Em palestra para empresários do setor em Santa Catarina, ex-ministro fala da economia global para mostrar que o país é a “bola da vez”. “O Brasil é um gigante econômico que, com resiliência e visão de futuro, chegará ao topo, apesar dos desafios”. A frase, carregada de otimismo, foi dita pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes durante a palestra intitulada Economia e Futuro: Desafios e Oportunidades, realizada no 11º Encontro Sul-Brasileiro de Atacadistas e Distribuidores, de 13 a 15 de setembro, em Gaspar, Santa Catarina.
Didático e cauteloso com as palavras, o ex-ministro fez uma ampla explanação sobre a economia global como pano de fundo para apresentar as perspectivas futuras. Segundo ele, enquanto o mundo vive uma desordem econômica depois de 80 anos de desenvolvimento e prosperidade, iniciados pós-Segunda Guerra Mundial, o Brasil vive um momento de recuperação, saindo de um período de crises para se tornar uma alternativa atraente para investimentos globais.
Guedes acredita que o mundo viveu uma era de ouro após a guerra, com os norte-americanos reconstruindo a Europa e promovendo a democracia e a economia de mercado. Bilhões de pessoas saíram da miséria, e os países se fortaleceram, consolidando suas democracias. Os gigantes comunistas, por sua vez, trilharam caminhos opostos. A China, ao abraçar o capitalismo sem sindicalismo e com uma força de trabalho massiva, se tornou uma potência global. A Rússia, ao não fazer essa transição com a mesma eficiência, optou por conflitos geopolíticos para manter sua relevância internacional.
Isso mostra que o socialismo falhou como doutrina econômica, tanto na China quanto na Rússia. Mas a China soube resolver o problema. O verdadeiro motor do progresso foi a adoção do capitalismo.
ressaltou Paulo Guedes
Ele também destacou o Oriente Médio, afirmando que, enquanto os países árabes, ricos em petróleo, buscam modernizar-se e integrar-se à economia global, grupos extremistas alimentam o caos, impedindo que acordos de paz e avanços econômicos sejam alcançados. “Não adianta propor democracia nesses lugares. Não estão preparados para viver de forma conjunta, não são politicamente resolvidos”, disse.
No cenário latino-americano, Guedes apontou a crescente polarização política e as dificuldades econômicas enfrentadas por países como a Venezuela, sob o regime de Nicolás Maduro. Segundo o ex-ministro, a região tem testemunhado a ascensão de forças conservadoras em resposta ao esgotamento das políticas de esquerda, que não conseguiram resolver questões econômicas e sociais, uma tendência que deve se fortalecer nos próximos anos.
Nos Estados Unidos, a possibilidade de retorno de Donald Trump à presidência é real, segundo Guedes. Essa mudança política pode intensificar as tensões globais e alterar a dinâmica de cooperação econômica. Diante dessa reconfiguração, a América Latina precisa estar preparada para enfrentar um cenário político-econômico complexo, com governos conservadores e liberais disputando espaço.
POTÊNCIA EMERGENTE Em resumo, a desordem econômica atual, segundo o ex-ministro, é, em grande parte, causada pelos perdedores da história. São esses grupos que provocam confusão e arrastam outros países para o caos. E, em meio a essa desordem, com milhões de imigrantes buscando refúgio, o Ocidente entrou em modo de sobrevivência. “Com isso, o conservadorismo cresce porque responde a problemas concretos. Defende a economia de mercado e os valores fundamentais da civilização”, afirmou Guedes. Por isso, segundo ele, o Brasil é a bola da vez. Apesar dos desafios econômicos e políticos que ainda persistem, o país se posiciona como uma potência emergente em várias frentes.
Ele destacou a importância da segurança jurídica, da propriedade privada e da redução de impostos como pilares fundamentais para o crescimento sustentável do país. Para Guedes, o Brasil está no caminho certo ao ampliar suas relações comerciais e atrair investimentos.
Ele argumentou que o Brasil vive um momento de recuperação, saindo de um período de crise para se tornar uma alternativa atraente para investimentos globais. Ele lembrou que o país tem um dos maiores potenciais energéticos do mundo, com 85% de sua matriz sendo limpa e renovável, o que coloca o Brasil em uma posição de liderança na transição energética global. Além disso, ele afirmou que o Brasil está na rota de ser um dos maiores players na descarbonização, um tema de crescente importância para investidores internacionais. Outro ponto abordado foi a segurança alimentar. Segundo Guedes, o Brasil é uma potência inevitável nesse campo. Com vastos recursos naturais e uma enorme capacidade produtiva, o país desempenha um papel estratégico na garantia de alimentos para uma população mundial crescente.
Apesar das incertezas globais e do “barulho” político, ele acredita que o Brasil possui “força vital” e que, enquanto o mundo enfrenta uma reconfiguração geopolítica e econômica, o país tem as condições necessárias para sair fortalecido. O Brasil, segundo ele, tem mostrado resiliência em crises anteriores e precisa continuar focado em suas vantagens comparativas, como sua vasta matriz energética e capacidade produtiva, para seguir avançando.
QUEM É
- NOME: Paulo Roberto Nunes Guedes
- IDADE: 75 anos, nasceu no Rio de Janeiro
- FORMAÇÃO: Economista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais, mestre e doutor pela Universidade de Chicago, e foi professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
- CARGO PÚBLICO: Ministro da Economia do Brasil no governo Jair Bolsonaro, de 2019 a 2023.
- CARREIRA PROFISSIONAL: Foi um dos fundadores do Banco Pactual e de vários fundos de investimentos e empresas. Foi também vice-presidente do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec).