Tecnologia

Olhar mundial

Especialistas traduzem a NRF 2022, a maior feira de varejo do mundo, para o atacado distribuidor

Ana Paula Alencar

Conexão entre físico e digital, inteligência artificial, estratégias  omni e multichannel, agenda ESG, revolução na cadeia de abastecimento. Esses são apenas algumas das “novas percepções” apresentadas na NRF 2022: Retail’s Big Show. Há mais de 100 anos, a maior feira de varejo do mundo – que voltou a ser realizada presencialmente em Nova York, nos Estados Unidos, de 16 a 18 de janeiro, define tendências para a cadeia de abastecimento estruturar seus modelos de negócios. Mas o que exatamente apresenta interesse para o atacado distribuidor? 

A resposta, segundo Eduardo Terra, sócio da BTR-Varese, que levou um grupo de empresários para a feira, está diretamente relacionada às mudanças globais provocadas pela pandemia da covid-19, que afetou toda a cadeia de abastecimento. “Em pouco tempo tivemos de repensar muita coisa, colocando mais tecnologia, dados, cooperação e transparência nos negócios. São novos procedimentos que precisam fluir de ponta a ponta, da matéria-prima até o varejo, passando pelo atacado distribuidor”, afirma. De volta ao Brasil, Terra trouxe muitos ensinamentos e selecionou oito tendências ou movimentos que não podem ser ignorados.

Em resumo, Terra confirma o que a maioria já sabe: inovação, tecnologia e digitalização têm de estar no topo da lista de investimento de qualquer empresa do setor que deseja se manter competitiva. Mas, diante de tantas possibilidades, como criar um plano de ação para iniciar as mudanças? Como avaliar e decidir o que é melhor?

O grande plano de ação, de acordo com Terra, consiste em saber inicialmente o quanto a empresa pode investir, principalmente quando o assunto é tecnologia. “Até pouco tempo atrás, a atividade de distribuição existia com pouca tecnologia. Hoje, essa realidade mudou drasticamente.” Depois desse primeiro passo, é hora de fazer uma imersão na cultura da empresa e avaliar se o time está alinhado às transformações ou está resistindo a elas. “Com o montante de investimento definido e o alinhamento das expectativas, eu daria o segundo passo, que é o de consolidar parcerias fortes com a indústria e o varejo para fortalecer o supply chain e permitir uma fluidez de dados que possa beneficiar todas as pontas”, sugere. 

Outra dica importante vem do German Quiroga, consultor da Omni 55, que também esteve no evento. Ele sugere que se reveja a proposta de valor feita aos clientes, bem como os próximos investimentos, à luz dessa nova proposta. O que deve ser levado em conta, diz, é a análise do papel do atacado distribuidor em uma conjuntura de novos paradigmas globais da cadeia de abastecimento.“O mundo está cada vez mais conectado, mais integrado às cross border [operações comerciais que vão além das fronteiras], evoluindo rapidamente, clientes com um número cada vez maior de opções, buscando eficiência máxima de capital de giro. Nesse cenário, o atacado distribuidor tem de se preparar para crescer, ganhar share e rentabilidade para garantir a parceria com seus clientes de maneira sustentável e diferenciada. O antigo modelo será disputado em poucos anos”, sentencia. 

Desafios e Incertezas

Roberto Matsubayashi, diretor de Tecnologia da GS1 Brasil, também estava entre os participantes do evento, e corrobora a tese da importância do equilíbrio defendida por Terra. “A covid-19 acelerou os investimentos, e a lista de sistemas imprescindíveis, que dão suporte ao negócio, não para de crescer: presença em canais digitais de venda via e-commerce e marketplaces; sistemas de gestão operacional que envolvem o financeiro, a logística e o supply chain; gestão de vendedores e de lojas para quem opera nesse formato; automação da movimentação dos produtos. E todos os sistemas com análise de dados – analytics e Inteligência Artificial. Sem se esquecer da capacitação e do treinamento das pessoas que operam as tecnologias”, afirma. 

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