Ranking ABAD/Nielsen - Tendências

De olho no cliente

Novos hábitos de compra e bolso apertado exigem do consumidor um olhar atento ao mix e ao tíquete de compras

por Rúbia Evangelinellis

Um dos maiores desafios enfrentados pelo setor em 2021 é o de entender o que se passa na cabeça do consumidor e quais são os fatores determinantes no momento de  escolher os locais e os produtos da cesta de compras. 

Com base na pesquisa realizada pela Nielsen, pode-se obter um desenho que destaca os fatores determinantes. Entre esses fatores, destaca-se a intenção de as pessoas manterem o hábito de reduzir as idas aos pontos de venda e de comprarem inclusive produtos de indulgência/premium, como café, chocolate e cerveja, em estabelecimentos classificados como superpequenos (autosserviços com até mil metros quadrados).

Outras sinalizações são as escolhas por marcas nas quais os clientes confiam, por embalagens econômicas e por promoções  que oferecem a experimentação de marcas próprias. Além disso, também sinalizam o que foi preservado, como a lista de itens adquiridos para a limpeza e de itens alimentícios, que reforçaram a lista de compras adotadas com mais vigor durante a pandemia. Também ocupa posição acentuada nessa lista a conveniência do e-commerce.

Fátima Merlin, sócia-fundadora da Connect Shopper, reforça, em particular, o fato de que o Brasil deve ser considerado como País continental, de diferenças regionais em diversos aspectos, como perfil, acessibilidade, conectividade: “Há nele cidades que ainda nem têm internet. É preciso levar em conta os contrastes e ter consciência de que não estamos na Inglaterra. Por isso, não se pode tratar as mesmas questões como verdadeiras para todas as regiões, que, por exemplo, carregam seus hábitos, crenças e valores específicos, suas diferenciadas possibilidades de vendas e seus perfis sociodemográficos e de instrução”, observa.

FÁTIMA MERLIN, sócia-fundadora da Connect Shopper

A partir dessa premissa, a especialista delineia as tendências com três grandes vertentes. A primeira destaca temas que já estavam consolidados no dia a dia e sobressaíram na pandemia, como praticidade e oferta de produtos premium, aumento do número de consumidores mais exigentes, mais seletivos e com maior receptividade e poder de retenção de informações, e mais empenhados na busca de qualidade de vida e de valores saudáveis.

A segunda tendência é a da valorização de marcas e produtos, seguindo alguns critérios. “Hoje, o consumidor deixa claro que dará preferência a produtos que contribuam para promover a coletividade, e escolherá marcas que veiculem esses produtos, e que respondam ao período da pandemia com práticas sociais e sustentáveis, entre outras atitudes.”

Já a terceira tendência destaca temas que surgiram com a pandemia, como o boom do e-commerce, a integração dos canais físico e digital, as opções de entretenimento e lazer dentro do ar. “Esse conjunto exigiu dos consumidores repensar a casa e valorizar muitas categorias de produtos de cuidados com o lar, por exemplo, a chamada gourmetização. A diferença é que, com o bolso mais apertado, o consumidor passou a buscar compras econômicas, e valorizou, por exemplo, as marcas próprias.”

 Ao avaliar o cenário para 2021, a especialista ressalta que ainda é um período de incertezas e de certa vulnerabilidade, o qual exige dos agentes econômicos que acompanhem de perto as movimentações do consumidor e tracem rapidamente estratégias que respondam rapidamente às suas necessidades.

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