Cesta de oportunidades

Por Adriana Bruno

A Páscoa é sempre um período de oportunidades de negócio para toda a cadeia de abastecimento. De brinquedos a alimentos e bebidas – em especial os Ovos de Páscoa e os chocolates – uma gama diversificada de categorias passa a ser o foco do comércio visando, claro, o consumidor final.

Segundo Ubiracy Fonsêca, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (ABICAB), o Brasil tem uma das maiores páscoas do mundo que gera, neste período, um aumento significativo de empregos e negócios. “Em 2019, por exemplo, 18 mil empregos temporários foram gerados no período de Páscoa, tanto para as fábricas quanto para os pontos de venda, o que também envolve varejo e atacarejo. É um momento de oportunidades de negócio importantes, visto que os produtos de páscoa (tanto ovos quanto chocolates tradicionais, figuras de páscoa e outros) vem mantendo penetração acima de 60% nos lares brasileiros nos últimos anos, considerando o período de 2015 a 2018, de acordo com dados da Kantar, encomendados pela Abicab”, conta Fonsêca. Segundo ele, o que vemos ao longo do últimos anos, por meio da mesma pesquisa Kantar, é que os brasileiros têm optado por comprar um mix maior de produtos, incluindo ovos e o que se chama de produtos regulares como bombons, tabletes, entre outros.

E por falar em Ovos de Páscoa, Amanda Affonso, gerente de Marketing de Sazonais e Presenteáveis Mondelez conta que a empresa está otimista com a Páscoa 2020. “A Páscoa 2019 foi muito positiva para a empresa e o mercado. Estamos otimistas este ano, já que a Páscoa continua a crescer puxada tanto pela linha regular quanto nas vendas de ovos. “Acreditamos que teremos bons resultados na Páscoa de 2020, pois estamos apresentando uma ampla gama de produtos para celebrar este momento em família que atendem as mais diversas ocasiões”, comenta.

Já a Arcor aposta no planejamento do consumidor para impulsionar as vendas de Ovos de Páscoa neste ano. Segundo Anderson Freire, gerente nacional de Marketing Arcor Brasil, em 2019 a empresa faturou R$ 45 milhões no período, o que representou um aumento de aproximadamente 10% na performance em relação ao ano anterior. “Acreditamos que, como a Páscoa será em abril, as pessoas terão mais tempo para se planejar para as compras de ovos e chocolates. Prevemos um crescimento de 5% em unidades de ovos nos pontos de venda, número que deve atingir mais de 3,5 milhões de unidades. Sobre o faturamento, manteremos a meta de aumentar em aproximadamente 10% o resultado conquistado na temporada passada, valor que estimamos chegar em R$ 50 milhões de reais”, revela Freire.

Para atingir esses objetivos, a Arcor aposta no portfólio e preços atrativos. “Acreditamos que os sabores diferenciados podem ser uma grande tendência para a Páscoa 2020. Por esse motivo, temos em nosso portfólio, produtos variados que conversam com diferentes públicos e com uma abordagem bastante atual. Somada a estas características, temos a oferecer uma das melhores relações custo-benefício do mercado, colocando à disposição do consumidor produtos de qualidade e com preço bastante atrativo”, comenta Freire. O executivo adianta que neste ano a empresa lançará 14 Ovos de Páscoa, contra seis lançamentos em 2019.

Mais categorias

Mas nem só de chocolate vive a Páscoa. Categorias como azeites, pescados e bebidas também sentem o aumento no consumo o que demanda atenção redobrada do atacadista em relação ao mix trabalhado e a capacidade de abastecer o varejo, contribuindo para reduzir os índices de ruptura por falta de produto no ponto de venda.

De acordo com André de Martino, VP da Gallo Brasil, a cada ano que passa os brasileiros estão ampliando o uso do azeite em diferentes pratos e ocasiões. “Com isso, não vemos mais uma sazonalidade marcante como víamos na Páscoa. O consumo está cada vez mais equilibrado ao longo do ano. Mas ainda assim o período da Páscoa tem alta representatividade de vendas para Gallo”, comenta.

A empresa dará, em 2020, continuidade a campanha dos 100 anos da marca nos principais meios de comunicação e promete duas grandes novidades para os consumidores brasileiros, o Azeite Novo 19.20 e o Azeite Gallo Orgânico. “Além disso, para Gallo é essencial dar continuidade a excelente parceria comercial que conquistamos com os principais varejistas, atacadistas e distribuidores do Brasil”, reforça. Os novos azeites estarão disponíveis no mercado a partir de março.

E onde está o azeite, está o pescado. Para a Gomes da Costa, a Páscoa é o principal período de vendas, com aumento expressivo no consumo de pescados, seja em função da Quaresma, período em que os brasileiros tradicionalmente consomem mais peixes, por motivos religiosos, e também incentivados por ofertas e exposições no trade. “As vendas da Páscoa chegam a representar 40% da venda anual da categoria, sendo que os principais produtos são o atum e a sardinha enlatados. Uma orientação ao setor atacadista é ampliar um pouco o mix uma vez que tanto o varejo como o consumidor estão mais receptivos na Quaresma”, comenta Andrés Eizayaga, diretor Comercial da Gomes da Costa. Para 2020, a expectativa da empresa é de um aumento de 10% no consumo dos produtos em relação ao ano passado.

A Beira Alta, que também tem na Páscoa um de seus principais picos de vendas, anuncia lançamentos para o período. Segundo Alexandre Loverri diretor de operações comerciais e vendas da empresa, a linha de atum deve receber novos produtos focados para atender o foodservice. “Além disso, a Beira Alta prepara o lançamento de sua sardinha. Como na quaresma há um pico de consumo estamos nos planejando para atender a essa demanda”, comenta Loverri.

Se para a indústria o período é positivo no ponto de venda a história se repete. A Casa Flora, por exemplo, espera um crescimento entre 15% e 20% nas categorias de vinhos e azeites. “Apostamos numa retomada do consumo em função do momento da economia. Além disso o consumidor pode voltar a consumir os produtos de maior qualidade, perfil de atuação da empresa”, comenta Antonio Pereira Carvalhal Neto, diretor da Casa Flora Importadora. Ele acrescenta que com essa expectativa de aumento de consumo em função da retomada da economia é importante que a cadeia como um todo se prepare e abasteça para não perder oportunidades.

Planejamento

E é exatamente para não perder oportunidades que o setor atacadista distribuidor precisa se preparar com antecedência para o período. O que, via de regra, é lição de casa para todo o calendário sazonal. “É fundamental que os atacadistas se abasteçam com antecedência. Outro ponto importante é investir em treinamento para equipe de vendas. Todos devem saber que neste período as vendas aumentam e é preciso estar preparado para oferecer os melhores produtos para os clientes. Campanha de incentivo de vendas também é uma ótima oportunidade para motivar a equipe e aumentar o desempenho em itens de valor agregado”, orienta De Martino.

Para aqueles que trabalham os chocolates um aviso: neste período, todo cuidado é pouco com o produto! “É importante que os lojistas e comerciantes armazenem os ovos em locais com temperatura entre 20° C a 25° C. A partir dessa temperatura, o chocolate já começa a amolecer e consequentemente perde o seu brilho. Conservar os ovos em uma temperatura abaixo de 19° C evitará que ele derreta, mas criará umidade no chocolate, perdendo sabor. Além do cuidado no estoque e no transporte até o varejo. Sabemos que é um período muito movimentado, por isso é importante o abastecimento adequado à demanda do período e precificação atrativa e visível”, orienta Amanda Affonso.

Além dos cuidados com estoque e armazenamento dos produtos é preciso pensar na logística. Para Freire é importante que haja uma organização nas entregas dos produtos e uma logística que atenda às necessidades de cada loja do varejo. “Para que não falte comunicação e não ocorra uma possível falta de estoque, atingindo o consumidor. É fundamental que o atacado entenda que o varejista precisa trazer para sua loja o clima da Páscoa. Quanto mais ovos espalhados pelo ponto de venda, mais chances de impactar o consumidor, e maior o retorno para o varejista”, orienta.

 

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