Auxílios federais amenizam impacto da pandemia na renda das famílias, mas Natal deve ser de cautela

Diagnóstico inédito da FecomercioSP sobre o comportamento dos rendimentos das famílias brasileiras, ao longo do primeiro semestre de 2020, em comparação ao ano passado, aponta que a maioria das classes sociais registrou queda na renda. O estudo foi realizado utilizando as variáveis mais relevantes para apurar não apenas os impactos da crise causada pela pandemia, até o momento, mas também as condições econômicas da população.

Todas as classes sociais mostraram quedas em relação ao primeiro semestre de 2019, tanto no total da massa de renda semestral como na média mensal familiar, com exceção da classe de renda E (que teve um acréscimo de 61,5% durante os meses de auxílio emergencial considerados). Essas quedas se deram de forma diretamente proporcional ao nível de rendimento, ou seja, o grupo com maior redução foi a classe A (-2,1% na média mensal) seguida por B (-1,7%), C (-1,3%) e D (-0,8%). No total, a renda média mensal familiar teve alta de 2,6% acima da média do ano anterior, principalmente em razão do acréscimo na renda da classe E, com base nos benefícios federais.
Contudo, mesmo que a concessão de benefícios e antecipações concedidas pelo governo, ao longo do primeiro semestre de 2020, tenha sido decisiva para impedir uma degradação ainda maior da renda familiar no período, as projeções para o fim do ano são pouco promissoras. Como grande parte do décimo terceiro salário já foi pago, mais a redução no auxílio emergencial, não haverá sustentação para o aumento tradicional de consumo da época. Assim, o comércio não espera um Natal de recuperação.

O estudo procurou abranger a avaliação do montante da renda em seu aspecto mais amplo, ou seja, considerando desde os rendimentos do trabalho até a renda não monetária das famílias (proveniente de aquisição, mas sem contrapartida em pagamento monetário), além das receitas dos aposentados e das transferências governamentais no período.

Os rendimentos provenientes do trabalho, grupo de mais peso no total da renda agregada, apresentou queda de 1,4% no semestre, sendo importante destacar que ocorreu retração de quase 6% dessa renda no segundo trimestre em comparação ao primeiro, resultante das medidas de contenção da pandemia.

Papel dos auxílios federais na renda das famílias

Os auxílios federais que foram concedidos ao longo do primeiro semestre de 2020 alcançaram a soma de quase R﹩ 100 bilhões, aproximadamente 318% de aumento em relação ao mesmo período de 2019. Nesse sentido, a massa de renda das famílias, caso não tivessem sido concedidos esses benefícios, teria apresentado redução de 0,63%, em vez do aumento de 3,3% efetivamente registrado.
Nesse mesmo sentido, 85% desses aumentos foram destinados à classe de renda E, composta por 46,5 milhões de pessoas (17 milhões de famílias), cujo recebimento foi praticamente oito vezes (779%) superior ao registrado em 2019, no mesmo período. Caso não tivessem existido, teria sofrido uma queda de 0,4% na sua renda, já bastante reduzida.

A renda decorrente de aposentadorias mostrou o maior aumento entre todos os componentes considerados, muito disso em virtude da antecipação do pagamento do décimo terceiro aos pensionistas, ocorrida em abril e maio.

Já o auxílio emergencial, mesmo prorrogado, sofreu redução no valor e não deve ter as mesmas relevância e eficácia para mitigar eventuais quedas de renda decorrente de aumento de desemprego – que, só no comércio varejista do Estado de São Paulo, já demonstrou queda de cerca de 114 mil vagas formais até julho.

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