogêneos. Atuando na Unilever, destacou que inicialmente, na área de marketing, ela trabalhava prioritariamente com mulheres e, agora, em vendas, vive um espaço com muito mais homens. “Conseguir times mais equilibrados traz contribuições que se complementam”, pontuou.

CEO da Riograndense Distribuidora e vicepresidente da ABAD

O Movimenta na ABAD é uma iniciativa da Associação focada em promover maior diversidade de gênero no mercado de distribuição. Para isso, o grupo promove conversas que fortalecem a equidade tornando a presença feminina cada vez mais comum e valorizada.

Pequeno varejo

Fortalecer o processo de digitalização do pequeno varejo tem sido um dos desafios do setor e o Comitê Canal Indireto levou o tema para a Convenção Anual da ABAD mais uma vez. Especialistas se reuniram para entender quais as melhores estratégias para garantir essa modernização que impacta diretamente toda a cadeia de abastecimento.

Moderado pelos coordenadores do comitê, Nelson Barrizzelli, da FIA-USP, e Roger Saltiel, da Integration, o painel contou com a presença de Leonardo Miguel Severini, presidente da ABAD, e dos convidados Danielle Brasil Dutra, vice-presidente da ABAD; Juliana Bonamin, da Mondelez; Juscelino Franklin de Freitas Jr., da DEC Eldorado; Marco Antonio Tannus, do Grupo Martins; Ricardo Zuccollo, da Unilever; e Tirso Mello, da P&G.

Ao abrir o debate, Saltiel relembrou que os membros do comitê identificaram que a digitalização era uma das principais tendências do setor que precisa investir no maior acesso à informação como forma de aumentar a eficiência das operações, na segmentação e especialização dos times e no avanço das novas tecnologias que mudam o papel do vendedor.

Os convidados trouxeram, para o painel, experiências, cases de sucesso e notícias que contribuíram com a conquista desse objetivo. Para explicar a importância da segmentação do pequeno varejo, Danielle Dutra reforçou que antigamente poderia haver uma segmentação por porte de empresa, mas que, hoje, esse formato já não é mais suficiente. “O porte é apenas o primeiro ponto. É preciso segmentar também em áreas geográficas. É necessário entender que, em um mesmo local, pode-se ter clientes com perfis totalmente distintos. Então, a segmentação por perfil de comportamento também é fundamental”, declarou.

Agilidade e flexibilidade

Trazendo uma gigante do e-commerce global para a mesa de debates, Juliana optou por questionar o que a Alibaba, empresa chinesa de comércio eletrônico, fez para virar esse fenômeno de vendas. Para ela, o segredo está em entender que todo consumidor quer agilidade e flexibilidade. “Com o nosso pequeno varejo não é diferente. Todas as mudanças propostas precisam se conectar com o benefício entregue”, comentou. Ricardo Zuccollo, então, compartilhou detalhes sobre a E-COA, distribuidora nativa digital da Unilever que fomenta a digitalização do pequeno varejo. Segundo ele, a digitalização é um movimento que não tem mais volta. “É uma questão de tempo e tudo o que puder ser digitalizado, será digitalizado”, disse.Porém,é preciso investir no letramento de todos os atores envolvidos nos processos. E, aqui, entra o papel do vendedor, como explicou Junior. “Nosso maior ponto de contato com o varejo é o representante comercial. Temos, então, de transformar esse profissional de vendas no grande propagador da digitalização”, contou.

E quando se pensa no aparelhamento desses times comerciais, é preciso pensar nas ferramentas que serão utilizadas. Tirso Mello comenta sobre a necessidade de cuidar de todo o ciclo. “Da versão mais básica de controle de estoque até as mais modernas que contam com análise preditiva de dados”, disse.Para encerrar o debate, Tannus, do Grupo Martins, fez uma declaração importante sobre o futuro do Canal Indireto. “O nosso setor é resiliente. Enverga, mas não quebra. Cada empresa aqui faz de um jeito e não há certo ou errado. O que temos certeza é que sobrevive aquele que consegue se adaptar às transformações, finalizou.

Cenário atual

O último painel de conteúdo da 42ª Convenção Anual – ABAD 2023 Atibaia recebeu o economista Ricardo Amorim para uma palestra repleta de informações acerca do atual cenário macroeconômico brasileiro. O especialista trouxe números que mostram que o Brasil está em uma posição de destaque no ranking da desinflação e, em breve, deve entrar em um processo de queda da taxa de juros.“O Brasil é um dos países onde a inflação mais caiu, chegando a 1/3 do que atingiu no pico inflacionário há cerca de 18 meses”, disse Amorim enfatizando que temos a inflação mais baixa da América Latina e entre os países desenvolvidos.  Ele ainda acrescentou que com  a pisada no freio na política monetária que paralisou a elevação das taxas de juros, pode ver bolsas subindo, moedas emergentes se valorizando – entre elas o real –, menos aversão a risco e retomada dos IPOs. “E tudo isso nos leva a um cenário atrativo: o de que o Brasil será uma das primeiras grandes economias a de fato cortar a taxa de juros”, resumiu. Qual o impacto de tudo isso para o setor atacadista distribuidor? Na questão do consumo, é indireto, porém relevante, como menciona o economista. “Quanto menos juros, mais crédito. E quanto mais crédito, mais venda”.

Valorização do real

De acordo com Amorim, no ano passado – mesmo em um período eleitoral bastante conturbado – o real foi a moeda que mais valorizou entre as 30 principais do globo. Esse fato pode ser justificado por sermos uma nação exportadora de commodities, visto que as moedas de outros países similares, como Peru, Chile e México, também tiveram desempenho positivo. Outro cenário que coloca o país em uma rota positiva é a queda do desemprego.

“Fomos, em 2022, o país com a maior queda nessa taxa. Não houve nada parecido no mundo inteiro. Com mais gente trabalhando, mais gente com dinheiro na mão e pretensão de gastar no supermercado”, pontuou.Amorim enfatizou que, no período da pandemia, o Brasil assistiu à perda de 10 milhões de vagas de emprego, que  foram recuperadas e surgiram, ainda, mais 6 milhões de postos de trabalho preenchidos. “Porém, como temos uma taxa considerada bastante alta (8,8%), ainda há espaço para mais trabalhadores com mais renda e mais poder de consumo”, acrescentou.

O economista Ricardo Amorim abordou o atual cenário macroeconômico brasileiro em sua palestra

Paralelamente, ele lembrou que  o agronegócio nacional – grande exportador – vivencia uma grande fase. “Enquanto lucra com as supersafras, assiste países vizinhos como a Argentina sofrerem com a queda da produtividade. Além disso, detém o poder de atender às principais demandas da China, um dos compradores mais ativos do mundo, com  alta produção de minério de ferro e soja”, destacou.

A temática da reforma tributária – que foi amplamente debatida em um painel político específico – também ganhou espaço na apresentação de Amorim. Segundo ele, o texto atual não deve passar com facilidade pelo Congresso Nacional. “Precisamos, sim, de uma reforma. Porém, na minha visão, a chance dessa proposta não avançar é maior do que a de avançar”, mencionou.

Após a palestra de Ricardo Amorim, líderes do setor apresentaram suas percepções. Com a presença de Leonardo Miguel Severini, presidente da ABAD, o painel recebeu José Rodrigues da Costa Neto, da JC Distribuidora; Luciana Dal Berto, da Disdal Distribuidora de Alimentos; e Luiz Rabi, da Serasa Experian. Para Rabi, a agilidade do Brasil em desinflacionar a economia está relacionada à proatividade do Banco Central que, ainda em 2021, iniciou um aperto monetário.

Porém, apesar da queda na taxa de juros e da valorização do real ser positiva em termos gerais para o país, há uma preocupação setorial com esse cenário despertada por José Rodrigues da Costa Neto. “É bom para o país, mas traz alguns problemas para nós. No contexto histórico, em todos os anos que tivemos deflação, a rentabilidade foi difícil. Isso porque quando o preço do quilo transportado reduz, o custo aumenta. É hora, então, de voltarmos a fazer algumas contas”, estimulou.

Luciana também enxerga um ano desafiador. “O cenário, de fato, não é para amadores. Porém, sabemos que o brasileiro tem o empreendedorismo na veia, como uma habilidade inata, intrínseca em seu DNA”, ponderou motivada sobre a resiliência do setor mesmo em tempos de crise.

DB DigitalReceba no seu email

DB DigitalReceba no seu email