Mudanças à vista, e rápidas

Economista alerta que o mundo virtual vai invadir a nossa vida cada vez mais e quem não se preparar para isso vai ficar na rabeira do mercado

Por Adriana Bruno

Em um cenário econômico e especialmente político tão confuso como o que o Brasil está vivendo é difícil falar sobre futuro ou expectativas. Mas ainda assim, de forma bastante lenta, é possível se observar um gradativo aquecimento no mercado, mudança que começou no segundo semestre deste ano, segundo o economista e coordenador de projetos da FIA – Fundação Instituto de Administração Nelson Barrizzelli. 

Para ele, esse é um indicativo de que em 2020 o mercado possa, talvez, reagir de maneira um pouco mais rápida do que conseguiu até agora. “Um dos maiores problemas que estamos enfrentando é o nível de desemprego. São mais de 35 milhões de pessoas sem trabalho ou com empregos precários que não lhes permite atender nem o seu consumo básico. 

O governo anunciou que irá fazer esforços especiais para aumentar o nível de emprego. Então, se o governo conseguir mostrar à população que vale a pena fazer um esforço de troca (menos direitos e mais emprego) a retomada do consumo pode ser melhor do que temos observado até agora”, comenta.

CANAIS DE COMPRAS 

Uma das grandes movimentações vividas pelo varejo alimentar no último ano foi o crescimento do cash & carry. Barrizzelli confirma o desempenho superior desse modelo de loja em relação ao atacado tradicional e também às lojas de redes e até de vizinhança. 

Mas uma notícia recente nos mostra que as lojas de vizinhança começam a dar sinal de que seus resultados podem melhorar. Isso porque elas não trabalham com estoque, as compras são mais de reposição. E, na medida em que as pessoas voltarem a trabalhar terão menos tempo para grandes compras de estoque mensal e diante desse cenário é possível que as lojas de vizinhança tenham um desempenho melhor do que as de rede”, avalia. 

O economista ainda destaca que as lojas de vizinhança têm a seu favor os baixos índices de ruptura em relação às lojas de rede. “Hoje as grandes lojas de rede estão com índices de ruptura de estoque como nunca tiveram. Se as lojas de vizinhança olharem com atenção para essa questão deverão crescer ainda mais e para isso elas precisar de uma boa comunicação com seus fornecedores que são os atacadistas distribuidores”, comenta Barrizzelli. Um cenário que só poderá mudar quando a economia reaquecer.

A ESCALADA DO E-COMMERCE 

É inegável que o e-commerce já faz parte da rotina de compras de muitos brasileiros, especialmente entre aqueles com maior familiaridade com o uso de tecnologias. 

Segundo o professor, esse grupo será o responsável por trazer mais demanda aos canais de compras online e não necessariamente apenas para o segmento de alimentos, higiene pessoal e beleza. 

“Há alguns segmentos que ainda terão mais dificuldade para se estabelecer, como o de vestuário, por exemplos ”, conta. Para Barrizzelli, no segmento alimentar as compras via e-commerce ainda enfrentarão uma mudança cultural e no comportamento do consumidor.

 “O brasileiro gosta de tocar, experimentar, escolher, especialmente alimentos frescos como frutas, verduras e frios. Mas o fato é que o mundo virtual vai invadir a nossa vida cada vez mais e quem não se preparar para isso vai ficar na rabeira do mercado”, alerta. 

Segundo ele, isso não deve acontecer nos próximos dois ou três anos, mas também não deverá demorar e quando acontecer será algo que começa e chega a uma posição de forma rápida.

“Mas tudo vai depender do tempo de amadurecimento tanto por parte dos canais como dos consumidores. Buscar formas de se tornar multicanal pode ser a única solução para muitos segmentos do varejo a longo prazo ”, finaliza.

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