O Ranking ABAD/NielsenIQ vem desde o seu nascimento, há 30 anos, apontando também as tendências do canal indireto, assim como as suas expectativas e os desafios, que não são poucos, em um território enorme e diversificado como é o Brasil. Para o empresário José Rodrigues da Costa Neto, presidente do JC Distribuição/Costa Atacadão, o volume de informações que circula hoje aponta um redesenho do canal indireto.
“O nível de serviço de qualidade e o expertise de relacionamento com o varejista terá de ser mais valorizado. Cada vez mais faz menos sentido ele receber a visita de 15 vendedores de empresas diferentes em sua loja oferecendo os mesmos produtos e acredito também que esse redesenho passará pela reforma tributária que, quando aprovada, vai alterar e muito o modelo vigente. A minha aposta é o modelo americano de trabalho, mas com adaptações para a nossa realidade”, destacou.
Para ele, o mercado consumidor está em transformação e a relação do canal indireto com indústria terá de ser muito positiva nessa transformação. “O distribuidor pequeno e médio não tem o custo real de servir porque existem vários fatores que influem nessa conta”, lembrou.

Costa também destacou que as mudanças têm sido tão rápidas que a indústria já possui embalagens específicas para cada canal, exceto para os 400 mil pontos varejistas que o autosserviço não chega. Ele também destacou que as VTIs (Viagens Técnicas Internacionais) realizadas anualmente pela entidade ajudavam muito a entender essas tendências que logo estariam sendo vivenciadas pelos brasileiros. “Acho que agora seria um bom momento para que se retomasse, até mesmo no Brasil, levando os empresários a visitar empresas de excelência, o que resultaria em um rico aprendizado”, afirmou.
MONITORAMENTO
Para Roger Saltiel, consultor da Integration e coordenador do Comitê do Canal Indireto da ABAD, é possível ver nos próximos anos o crescimento no número de distribuidores com entrega, mas, segundo ele, esse aumento precisa ser monitorado.
“Com o fim da pandemia e o retorno à normalidade, as indústrias voltaram a fazer os seus lançamentos e aí entra o distribuidor com entrega, claro que os demais modelos também possuem potencial de crescimento”, acrescenta. Quanto à cesta de Higiene e Beleza, apontada pelo estudo como a que mais cresceu, Saltiel acredita que com a queda da inflação ela tem muito potencial de expansão, como também a de Alimentos e Bebidas. No quesito como o canal indireto deve trabalhar nesses novos tempos, o consultor respondeu que a palavra-chave é eficiência.
“Vimos muitos empresários apostando em digitalização e até na inteligência artificial para auxiliar nos custos dos negócios para poder trabalhar melhor na execução e na distribuição numérica reduzindo os custos operacionais, acho que é uma tendência forte. Cada vez mais será esperada maior eficiência na operação”, observou.