Retrospectiva: os negócios que marcaram 2017

Este foi um ano repleto de grandes negócios no Brasil e no exterior. E em todos os setores. De cervejarias a companhias de entretenimento, nomes de peso foram às compras (ou foram vendidos). Natura, Heineken, Itaú Unibanco e Disney encabeçam a lista das fusões e aquisições. Confira os maiores na lista abaixo:

Novo gigante do tabaco

A fabricante britânica de cigarros British American Tobacco (BAT), que no Brasil é dona da Souza Cruz, anunciou logo no começo do ano a compra da rival americana Reynolds American em uma transação de cerca de US$ 50 bilhões. Com o acordo, a BAT se tornou a líder do setor nos EUA e a maior empresa de tabaco do mundo com ações negociadas em bolsa. A BAT já era dona de marcas como Dunhill e Lucky Strike. Por sua vez, a Reynolds, focada principalmente no mercado americano, vendia Newport, Camel e Pall Mall.

A consolidação das óticas

A italiana Luxottica, maior fabricante mundial de óculos de luxo — dona de marcas como Ray Ban e Oakley — e a francesa Essilor — líder global em lentes de contato— anunciaram em janeiro uma fusão de 46 bilhões de euros que criou uma potência global no setor de óticas, com receitas superiores a 15 bilhões de euros. A nova empresa se chama Essilor-Luxottica e tem suas ações negociadas na Bolsa de Paris. Agora, vende seus produtos em mais de 150 países.

Invasão holandesa

Em fevereiro, a Heineken anunciou a assinatura de um acordo com a Kirin Holdings Company para adquirir a operação brasileira da Brasil Kirin por 664 milhões de euros. Com a aquisição, a Heineken pula para o segundo lugar entre as maiores cervejarias do país — com uma participação de quase 19%. O portfólio da Kirin incluía marcas como a Schin e a Devassa, além das chamadas marcas especiais Baden Baden e Eisenbahn. Por sua vez, a Heineken já era dona da cerveja homônima e de marcas como Amstel, Kaiser e Bavaria.

Se não pode vencê-los…

O Itaú Unibanco, maior banco privado do país, anunciou em maio um acordo para comprar, por R$ 5,7 bilhões, 49,9% da XP Investimentos, maior corretora do país. Com a aquisição, o gigante do setor financeiro prevê ampliar receitas com serviços nos próximos anos e ganhar participação no mercado de fundos de investimentos, de acordo com Candido Bracher, presidente-executivo do Itaú. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no entanto, considerou em outubro que a compra era complexa e pediu informações adicionais.

…junte-se a eles

Antes competidores, agora sócios. Três anos após vender o Grupo Multi, dono da escola de inglês Wizard, o empresário Carlos Wizard anunciou a aquisição de 35% da rede WiseUp, fundada por Flavio Augusto da Silva. O investimento de R$ 200 milhões foi realizado pela Sforza, gestora dos recursos da família Wizard, junto à Santorini, empresa de Charles Martins, filho do empresário. Atualmente, a WiseUp possui 280 unidades espalhadas pelo país.

Mídia e tecnologia

A Verizon Communications, operadora de telefonia móvel líder nos EUA, comprou o Yahoo por US$ 4,48 bilhões em junho. O preço inicial seria US$ 350 milhões mais alto, mas veio à tona que o Yahoo sofreu uma série de violações de dados e seu valor acabou caindo. Ainda assim, o negócio representou uma grande jogada das telecomunicações para desafiar o domínio da publicidade online no Vale do Silício. Sob comando da Verizon, Yahoo e AOL foram combinados para integrar uma nova empresa de mídia e tecnologia chamada Oath.

União de grifes

A norte-americana Michael Kors comprou a icônica marca de sapatos de luxo Jimmy Choo por US$ 1,2 bilhão. A grife de sapatos ficou mundialmente famosa por ser uma das favoritas da Princesa Diana e por ter aparecido como um dos objetos de consumo mais desejados da personagem Carrie Bradshaw na série “Sex and the City”.

União improvável

A gigante de comércio eletrônico Amazon demonstrou mais uma vez como está se impondo no setor do comércio varejista ao anunciar em junho a compra da rede de supermercados Whole Foods, uma operação avaliada em US$ 13,7 bilhões. Fundada em 1978, a rede tem 460 lojas em EUA, Canadá e Reino Unido. O passo dado pela Amazon representa um treemendo avanço, mas também mais arriscado. A rede de supermercados, líder em produtos orgânicos, vinha sofrendo reflexos da crise que o varejo tradicional atravessa frente ao avanço dos negócios eletrônicos.

O sonho grande da Natura

Em junho, a fabricante de cosméticos brasileira Natura fez o lance mais ousado da história da empresa: a compra de 100% da inglesa The Body Shop, que antes pertencia à francesa L’Oréal, por 1 bilhão de euros. No mês seguinte, o Cade aprovou a aquisição sem restrições. É a sua maior chance de ganhar o mundo — e espantar a estagnação dos últimos anos. O grupo agora tem operações em 69 países, 18 mil funcionários, 3.200 lojas e 1,8 milhão de consultoras.

Nova página

A varejista francesa Fnac Darty surpreendeu o mercado editorial em julho anunciando a venda de suas operações no Brasil à Livraria Cultura. Desde o início do ano, a empresa, que conta com 12 lojas no país, tinha expressado sua vontade de encerrar as atividades por aqui. O que causou surpresa não foi a venda em si, mas a forma como se deu a operação. A Fnac ofereceu aproximadamente R$ 130 milhões para ir embora sem nada. Ou seja, “pagou para sair”. A tática seria mais barata (e vantajosa à marca) do que simplesmente fechar as portas.

Vendendo tudo

Não dá para dizer que os irmãos Joesley e Wesley Batista, da holding J&F, tiveram um ano dos mais gloriosos. Em meio a acusações de corrupção e forte pressão pública, o grupo se desfez de uma porção de ativos. Vendeu sua participação controladora de 86% na fabricante de calçados Alpargatas por R$ 3,5 bilhões para a Cambuhy Investimentos, Itaúsa e Brasil Warrant. Abriu mão da Eldorado Celulose por pouco mais de R$ 1 bilhão pagos pela companhia Paper Excellence, com sede na Holanda. Passou para frente ainda sua participação acionária de 19,43% na Vigor por aproximadamente R$ 786 milhões para os mexicanos do Grupo Lala. Para completar, a irlandesa Moy Park foi vendida para a norte-americana Pilgrim’s Pride (duas empresas que fazem parte do grupo JBS) a fim de favorecer o resultado da compradora.

Uma empresa falida

Em outubro, a sueca Electrolux assumiu os direitos da marca de eletrodomésticos Continental na América Latina, após a corte brasileira que administra a falência da Mabe aceitar a oferta de R$ 70 milhões para aquisição da propriedade intelectual da empresa falida. Segundo a compradora, a Continental é um ativo valioso para a Electrolux, apoiando o crescimento contínuo e lucrativo na região.

Orgânicos brasileiros

A Unilever comprou em outubro a empresa brasileira de alimentos naturais Mãe Terra, por um valor não divulgado. A Mãe Terra foi uma marca de rápido crescimento no Brasil, oferecendo o consumo consciente de alimentos orgânicos e nutritivos desde que foi criada, em 1979. Ela atua em várias categorias com um portfólio que inclui cereais orgânicos, biscoitos, snacks e produtos culinários.

Novas águas

As empresas de compras coletivas Peixe Urbano e Groupon Brasil uniram-se. As operações não serão modificadas e ambas as plataformas continuarão ativas. A expectativa, no entanto, é que “gradualmente, os usuários das duas marcas tenham o mesmo cardápio de ofertas”. O valor do negócio não foi divulgado. “É uma soma de fortalezas”, resumiu Félix Lulion, diretor-executivo do Groupon Brasil.

A maior do ano

A operadora de redes de farmácias norte-americana CVS HealthCorp, dona no Brasil da Drogaria Onofre, comprou a companhia de planos de saúde Aetna por US$ 69 bilhões, visando reduzir os crescentes gastos com saúde por meio de serviços médicos de baixo custo em farmácias. A união combinou uma das maiores administradoras de benefícios farmacêuticos dos Estados Unidos e operadora de farmácias com um dos planos de saúde mais antigos, cujas negócios nacionais variam de planos corporativos até governamentais. Essa foi a maior aquisição do ano.

Ainda incerto

No início de dezembro, a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR) anunciou a venda de 100% das ações da Itambé Alimentos para o Grupo Lactalis, além de um acordo de longo prazo de fornecimento de leite da CCPR para a Itambé, “com vistas a preservar e permitir o crescimento das bacias leiteiras de Minas Gerais e Goiás”. A estimativa era que a aquisição da Itambé pelo Lactalis fosse concluída no primeiro semestre de 2018. No entanto, no último dia 18, a 1ª Vara Empresarial e de Conflitos relacionados à Arbitragem suspendeu a venda.

Mickey vai às compras

Para fechar o ano, o grupo Walt Disney comprou a maior parte das ações da 21st Century Fox por US$ 52,4 bilhões, desmembrando assim o “império midiático” de Rupert Murdoch. A transação inclui a 21st Century Fox’s Films e os estúdios de televisão, canais de entretenimento a cabo e negócios internacionais de TV. Marcas populares de entretenimento, incluindo o “X-Men”, “Avatar”, “The Simpsons”, “FX Networks” e “National Geographic” vão se juntar ao portfólio da Disney.

Fonte InfoMoney
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