Mercado de condomínios e galpões logísticos segue estável, apesar da pandemia

O mercado imobiliário brasileiro de condomínios logísticos, centros de distribuição e galpões segue aquecido apesar da pandemia da Covid-19. Um dos principais motivos foi a expansão do comércio eletrônico, impulsionado pelo distanciamento social e a manutenção dos hábitos de consumo das pessoas, que acelerou a busca por imóveis do segmento logístico.

Uma pesquisa do Compre&Confie mostrou que o comércio eletrônico cresceu 71%, faturando R$ 27,3 bilhões, na comparação do período de 24 de fevereiro a 24 de maio deste ano com o mesmo intervalo em 2019.

O tema foi alvo de discussão no Papo em Movimento – iniciativa da Intermodal South America que vem trazendo uma série de entrevistas, lives e webinars com o objetivo de mostrar um panorama do mercado logístico e de transporte de cargas no Brasil e colaborar para o desenvolvimento do setor – desta quinta-feira (09), que reuniu o presidente da GLP, Mauro Dias; o presidente da Colliers, Ricardo Betancourt; o diretor executivo de logística do Magazine Luiza, Decio Sonohara; e o vice-presidente de operações da DHL Supply Chain, Plinio Battesini Pereira. A moderação do webinar foi do presidente da ABRALOG, Pedro Moreira.

Dias, da GLP, diz que a empresa veio para o Brasil já prevendo a tendência de crescimento no varejo virtual e a busca por instalações logísticas mais modernas. “Hoje, 53% do total de locações da GLP são de clientes relacionados ao e-commerce. Em 2017, eram cerca de 22%”, revela.

O portfólio da GLP no Brasil é de 5 milhões de m², dos quais 3,1 milhões de metros quadrados estão construídos e 1,9 milhão de metros quadrados são terrenos em desenvolvimento.

“O mercado de imóveis logísticos é muito resiliente”, avalia Betancourt, da Colliers. Segundo ele, no último trimestre, o mercado de condomínios logísticos registrou uma absorção líquida – contratações menos devoluções – de 224 mil m², e no total do primeiro semestre do ano, de 444 mil m². “Isso mostra um crescimento, apesar das dificuldades enfrentadas. O impacto positivo também foi sentido na estabilidade da taxa de vacância”.

O Magazine Luiza é um exemplo de empresa brasileira que está investindo no nível do atendimento no comércio online e também nas lojas físicas. Neste sentido, há dois anos atrás, a empresa completou a aquisição da startup de tecnologia logística Logbee, que integrou a plataforma de entregas de encomendas leves (last mile) da varejista.

“As lojas físicas tem uma representatividade grande no negócio que ficou perceptível com o permissão de reabertura das lojas. Está no nosso DNA crescer para outras localidades, vamos abrir as primeiras lojas físicas da Magazine em Brasília (DF) e novos centros de distribuição na Paraíba e em Goiás”, destaca Sonohara, do Magazine Luiza.

Sonohara ressalta também a necessidade de investimentos em condomínios logísticos e galpões em locais pouco explorados, em especial no Norte e no Nordeste, como uma demanda atual para o mercado de real estate logístico. “A disponibilidade de galpões menores mais próximos dos grandes centros populacionais para atender o cliente mais rápido é uma carência também”.

Do ponto de vista de operadores logísticos, Pereira, da DHL Supply Chain, ressalta que há tendências em variadas demandas. O carro-chefe das operações continua sendo os grandes centros de distribuição próximos das principais regiões metropolitanas, onde o foco principal é buscar eficiência de custo: em relação a área útil de armazenagem; na localização estratégica ao estar perto de rodovias com pedágios que façam sentido para o cliente e no valor do condomínio compartilhado (segurança, alimentação e etc).

Complementar a isso, há uma demanda por capilaridade geográfica maior de centros de distribuições menores com localizações estratégicas e a possibilidade de alcançar o consumidor final em menos tempo. “O crescimento do volume do varejo e dos marketplaces está exigindo novos espaços com mais rapidez. Na DHL estamos em constante revisão do nosso footprint que sofre alterações de um semestre para o outro”, diz Pereira.

Sobre as demandas de espaços menores em outras regiões, o presidente da GLP acredita que o caminho é a construção ‘built to suit’ (construção sob encomenda). “Essas regiões não têm escala e liquidez de mercados como o de São Paulo, por exemplo. Portanto, o diálogo no setor é essencial para um planejamento de projetos que antecipem as necessidades do mercado”, afirma Dias.

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