Ranking ABAD/NielsenIQ 2022 - PANORAMA DE CONSUMO

Gastos mais planejados

Estudo analisa os impactos ocorridos em 2021, ano marcado pelo avanço da vacina e pelo retorno da inflação, sobre as compras do brasileiro e o canal indireto

por Claudia Rivoiro

Se 2020 foi um ano que surpreendeu a população mundial com a pandemia da covid-19, 2021 se caracterizou como o tempo em que o cenário do consumo se mostrou mais positivo por causa do avanço da vacina e da flexibilização da circulação de pessoas depois de meses de lockdown. Por outro lado, os números contabilizados em consequência da volta da inflação no País, que bateu a casa de 10%, e de uma pequena recuperação nas economias brasileira e mundial, além da taxa de desemprego, que não regrediu como se gostaria que o fizesse, nem regride agora, evidenciam que o consumo no Brasil ainda se mostra muito tímido.

Para Daniel Asp Souza, gerente de Atendimento ao Varejo da NielsenIQ, 2021 se encerrou com reaquecimento da economia frente a uma base frágil de 2020.

“O PIB do ano passado chegou a 4,6%, mas a projeção para 2022 é de 0,5%, segundo o boletim Focus. O que podemos destacar é o fato de que a cesta de alimentos pressionou o bolso do consumidor e continua pressionando, o que contribui para o impacto na renda do brasileiro, que, apesar de contar com mais vagas de trabalho disponíveis, ainda se defronta com o fato de que esse número continua pequeno, com carteira assinada e salários menores”, destaca Asp.

Daniel Asp: a cesta de alimentos foi a que mais
penalizou o orçamento do consumidor

Ele também ressalta a alta do valor de commodities e as consequências das crises climáticas para o comércio, com influenciadores nos preços das cestas de produtos consumidos. “A cesta de alimentos foi a que mais penalizou o orçamento do consumidor, que presenciou, nos últimos meses um aumento de cerca de 30%”, lembrou.

O executivo da NielsenIQ também destacou o fato de que o Brasil tem um cenário varejista sustentado por quatro pilares: assim, ele é regionalizado, com diferenças regionais nos hábitos de consumo e de compra do consumidor; descentralizado, refletindo a complexidade de negociação com diversas redes; expansivo, que reflete o objetivo de manter a distribuição e o abastecimento; e multiformato, com definição de sortimento baseado no consumo de formatos. “O pequeno varejo é o canal que tem a cara do Brasil. Isso é positivo sob vários aspectos, pois o canal se manteve presente em 100% dos lares brasileiros durante a pandemia.”

Crescimento no e-commerce

Para Alberto Serrentino, consultor com mais de 30 anos de experiência em varejo e consumo, autor de livros sobre o tema , fundador da Verese Retail e membro do conselho da SBVC – Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, no ano passado reforçou-se algumas mudanças que já vinham ocorrendo em 2020, como o aumento das compras pelo digital e maior ganho do canal de autosserviço por causa da inflação mais alta, com as pessoas circulando pouco e o consumo aumentando dentro do lar, além de elas voltarem a estocar e a fazer grandes compras para o mês. Foi um ano de oscilações e de restrições.

“E 2022 chega com incertezas e instabilidade, mas também com fatores positivos, como o controle da pandemia e o resgate de atividades que estavam paralisadas, como as dos bares, hotéis e restaurantes. Assim, o setor de serviços volta a contratar, mas não com a velocidade que gostaríamos. É claro que o Auxílio Brasil ajuda nessa hora de incertezas da Guerra da Ucrânia, das eleições no segundo semestre, da alta nos combustíveis e dos juros altos, que não são saudáveis para o consumo”, alerta.

Resumindo, observa o consultor, 2022 não é nada fácil de ser projetado. Para o canal indireto, o principal alerta consiste em focar na produtividade para ajudar seus clientes a navegar nas horas de incerteza. “A capacidade de atendimento rápido e de entrega e a eficiência logística são importantes. São investimentos positivos ao lado da tecnologia para atravessarem o período que virá”, finalizou.

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