Sazonal

Eta friozinho bom!

As festas juninas e o inverno abrem oportunidades para a ampliação de negócios nas categorias de bebidas e de alimentos

por Adriana Bruno

Apesar da alta na inflação, a indústria está otimista e confia em que o brasileiro não deixará de consumir itens que têm a cara das festas juninas e do inverno. “A temporada de inverno e as festas juninas são importantes para o nosso calendário. Além de oferecer ao consumidor um portfólio completo para a sazonalidade, somos a única empresa a levar a verdadeira quermesse aos pontos de venda e a realizar a maior Festa Junina do mundo em mais de 10.000 lojas em todo o Brasil”, comenta Fábio Asquino, gerente de Trade Marketing da General Mills no Brasil.

Segundo ele, há inúmeras oportunidades para se trabalhar com um portfólio de quitutes cujos aromas e sabores respondam satisfatoriamente a essas exigências sazonais da cultura brasileira. Entre as categorias, uma das preferidas é a pipoca, com todas as suas versões, sabores em apresentações que vão desde as variedades para micro-ondas até os clássicos grãos e a pipoca doce, às quais se aliam itens típicos da sazonalidade, como paçoquinha, canjiquinha, bolinho de chuva, pé de moleque e, por fim, a temática do inverno, com sopas, temperos, ervilhas, grão-de-bico para quem queira cozinhar e aproveitar as temperaturas mais frias dessa época.

Asquino destaca o fato de que, além das categorias, é preciso considerar o perfil de consumo das diferentes localidades. “Os festejos juninos são comemorados com especial fervor principalmente no Nordeste. A cultura brasileira é muito rica e a diversidade entre os povos permite esse intercâmbio de conhecimento sob diversos aspectos sociais”, conta.

Quanto a isso, ele ressalta que, para alcançar os melhores resultados em vendas e atender bem o cliente varejista, é essencial fazer uma análise das curvas de vendas e antecipar os pedidos para que não faltem os produtos juninos. “É também essencial decorar o estabelecimento, organizar os itens nas barracas de Festas Juninas, e entrar no clima com música e outras ações promocionais”, orienta.

Vendas acima da média Gileno Leão, diretor-comercial da DGH Foods, holding que integra marcas como a Hikari, compara que as festas juninas estão para a empresa assim como o Natal está para o varejo. “As festas e o clima mais ameno aumentam o consumo de produtos típicos, como amendoim, canjica, pipoca e especiarias, que são o carro-chefe do nosso portfólio; vendemos de maio a julho cerca de 40% a mais do que a média anual”, revela.

Ele destaca que a empresa tem grandes expectativas para 2022. “A volta das festas e das reuniões juninas após a covid-19 deverá acelerar as vendas dos produtos. Além dessa expectativa de que as vendas prosseguirão em crescimento acelerado, nossa distribuição será ampliada com a vinda de novos clientes, e de inovações que conquistarão novos consumidores e consolidarão nossas marcas nos corações e nas mentes dos consumidores”, diz Leão.

Em 2021, mesmo com a pandemia e as festas restritas à comemoração em casa, a Santa Helena registrou um aumento superior a 30% nas vendas em comparação com outros períodos, conforme conta Renato Feliz Augusto, presidente da Santa Helena. “A categoria de paçocas é o grande destaque, registrando demanda 70% superior à que ocorre nos demais períodos do ano. A empresa tem a expectativa de que 2022 será um ano ainda melhor que os anteriores, uma vez que, depois de dois anos de pandemia e restrições, as Festas Juninas serão o motivo perfeito para reencontrar pessoas queridas e celebrar”, comenta Renato.

Segundo ele, para oferecer um mix satisfatoriamente completo para o varejo, o planejamento é fundamental. “ Considere uma execução caprichada, com barracas expondo tanto as embalagens grandes, com melhor r$/kg, como as de baixo desembolso, o que lhe garantirá acesso a uma Festa Junina de qualidade para todos os bolsos e públicos”, diz.

Para aquecer os negócios

Quanto às festas para o clima frio do inverno, outras categorias, como queijos e vinhos, ganham destaque. “O consumo de queijos e vinhos aumenta de maneira significativa, e a charcutaria (frios e embutidos) também. A explicação para essa sazonalidade está no fato de se tratar da época mais fria do ano, o que propicia o consumo de alimentos que geram mais energia. É a antiga sabedoria do corpo. Quando o inverno chega, o corpo sabe que precisa de mais energia para se aquecer, e a gordura é a maneira mais eficaz de guardar energia. Os queijos produzem gorduras naturais e de alta qualidade, e os vinhos têm mecanismos que melhoram a circulação periférica, o que ameniza a sensação de frio”, comenta Sérgio Barbosa, CEO da RAR.

SÉRGIO BARBOSA, CEO da RAR

Segundo ele, para conquistar os resultados esperados, a empresa vem trabalhando junto ao atacado distribuidor. “Nossa equipe de vendas recebe continuamente treinamento sobre nossos produtos e a maneira de como categorizar cada um. Mas o ponto principal que destacamos é o de criar uma programação de estoque significativa para atender à demanda desta época do ano. Nunca se deve deixar para a última hora”, comenta.

Barbosa revela que, no primeiro trimestre do ano, a empresa já cresceu 35% em comparação com o mesmo período do ano passado. “Foram os lácteos que alavancaram as vendas, e seu consumo teve uma alta significativa em 2021. A expectativa agora é atingir a meta da empresa: obter, em 2022, um crescimento de 38% no volume de vendas de 38%”, diz.

Também é preciso destacar que, intuitivamente, o consumidor faz uma rápida associação das baixas temperaturas com o consumo dos chás por causa de sua principal funcionalidade, o aquecimento.

“Durante o inverno, o consumo aumenta consideravelmente e é nesse período que o consumidor abastece seus estoques de chás, principal janela de visibilidade e de lançamentos. O próprio varejo já se adaptou a esse comportamento, dando maior abertura para a categoria nos meses de baixas temperaturas”, comenta Flávio Andrade, gerente de Trade Marketing da Leão Alimentos e Bebidas.

Para ele, é preciso ressaltar que o Brasil é um país tropical e apresenta diversidade de invernos. “Em alguns lugares, a estação é mais rigorosa, e em outros, mais amena; por isso, a bebida se faz presente até mesmo em situações de altas temperaturas. Nosso maior desafio é, inclusive, quebrar o paradigma de que o chá tem clima a ele condicionado, que ele só esquenta ou que tem um público bem determinado. Mas, ao contrário, ele é uma bebida democrática, multifuncional, pode ao mesmo tempo refrescar e aquecer, além de oferecer outros benefícios”, comenta Flávio.

Ele também diz que o atacado distribuidor precisa de uma boa gestão de estoques, políticas promocionais e direcionamento de mix correto para cada tipo de segmento.

Destilados

Na categoria de destilados, apesar de não registrar grande sazonalidade ao longo do ano, há também um leve aumento no consumo durante as festividades juninas. “Grande parte desse aumento se deve ao consumo de bebidas que são características dessas ocasiões, entre as quais destaca-se o quentão, mas não apenas sob essa forma, pois também aumenta o consumo desse produto in natura, muito puxado pelas baixas temperaturas vivenciadas nesse período do ano”, explica Luciano Sadi Andrade, gerente de Marketing da Cia. Müller de Bebidas.

Ele afirma que o atacado distribuidor precisa se preparar, tendo em seu portfólio um mix completo de produtos. Para 2022, as expectativas da empresa são muito positivas. “Depois de um 2021 em que a empresa bateu diversos recordes de faturamento e participação de mercado, mesmo com as restrições impostas pela pandemia, acreditamos que 2022 tenha tudo para ser ainda melhor. Já entramos em 2022 em um patamar superior e, além dos planos de marketing e dos comerciais que preparamos, esse será um ano de Copa do Mundo”, comenta.

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