A empresa do Grupo Rachel Loiola, o Armazém Brasil, co- memora três décadas de vida com planos de voar alto e ampliar o mapa geográfico de negócios. Regida pela administração familiar, com mais de 700 funcionários, mostra fôlego para superar desafios, enfrentar a concorrência, sem perder a essência de ser uma empresa com atuação regional, familiar, porém flexível e com olhar atento e inovador para se adaptar ao contexto.
O trunfo, segundo a direção, está em ser conhecedora do terreno em que pisa e ter a logística necessária para abastecer uma região de extensa área territorial, de municípios distantes, que exige o olho apurado e a sinergia de transportes ferroviário e marítimo, além do rodoviário, para receber e entregar as mercadorias.
Sediada em Macapá/AP, atua como atacado generalista, operação pela qual alcança 16 municípios e até o varejo instalado em algumas ilhas do Pará (estado vizinho) e representa entre 40% e 50% dos negócios, sendo o carro-chefe da operação. Possui também três lojas de atacarejo na capital do Amapá (que contribui com algo em torno de 30% do faturado pelo grupo), uma loja de varejo e a indústria de panificação, que abastece as lojas e restaurantes com produtos da marca própria Colombo. Movimenta atualmente um portfólio de 27 mil itens, considerando os três canais de vendas.
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O faturamento gerado pelos negócios feitos pelo canal indireto e declarado ao Ranking 2024 (ano-base 2023) foi de R$ 256,385 milhões e refletiu uma retração de 3% em comparação ao ano anterior. Itamar José Sarmento Costa, sócio e diretor-comercial, explica que o recuo foi reflexo do aumento da concorrência no segmento de atacarejo, com a inauguração de quatro lojas de grandes redes. A empresa acredita que já absorveu esse impacto e aposta na recuperação do faturamento, com a meta de crescer 12%, no mínimo, em 2024. “Buscamos ampliar a base de clientes dentro do Amapá e também apostamos na firme parceria que temos com a indústria e no relacionamento com o varejo, que proporcionam a fidelização dos pontos de vendas atendidos. Temos a vantagem também de estarmos numa área de livre comércio, o que favorece, com incentivos de impostos, a comercialização local de produtos”, resume.
DESAFIOS
A perspectiva de que será revertida a situação ainda neste ano tem como pano de fundo o espírito empreendedor e a resiliência dos gestores que já venceram outros desafios e provam que sabem fazer uma bela limonada com apenas um limão. Contam pontos a favor, segundo o executivo, o fato de a empresa investir em tecnologia, na capacitação dos colaboradores e de ser estruturada: “Estamos atentos ao futuro e prontos para crescer”.
Um dos perrengues pelo qual passou a companhia foi o incêndio no centro de distribuição, ocorrido em 2014. “O combate ao fogo durou quatro dias. Somente em mercadorias calculamos uma perda de R$ 30 milhões. Era um momento em que estávamos investindo em outro depósito, bem maior. Estava sendo construído há dois anos. Tivemos de fazer um esforço concentrado, acelerar a obra. Em seis meses, estava em operação. Mas até hoje não está completo. Considerando o projeto original, construímos 80% do que deveria ser, mas o depósito atual atende plenamente à necessidade”, conta Beatriz Loiola Costa, diretora de marketing e de comunicação, representante da nova geração da família e filha de Itamar e Rachel Loiola (falecida há 11 anos). Gustavo Loiola da Costa, irmão de Beatriz, e o primo Gabriel De Souza Loiola, filho de Ruither Loiola (sócio e diretor-administrativo), também atuam na empresa. Gustavo é comprador e Gabriel, gestor da área de finanças.
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TRAJETÓRIA
Pode-se dizer que a his- tória do Grupo Rachel Loiola começou como atacado no Amapá em 1994, com a sociedade firmada por Antonieta Loiola e seus quatro filhos – Rachel, Ezio (atualmente aposentado da empresa), Ruither e Cínthya. É fruto da experiência obtida inicialmente pela família no Pará, onde o casal de imigrantes nordestinos, Antonieta (nascida no Piauí) e Augustinho (do Ceará), decidiu tentar a sorte em terras novas. Os dois começaram vendendo salada de frutas e pilhas na estrada, em Itaituba, a cerca de 900 quilômetros distante de Belém (capital paraense), conhecida como cidade Pepita, numa referência à força do garimpo que existia na região.
Aos poucos, ampliaram a oferta de produtos e montaram um comércio. Mas Augustinho já estava de olho em outra praça, no Amapá. Em 1992, fez as malas, mudou-se sozinho de estado e criou o Armazém Brasil na capital amapaense. Com o seu falecimento, Antonieta e os filhos (Rachel, Ezio, Ruither e Cínthya) assumiram a empresa, como sócios, batizada em 1994 como Rachel Loiola Atacado Ltda. O Armazém Brasil é hoje adotado como nome fantasia.
Itamar Costa atua na empresa desde a sua origem. Com o feeling de quem sempre esteve à frente da área comercial, enxerga o quanto a empresa cresceu em três décadas: “Iniciamos com um pequeno armazém de estiva. Com o crescimento do estado, evoluímos também como distribuidora de alimentos e de produtos de perfumaria e limpeza. Mas chegou um momento em que tivemos de expandir comercialmente, quando optamos por abrir o Supermercado Favorito, há 16 anos. Mas permanecemos com atuação forte mesmo com atacado distribuidor. E depois veio o atacarejo Armazém Brasil, há cerca de oito anos, como forma de unir o atacado e o varejo”, contou.