Universo masculino

Cada vez mais preocupados com aparência e bem-estar, os homens vão às compras de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos e movimentam um mercado crescente

por Adriana Bruno

Nem só de batom vive um nécessaire. Prova disso é que, cada vez mais, os homens investem na compra de variados produtos de beleza que contribuam para seus cuidados pessoais. Para comprovar ainda mais o vigor dessa tendência, basta passear ao lado das gôndolas da seção de produtos de beleza e cuidados pessoais de supermercados, atacados e lojas especializadas. Passando ao lado de loções, cremes, dermocosméticos, produtos para depilação, itens para barbear, xampus, gel para cabelo, e preservativos, salta aos olhos que o número de SKUs é cada Mas esse crescimento não é apenas numérico. O mercado de beleza especializado no público masculino também está amadurecendo rapidamente. De acordo com um estudo realizado pela Kantar, que analisou o comportamento de 22 mil homens em oito países, 67% dos brasileiros declaram tentar manter sua aparência em dia (contra 57% da média global).

BRUNO MARTINS, gerente de Marketing de Gillette

“Os homens no Brasil também se destacam quando se trata do uso de produtos. Segundo a mesma pesquisa, eles usam, em média, 63 produtos por semana para os cuidados pessoais”, revela Bruno Martins, gerente de Marketing de Gillette.

Para ele, isso reforça o fato de que a vaidade dos brasileiros continua em alta. “Entretanto, a crise econômica nos últimos anos forçou o consumidor a procurar alternativas para os cuidados pessoais. Embora ele continue vaidoso, busca outras opções que lhe permitam se cuidar melhor, como a diminuição das idas ao salão de beleza e o aumento do tíquete médio dos produtos de beleza”, comenta.

O BARBEAR

Tanto para cuidar da barba como da pele logo após o barbear, o brasileiro acabou por adotar os hábitos que visam cuidar e tratar dessa área do corpo. E a indústria não fez por menos, oferecendo a ele produtos cada vez mais modernos e específicos. Para Amanda Nogueira, gerente de Lâminas BIC, o homem brasileiro vem se preocupando em seguir tendências da aparência e do universo masculino. “Esse fator exerce impacto direto no consumo de lâminas e produtos de barbear”, diz. Segundo ela, na categoria de lâminas de barbear, os homens buscam produtos que não irritam a pele, e que, ao mesmo tempo, proporcionam suavidade no momento de barbear. “Nesse aspecto, a BIC apresenta um portfólio que investe constantemente em tecnologia para o desenvolvimento de produtos e garante um preço acessível aos seus consumidores. Assim como há lâminas especialmente desenvolvidas para um barbear extrassuave, há também espumas para barbear que ‘acalmam’ a pele”, comenta. 

Uma pesquisa realizada pela P&G mostra que oito em cada dez homens brasileiros fazem a barba, sendo 2,6 vezes a frequência de remoção dos pelos do rosto durante o período de uma semana. “Isto é, o ritual de fazer a barba é muito comum entre os homens, mesmo que seja apenas para aparar a barba ou para fazer um desenho diferenciado, como cavanhaque e bigode. E, com isso, a Gillette, como líder dessa categoria, reconhece uma oportunidade de oferecer produtos de qualidade voltados para a necessidade de cada consumidor. Por exemplo, temos produtos que respondem a todas as necessidades e que são acessíveis a todos os bolsos”, completa.

CABELO E CORPO

Outra mudança no comportamento de consumo do brasileiro é a escolha de sabonetes específicos para o perfil masculino. Carlos Valotta, diretor-comercial da Memphis, conta que o mercado de sabonetes masculinos apresentou um crescimento médio de 8,2% ao ano, considerando os últimos dez anos. 

CARLOS VALOTTA, diretor-comercial da Memphis

“Com a retomada da economia nacional, há maior demanda por produtos segmentados, isto é, cada integrante da família utiliza seu sabonete e seu xampu”, diz. 

Ele acrescenta que, de maneira geral, o público masculino se divide entre dois perfis de shoppers. O primeiro, e mais marcante, é o que compra de maneira automática e racional, buscando marcas das quais já tenha conhecimento prévio. “Esse perfil de consumidor fica pouquíssimo tempo na frente da gôndola e, normalmente, compra sempre os mesmos produtos. Ele costuma ter como primeiro item da sua árvore de decisão a marca do produto, seguida pelos benefícios principais oferecidos e, em terceiro, pelo preço”, conta. 

O segundo perfil de shopper, que está crescendo, é o de homens mais abertos à busca por novas marcas e mais envolvidos com a categoria. Esses consumidores ficam mais tempo na frente da gôndola, analisando os rótulos e procurando seus produtos. “Eles têm como primeiro item da sua decisão o benefício, ou a utilidade, dos produtos, por exemplo, se ele é xampu ou se é xampu 2 em 1. Em seguida, vem a marca e o preço. Dessa maneira, é importante que o ponto de venda esteja preparado para satisfazer às necessidades dos dois perfis, apresentando os produtos de maneira clara, e divulgando seus principais benefícios e atributos”, orienta.

Outra categoria que ganha força junto ao público masculino é a dos itens para proteção solar. “A Sociedade Brasileira de Dermatologia sempre destaca a importância dessa categoria em suas campanhas, como o Dezembro Laranja, quando reforça a necessidade da proteção solar diária para a prevenção contra o câncer de pele. Os números são alarmantes e os homens são os mais atingidos, uma vez que muitos têm o hábito de usar o protetor apenas durante a exposição direta ao sol, como na praia ou na piscina. Porém, percebemos que uma parcela dos brasileiros mantém o uso do produto ao longo do ano todo, o que favorece o nosso mercado”, comenta Leonardo Reze, CEO da Nutriex.

PROTEÇÃO ÍNTIMA

Com a oferta de produtos inovadores, o mercado de preservativos é outro que faz parte da cesta de compras do brasileiro. Aliás, o canal atacadista distribuidor representa 60% das vendas da categoria, segundo Verônica Garcia, gerente de Marketing da Blowtex. “A compra de preservativos ainda está muito ligada ao sexo masculino, que geralmente leva consigo algum material de prevenção para situações cotidianas. Por isso, é importante que as camisinhas estejam distribuídas, por exemplo, em seções próximas aos barbeadores, cuja compra casada é muito comum”, orienta. 

Ela destaca que o atacadista distribuidor pode ajudar o varejista oferecendo- -lhe orientações sobre como trabalhar a categoria no ponto de venda. “Os produtos devem estar organizados por marca e por tipo. As marcas premium são colocadas primeiro, seguidas pelas marcas tradicionais. Os produtos que mais vendem devem estar bem expostos, pois eles são a porta de entrada para a geração de vendas. Os preservativos com sabor também são representativos e devem ser expostos a seguir. Os produtos com maior valor agregado, trazendo diferenciais, como hot e texturizados, seguem na exposição. Produtos bem expostos, gôndolas abastecidas e material de apoio para exposição ajudam no giro e no aumento das vendas”, diz.

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