A temperatura começa a cair e a decoração junina passa a tomar conta do varejo alimentar. Uma combinação de condição climática com data comemorativa resulta em um incremento de vendas em diversas categorias, de alimentos e bebidas.
Para algumas indústrias, as festas juninas são praticamente um ‘Natal’, visto o aumento no consumo de algumas categorias. “A categoria de paçocas vende em média 70% mais em relação a outros períodos, por exemplo. A execução das barracas ajuda o consumidor a lembrar da sazonalidade e a incrementar sua cesta com os itens típicos”, conta Breno Carvalho, gerente de marketing da Santa Helena. Ele ainda afirma que o momento festivo alavanca as grandes embalagens para consumo compartilhado tanto de doces quanto de snacks. “No Sul e Sudeste, costumam vender um volume relevante em doces à base de amendoim”, conta. Ele ainda afirma que os produtos culinários têm forte apelo dado o perfil caseiro, tradicional e afetivo das receitas juninas. “As vendas chegam a aumentar em 50% no período. É um momento em que a personalidade e as regionalidades ganham grande expressão.”
Vale dizer que algumas categorias dobram ou até triplicam o volume de vendas na data. “Neste período, é o momento em que a empresa atua de forma bem próxima de seus parceiros supermercadistas, para juntos melhorarmos o tíquete médio das categorias na sazonalidade, promovendo uma loja mais atrativa e alegre para os consumidores”, revela o head do canal indireto da General Mills, Alessandro Plentz. Ele diz ainda que a empresa atua também para aumentar o sell-out, ajudando o varejista a faturar mais, com um planejamento antecipado de execução em loja e calendário promocional forte, oferecendo treinamento para as equipes dos parceiros e investimentos no ponto de venda. “Em 2024, a Yoki prevê ativar mais de 26 mil pontos de venda no Brasil”, diz. Plentz ainda destaca que na região Nordeste a festa junina tem sua maior popularidade, por isso, percebe-se já o aumento do consumo mais cedo, a partir das festas de rua e número muito expressivo de celebrações da sazonalidade. “No Sul e Sudeste, o clima frio leva ao aumento de consumo de temperos usados no quentão, por exemplo. Já no Rio Grande do Sul, é comum vermos a festa junina se estender e quase se conectar com as celebrações da Revolução Farroupilha, o que leva ao aumento da procura por itens da temporada por mais tempo”, explica. Ainda segundo ele, alguns lugares, que têm menor tradição na festa junina, estão crescendo, ano após ano.
Na opinião de Robson Mikio, head de marketing da Combrasil, é muito importante que a marca consiga encantar e contagiar o cliente por meio de uma comunicação que transmita toda a alegria e diversidade cultural que essa festa oferece. “As ações de trade marketing são fundamentais. Tanto a indústria quanto o varejo podem potencializar seus resultados através de ações promocionais, ativações no ponto de venda (degustação, brindes) ou atémesmo por meio da instalação de ilhas extras montadas nos corredores dos supermercados, que facilitam a compra de produtos típicos, uma vez que nelas são expostos os produtos que os consumidores utilizarão em suas receitas típicas”, orienta.
BEBIDAS PARA TODOS OS GOSTOS
Se por um lado alimentos como amendoim, pipoca, doces, canjica e farofas, entre outros, ganham destaque no período de festas juninas as bebidas não ficam atrás. Durante o período, e também no inverno, observa-se um aumento significativo no consumo de bebidas quentes e destiladas. “Esse aumento é impulsionado não apenas pelo clima frio, que naturalmente motiva as pessoas a procurarem maneiras de se aquecer, mas também pelas tradições culturais que associam essas bebidas às celebrações da temporada, como o adorado quentão.
Além disso, a disponibilidade sazonal de ingredientes típicos dessa época e a atmosfera festiva dos eventos sociais favorecem o compartilhamento dessas bebidas como parte essencial da socialização e da celebração”, analisa Marina Flávia, head de marketing e trade marketing da Cachaça 51 e 51 ICE.
PREFERÊNCIAS
Segundo ela, no Brasil, as preferências por bebidas quentes e destiladas durante as festas juninas e o inverno variam regionalmente. “No Nordeste, o quentão é uma escolha tradicional, enquanto no Sudeste, o consumo de vinho quente e chocolate quente é mais comum, além da cachaça. Essas preferências refletem a diversidade cultural e climática do país”, afirma. Por isso, ela ajuda o atacado distribuidor a assegurar uma variedade abrangente de produtos, adaptando-se aos diferentes perfis de consumidores e preferências. “É crucial estar preparado para atender à demanda sazonal durante as festas juninas e outros eventos, garantindo uma logística eficiente e fornecendo suporte aos clientes varejistas, auxiliando na seleção de produtos”, fala.
O vinho também desempenha um papel significativo nas festas juninas. “Consideramos o vinho uma excelente escolha para harmonizar com os pratos característicos das festas juninas, como bolo de milho, canjica, pamonha e sobremesas à base de amendoim. Seja tinto, branco ou rosé, o vinho oferece uma variedade de sabores que complementam perfeitamente a diversidade gastronômica dessas festas. Outro ponto que marca o período de festas juninas são os dias mais frios, por conta das estações de junho e julho, meses em que a procura por vinho tende a aumentar”, comenta Giorgeo Zanlorenzi, presidente da Zanlorenzi Bebidas.
Segundo ele, oferecer um mix completo de produtos, com variedade de sabores, é primordial para qualquer tipo de estabelecimento no setor. “É importante manter as categorias do produto bem definidas e organizadas para que o consumidor encontre o que está buscando de forma mais fácil, além de manter os produtos bem expostos e precificados. Pontos extras e cross merchandising são muito eficientes para alavancar o sell-out, pois trazem o produto para um ambiente que não é o de costume, gerando a compra de oportunidade”, comenta. Ele ainda destaca que, nessa época do ano, estar próximo às categorias de produtos sazonais de festas juninas, como pipocas, doces e amendoim, faz toda a diferença.