A sazonalidade sempre é uma boa oportunidade para transformar datas e eventos em vendas. Chegada do verão, férias e Natal são períodos importantes tanto para o canal
indireto como para os pequenos e médios varejistas, afinal de contas, as pessoas estão mais propícias a gastar com itens como bebidas, alimentos rápidos, sorvetes e até mesmo aqueles itens necessários para receitas especiais, além de reforçarem os cuidados com cabelos e proteção contra insetos, por exemplo.
De acordo com o Sebrae, para o comércio, o Natal é um dos eventos mais promissores do ano; uma vez que o clima natalino aumenta a procura por produtos e serviços e, além disso, é uma oportunidade para vender e consolidar clientes seja no B2B ou no B2C.
E, por falar em Natal, os panetones e bolos natalinos estão entre os produtos mais vendidos até mesmo antes da data. “Sabemos que essa tradição de Natal é muito querida pelas famílias brasileiras e a demanda tende a crescer ainda mais.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados (Abimapi), o setor espera um crescimento de 3% a 5% no volume de vendas e 5% a 8% no faturamento de panetones em 2024”, comenta Luciana Rangel do Carmo, gerente-executiva de marketing, P&D e qualidade da Wickbold, que detém a marca Seven Boys. Segundo ela, ainda de acordo com a associação, o formato tradicional foi o preferido entre os consumidores no ano passado. “A Abimapi mostrou também que a categoria tem atraído um público mais diversificado, incluindo a geração mais jovem”, diz.
Segundo Matias Torterolo, gerente de marketing de biscoitos da Arcor do Brasil, uma pesquisa realizada pela Kantar apontou que a linha de panetones premium foi a que mais apresentou crescimento em volume no Natal de 2023. “O atacado distribuidor deve priorizar mais espaço e melhor localização para os panetones, valorizando um mix que contemple os sabores premium sem deixar de lado as linhas tradicionais como frutas e recheados”, diz.
Acreditamos que o mix mais assertivo para o pequeno e médio varejista é aquele que atende o que o consumidor deseja.
Já Eros Pacheco, gerente nacional de vendas e marketing da Festtone, afirma estar otimista com as vendas de 2024. “A expectativa para as vendas de panetones em 2024 é bastante otimista, apontando para um crescimento expressivo no setor. Esse entusiasmo se baseia na recuperação da categoria observada no ano anterior, que trouxe de volta o interesse dos consumidores. A Festtone tem uma meta audaciosa de crescimento de 30%. Isso significa a adição de mais de 2 milhões de Panettones Festtone em 2024”, destaca.
Apostar em um portfólio diversificado tanto de marcas quanto de sabores é a estratégia a ser adotada pelo atacado distribuidor para ofertar uma gama maior de produtos para o cliente varejista. Isso, consequentemente, facilita a chegada de itens na gôndola, atendendo todos os perfis de consumidores.” A exposição dos produtos também é um fator importante: por não existir um ponto natural em loja, o varejo necessita garantir pontos extras para que o produto esteja visível e acessível ao consumidor. Para isso, desenvolvemos um portfólio de merchandising pensado para esse perfil de loja, de forma a explorar pontos como check-out, ilhas e cross”, recomenda Eduardo Abritta, diretor de trade marketing da Bauducco. Ele diz ainda que, para 2024 ,a empresa continuará apostando em um portfólio diversificado.
Luciana do Carmo acrescenta que, para garantir que o atacado distribuidor tenha um fluxo contínuo de produtos e não faltem panetones no pequeno e médio varejo, é fundamental manter uma comunicação próxima e transparente com os clientes. “Recomendamos que os distribuidores façam um planejamento de estoque com antecedência, considerando as vendas sazonais e as preferências da sua região”, pontua.
Em relação às tendências para 2024, Luciana afirma que os sabores tradicionais, como frutas e gotas de chocolate, continuam no topo da preferência dos consumidores, além da demanda por opções mais equilibradas, como os sem glúten, que ainda assim trazem todo aquele aconchego das receitas tradicionais. “Os brasileiros também esperam embalagens temáticas que podem transformar uma simples compra em um presente para a época.”
BEBIDAS Ao olhar para o público jovem é preciso considerar o mercado de energéticos. Segundo Thamara Mileski, gerente de marketing da Britvic Brasil, trata-se de um mercado avaliado em R$ 8,4 bilhões que segue em plena expansão, com crescimento anual de cerca de 20%. “É a categoria que mais impulsiona o crescimento da cesta de bebidas”, afirma. Ela ainda conta que, no Brasil, as tendências em energéticos indicam um crescimento expressivo tanto nos formatos quanto nos sabores.
“Outra categoria de bebidas que merece atenção no período é o café. Mesmo com o calor, o brasileiro não abre mão do seu cafezinho e com o período de férias, muitas famílias acabam comprando uma quantidade maior do produto, para levar em viagens, por exemplo. Daí a importância de não haver ruptura do produto em gôndola. De acordo com André Maurino, presidente da JDE Peet’s Brasil, o café compõe a cesta básica e está pre- sente em 98% dos lares brasileiros. “Além disso, o café está presente em diferentes ocasiões de consumo dentro e fora do lar. Pode ser consumido no café da manhã, durante uma reunião, após a refeição ou no café da tarde. É uma tradição”, diz.
Marino acredita que a premiunização continuará sendo uma forte tendência nos próximos anos, pois ela vem impulsionando a diversificação de categorias no mercado cafeeiro e mostrando o quanto as preferências dos consumidores pelo café estão sendo aprimoradas para além do cafezinho tradicional.
Já pensando no momento de festejar, vinhos e espumantes são destaque.
“No verão, temos um aumento expressivo no consumo de espumantes, de frisantes e vinhos brancos e rosés, assim como dos produtos zero álcool, elaborados à base de suco de uva”, conta Rodrigo Valerio, diretor de marketing e vendas da Cooperativa Vinícola Aurora.
Ele diz ainda que mesmo com a diminuição da sazonalidade, os espumantes têm seu ápice de mercado nas datas comemorativas e situações de consumo que envolvam festas e celebrações.
“Cerca de 40% das vendas dos espumantes se concentram no último trimestre do ano. Na categoria, quase metade do total comercializado pela Aurora são os tipos moscatel e brut. Já em relação a outros produtos, como vinhos, sucos, coolers, frisantes e outras bebidas, a venda de itens no período varia de 25% a 30% do total anual”, comenta. Valério ainda afirma que há uma tendência mundial muito grande por vinhos brancos e espumantes, além de itens sem ou com baixo teor alcoólico, como suco de uva e cooler. Ainda falando de bebidas, mas focado em lácteos, a mudança na rotina das famílias nas férias escolares, cresce a busca por produtos mais indulgentes como os sorvetes, petit suisse e bebidas lácteas.
“O mercado de lácteos está em constante evolução, com os consumidores buscando produtos mais práticos e saborosos. A nutrição começa desde a infância. Então é importante para as marcas terem uma linha que conquiste todas as idades”, comenta Karina Monteiro, gerente de marketing da Trevo Lácteos.
Segundo dados da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o consumo de leite no Brasil cresceu 3,5% em 2022, alcançando 138,5 litros por pessoa ao ano. “O mercado de iogurtes infantis apresenta um enorme potencial de crescimento, impulsionado pela crescente preocupação das mães com a nutrição dos filhos e pela busca por produtos práticos e saborosos. O nosso país se destaca como maior produtor de iogurte da América Latina, com um consumo de 6,7 kg por ano, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). É um segmento de alta expansão que tem crescido muito nos últimos anos”, revela Karina.
CUIDADOS PESSOAIS Com as férias e os dias mais quentes, as pessoas também se expõem à água do mar, piscina e ao sol. O que demanda um incremento na cesta de produtos destinados aos cuidados com os cabelos. “O consumo de produtos específicos para cuidados com os cabelos tende a crescer significativamente no verão. Além disso, há uma demanda maior por produtos que ofereçam fórmulas com proteção térmica e filtros solares, já que o calor e a radiação UV aumentam nesse período e intensificam os danos aos cabelos. O verão também costuma estimular um comportamento de cuidado mais intenso e preventivo, levando as consumidoras a investir em produtos que mantenham a saúde e beleza dos fios durante toda a temporada”, afirma Ligia Vulcano, head de marketing da Unidade de Cabelos, responsável por Neutrox.
Segundo ela, para preparar o varejo de maneira eficaz e estratégica no setor de cuidados capilares, o atacado distribuidor deve adotar uma abordagem que vá além de simplesmente abastecer o estoque, garantindo um mix diversificado e adaptado à demanda. “Além disso, o distribuidor deve fornecer treinamento aos seus times sobre os diferenciais de cada linha/ produto. A diversificação do mix de produtos é outra etapa essencial”, destaca.
INSETICIDAS Outro cuidado que também abre oportunidades de vendas é a categoria de inseticidas. Segundo Gregory Shinmyo, gerente de marketing e trade marketing de Inseticidas da Flora, as vendas de inseticidas costumam crescer no fim de ano, especialmente devido ao aumento das temperaturas e às ondas de calor no Brasil, que tornam a presença de insetos mais frequentes. Além disso, o risco elevado de doenças como a dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, reforça a busca por soluções eficazes para o controle de insetos. “Acompanhando esse crescimento do mercado, no ano de 2023, Mat Inset cresceu 60%, impulsionado pela maior abrangência em âmbito nacional. Na temporada, em meses com maior demanda, a representatividade das vendas é de aproximadamente 60%. Nos demais meses, é de 40% (existem variações por regiões/estados). Os meses com maior demanda por inseticidas são entre outubro e março. Ele diz ainda que a recomendação para trabalhar a categoria dentro do atacado é ter o mix completo de produtos para cada ação e proteção.
Para o pequeno e médio varejo, Shinmyo recomenda manter estoques bem abastecidos para assegurar a disponibilidade dos produtos, especialmente durante os períodos de intensas ondas de calor e proliferação de insetos. “Já os repelentes elétricos são o segundo maior mercado dentro da categoria de inseticidas e são divididos em duas subcategorias: pastilha e líquidos, importante a presença das duas versões no PDV, com os aparelhos e os seus respectivos refis. O repelente espiral também faz parte do sortimento ideal”, finaliza.
SORVETES: CATEGORIA DE INDULGÊNCIA E RESULTADOS
A categoria de sorvetes não pode ser negligenciada nem pelo canal indireto nem pelo varejo. Vale lembrar que o mercado brasileiro é muito ligado à sazonalidade, havendo
picos de demanda em ondas de calor, não necessariamente em estações do ano, que não
são muito bem definidas no Brasil. “Historicamente no Centro-Sul do país, há um aquecimento na região a partir de setembro, mesmo antes da primavera, com uma temporada permanecendo em alta até março do ano seguinte. Os meses marcados por pico de demanda são setembro (início da temporada), dezembro (calor intenso, férias escolares e fim de ano – temporada de festas) e janeiro (calor e férias escolares). Em meses de pico de demanda, é possível notar aumentos de receita em até 50%
da média histórica”, destaca Eduardo Dalcin (foto), gerente de supply chain da Perfetto.
Segundo ele, nota-se um crescimento de demanda por porções menores, permitindo ao consumidor manter o produto em freezer por menos tempo ou abrir a possibilidade de aumentar o sortimento de produtos dentro do mesmo espaço de freezer. “Também é possível destacar a busca por praticidade, em produtos que possam oferecer uma sobremesa completa ou formas mais práticas de consumo”, diz.