Preços de alimentos básicos sobem sob efeito de pandemia

A pandemia de coronavírus se espalha cada vez mais entre as cadeias de suprimentos globais, e os preços dos principais itens básicos começam a subir em algumas partes do mundo.

Os preços do arroz e do trigo – culturas que representam cerca de 30% das calorias consumidas globalmente – sobem rapidamente nos mercados à vista e de futuros. Para países que dependem de importações, essa alta cria mais um ônus financeiro justo quando a pandemia afeta a economia e reduz o poder de compra. Na Nigéria, por exemplo, o preço do arroz nos mercados de varejo aumentou mais de 30% apenas nos últimos quatro dias de março.

Não está claro quais fatores puxaram os preços no varejo, se seria um efeito cascata do mercado futuro de grãos, gargalos logísticos locais, compras motivadas por pânico ou uma combinação de tudo isso.

O que está claro é que, embora a oferta global de alimentos esteja longe da escassez, aumenta a expectativa sobre a capacidade de governos de garantir o abastecimento e a um preço justo.

“Sem o coronavírus, não haveria nenhum problema”, disse Stefan Vogel, chefe de pesquisa de commodities agrícolas do Rabobank International. “As pessoas começam a ficar preocupadas com a cadeia de suprimentos.”

A maioria das medidas de preços da economia está movendo os elementos em uma direção diferente. Há preocupações com a deflação devido à paralisação das empresas, aumento do desemprego e colapso dos preços no mercado de petróleo causados pela pandemia. Um indicador global de custos dos alimentos mostrou forte baixa no mês passado, em grande parte devido ao efeito cascata da queda dos preços de energia que afeta a demanda por produtos como o açúcar, que é transformado em biocombustível.

No entanto, os preços dos alimentos não se movem uniformemente em todo o mundo. Mesmo dentro dessa queda mais ampla, alguns itens básicos foram exceção. O arroz registrou o terceiro aumento mensal seguido.

Embora os estoques mundiais de grãos estejam repletos há vários anos, a resposta ao vírus dificulta o transporte de alimentos e ajuda a impulsionar os preços. Esse movimento coincide com o aumento da demanda de consumidores em quarentenas que acumulam produtos.

Além disso, países como Rússia, Cazaquistão e Vietnã tomam medidas para garantir o suprimento interno com restrições às exportações.

Com isso, os preços de exportação do arroz da Tailândia, o segundo maior exportador do mundo, estão no maior nível em seis anos. Os contratos futuros do trigo em Chicago, referência mundial, subiram mais de 8% em março, enquanto o durum canadense, o tipo de grão usado em massas e cuscuz, está no maior patamar desde agosto de 2017.

Há também sinais de alta de preços de alguns alimentos nos EUA. Os preços dos ovos no atacado subiram para nível recorde, e os pedidos de supermercados estão seis vezes maiores do que o volume normal. Os preços da carne bovina também aumentaram, embora parte dos ganhos tenha desacelerado na última semana.

Fonte Valor Econômico
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