Cencosud quer 40% da venda em atacado e mais lojas em SP

A chilena Cencosud vai acelerar as aberturas em São Paulo de lojas do Giga Atacado, rede de atacarejo adquirida em maio por R$ 500 milhões, e buscar um “equilíbrio” na receita entre atacado e varejo da venda total – hoje atacado é 30% – para tentar crescer mais rápido no país. A empresa vem perdendo mercado nos últimos anos com o avanço de concorrentes regionais brasileiras.

Entre os seis países onde o grupo opera, o Brasil é seu terceiro maior mercado, atrás de Chile, Argentina, e fica empatado com os Estados Unidos. O grupo comprou o controle da Fresh Market, nos EUA, em maio deste ano.

Enquanto as vendas de supermercados e hipermercados no Brasil recuaram 10% de janeiro a março, o atacarejo cresceu 90%, em relação a igual período de 2021. Com receita de R$ 9,1 bilhões em 2021, o grupo chileno teve queda de 3% nas vendas no período.

“Eu quero aumentar essa fatia [ do atacarejo] de 30% para mais de 40%, mais próximo de um ‘meio a meio’ do que o que temos agora. Esse índice era de 7% em 2020. Queremos ganhar escala e volume de venda no atacado, um segmento mais resiliente”, disse Sebastián Los, presidente no país e executivo do grupo desde 2002. “No braço de varejo, procuramos maior eficiência em despesas e conseguir ir melhorando rentabilidade”, disse. Em março eram 355 lojas do grupo no país, sendo 319 supermercados e hipermercado, e 36 atacados.

Na sexta-feira a empresa comunicou a conclusão do processo de aquisição do Giga, após sinal verde do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Los disse que o empresário Andre Nassar, da família fundadora do Giga, vai comandar o projeto de expansão do Giga, paralelamente a uma conversão de lojas de varejo em atacarejo. Essas migrações já vêm ocorrendo – de março de 2021 a março deste ano foram 19 – especialmente da rede Bretas, em Minas Gerais e Goiás, na marca Bretas Atacado.

Questionado sobre os números de inaugurações e migrações em 2022, Los prefere não dar detalhes. Projeções da Cencosud, publicadas em março, citam, pelo menos, cinco conversões de lojas em atacarejo no Peru e Brasil em 2022, e menciona espaço para aquisições.

Sobre outras compras de ativos no país, especialmente eventual interesse nas lojas do Makro em São Paulo, Los disse que a empresa não deve fazer propostas.

Ele afirma que há diversas “avenidas de crescimento” para o Giga – especialistas dizem que a marca vai se interiorizar após crescimento focado mais na capital paulista e região metropolitana. O processo de integração do Giga deve começar nesta semana. A área corporativa será unificada em 3 ou 4 meses.

A marca Giga deve ser mantida em São Paulo e a Mercantil Rodrigues, forte no atacarejo no Nordeste, permanecerá nessas regiões. Os recursos para pagamento do Giga vieram da operação no Brasil, por conta do baixo endividamento local, optou-se pela busca de linhas no país. Apesar da alta nos juros, Los disse que obteve linhas “competitivas”, sem citar as condições.

O executivo, que acaba de voltar de uma viagem a Miami (EUA) para conhecer a Fresh Market, nova cadeia do grupo, vê iniciativas em produtos perecíveis por lá adaptáveis ao Brasil.

Los não descarta uma primeira oferta de ações no país, as instabilidades perderem força.

O executivo diz que no Brasil a fase mais difícil já passou. “Nossa margem bruta supera 23% no varejo, aumentando 1,2 ponto de janeiro a março, e acima de outras redes [no Carrefour ficou em 22,6% em março], então estamos num processo de melhora de resultados”. No primeiro trimestre, o prejuízo no país foi de R$ 87 milhões, alta de 173%.

Fonte: Valor Econômico

Notícias Relacionadas
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

DB DigitalReceba no seu email

DB DigitalReceba no seu email