Embora os indicadores sejam importantes para mostrar caminhos da economia brasileira, as empresas do canal indireto sabem que o setor tem suas peculiaridades, bem como as regiões de atuação. A Oniz Distribuidora enfrenta, simultaneamente, o desafio de manter os pés no chão considerando a conjuntura nacional e, principalmente, os problemas surgidos com a inundação do Rio Grande do Sul, estado responsável por 40% do faturamento da empresa. “Na região, a economia ainda está retomando. Os clientes varejistas atingidos pela enchente ainda enfrentam bastante dificuldade, especialmente os pequenos. Alguns nem conseguiram abrir as portas até agora e temos três ou quatro clientes grandes fortemente impactados”, observa José Luís Turmina, CEO da distribuidora.
A empresa colocou em prática um programa de ajuda aos pontos de vendas atingidos, com ações, como alongamento de prazo de pagamento e ofertas de mercadorias bonificadas (concretizadas com o auxílio de fornecedores). Além do mercado gaúcho, a
Oniz abastece o Paraná e o interior de São Paulo, sendo que este último vem sendo o alavancador de negócios para a companhia, que prevê crescimento acima de 10% para 2024.
A empresa tem um portfólio de 2 mil itens e 30 mil clientes. E mantém no radar o cenário nacional e o poder de compra do brasileiro.
Creio que a sensação de instabilidade e a insegurança com o futuro pesam na decisão do consumidor. Ele está muito mais consciente e cuidadoso, busca o melhor valor para o dinheiro (custo x benefício), o que, em algumas categorias, estimula o trade down (movimento de escolha
de produtos de menor valor) e, em outras, o trade up (indicador de compra de itens de maior valor).”

O empresário destaca ainda a importância de considerar a “disputa” de diversos setores pelo orçamento limitado do brasileiro, que vai dos gastos com a casa até o lazer, e inclui compras no varejo, apostas online e serviços de internet. “Tem ainda o endividamento
caro para compra de bens duráveis.”
Turmina entende que as empresas têm de atuar com foco mais apurado na execução, na busca pela eficiência da gerência de custos e na criação de valor. “Creio que serão os pontos-chave para as empresas perdurarem e crescerem nos próximos anos, quando tanto o cenário internacional quanto o regional parecem propícios para as empresas nacionais”.
DE NORTE A SUL Com uma operação gigante, de abrangência nacional, o Grupo Martins administra uma carteira de 120 mil clientes atendidos mensalmente, sendo 74 mil do canal alimentar, que, juntamente com a farma, alcança 90 mil, e dos ramos de material de construção e eletros. Com um mix de 24 mil produtos, a empresa mantém a rotina de focar na gestão sob o olhar atento nos movimentos observados a curto prazo, sem perder de vista os planos de investimentos e perspectiva a longo prazo, como recomendam os especialistas.
Temos uma preocupação grande em acompanhar a gestão de estoque, mesmo porque o grande investimento é feito no capital de giro. E também olhamos os prazos concedidos de pagamento, índice de inadimplência. E não só pela perspectiva de cortar crédito, como também para ampliar a oferta
Embora observe que atividade econômica esteja em um momento favorável, Batista enxerga a importância de avaliar o ritmo dos negócios a partir das respostas obtidas no mercado e agir com cautela. “Precisamos olhar para o nosso setor, principalmente para o pequeno e médio varejista que vende produtos de grande necessidade, cesta que é sinalizadora de como está a demanda de fato, ainda não vemos esse impacto tão favorável do PIB. Notamos, sim, o movimento de trade down”, explica Rubens Batista Junior, CEO da empresa.
No ano passado, o executivo recorda que ocorreu forte queda de preços e, agora, é possível detectar a busca pela recuperação de preços, o que causa um componente “de certa forma” inflacionário. “É importante considerar que existe um ambiente extremamente competitivo, de conflito de canais de vendas. Vemos também os clientes buscando produtos mais baratos mudando marcas. Ou seja, neste momento não se observam essas notícias tão boas com a possibilidade de forte aumento de demanda”, reforça.
O grupo mantém a previsão de encerrar 2024 com crescimento de um dígito no varejo alimentar e farma. “Percebemos que cada vez mais os negócios levam em consideração o momento do consumidor. E, por isso, aumentam o número de lojas e de categorias que trabalham. Hoje, vemos farmácias que são quase uma loja de conveniência.”
DUPLO PAPEL A Casa Flora Importadora, que trabalha como atacadista e distribuidora de produtos por todo o Brasil, começou a importação direta nos anos 1990, expandindo além do papel de atacadista. Segundo Antonio Carvalhal Neto, um dos seus diretores e descendente de um dos fundadores, a expectativa está bem grande para este fim de ano e também para 2025. “Temos um duplo papel na cadeia de abastecimento, de importar e distribuir para as empresas do setor, além de abastecer os milhares de restaurantes, bares, hotéis, varejistas, enfim estamos sempre observando o cenário econômico porque para importar se demora cerca de 90 dias, desde comprar até chegar para nós, em nossos CDs, que são dois, um em Guarulhos/ SP e outro próximo a Curitiba, no Paraná”, explica Neto.
Ele acrescenta que o consumidor está se permitindo a conhecer e experimentar novos produtos.
Aconteceu durante a pandemia e continua até hoje, o brasileiro quer desfrutar de novidades (alimentos e bebidas) daí o nosso desafio, mas sempre de olho no cenário econômico que continua muito desafiador

A exploração de produtos como frutas secas, azeitonas e bacalhau iniciou na década de 1990, mas são as viagens para prospectar fornecedores e participar de feiras internacionais que abriram os olhos para um mercado ainda escasso no Brasil: o vinho. Em poucos anos, a Casa Flora consolidou e deu estrutura à importação de vinhos, estabelecendo, em 1998, a importante parceria com a Vinícola Santa Carolina. Mais recentemente, Neto esteve no Japão para conhecer o que poderia ser vendido no Brasil.
“Isso não quer dizer que não trabalhamos com indústrias brasileiras e também com a nossa marca própria”, lembra.
Para entrar bem o ano de 2025, o empresário destaca que já foram feitos e introduzidos novos processos na empresa, adequando a gestão e com investimentos em tecnologia, além de trabalhar com exclusividade e parceiros de peso, como a Paganini, de massas, entre muitas outras. “Fazendo a lição de casa bem feita para fecharmos 2024 com crescimento de 12%, que é a nossa meta, sobre 2023, além de comemorar os 35 de trabalho no que- sito importação para atendermos com excelência os nossos clientes do canal indireto com produtos inovadores e prestar um bom serviço.