Oportunidade

Consumo crescente

Com a proximidade das férias escolares, das festas e do verão, o consumo de snacks e de bebidas aumenta, e com ele, a necessidade de intensificar o atendimento ao varejista

Por Adriana Bruno

O avanço da vacinação contra a covid-19 vem apresentando sinais positivos, tanto no comportamento de consumo do brasileiro como no moviment do comércio em geral, em particular no dos bares e restaurantes. E com a proximidade das férias escolares, das festas de fim de ano e da presença do verão, o consumo de algumas categorias de alimentos e bebidas aumenta . Esse é um fato que se repete invariavelmente a cada ano. 

Mesmo assim, Olegário Araújo, cofundador da Inteligência360, destaca que também é importante os executivos analisarem as informações de 2019, uma vez que o período que abrange o fim de 2020 e o começo de 2021 foi atípico tanto no que refere a mudanças nos  hábitos de consumo como também nos de compra.  

“É preciso conversar com os principais clientes para elaborar uma previsão melhor. É possível que neste fim de ano os canais Horeca (Hotéis, Restaurantes e Casas Noturnas) ganhem destaque se as pessoas se sentirem seguras com a vacinação. Nesse caso, podemos ter uma mudança na dinâmica dos canais”, diz Araújo.

Em particular, ele chama a atenção para o fato de que o vendedor, ou RCA (Representante Comercial Autônomo), também precisa atuar como consultor. Entender o que vende no cliente, o que tem potencial para vender; em suma, entender de estoque e de giro.

“O volume vendido pode ser um bom indicador desse estoque, mas também é preciso olhar para onde estão localizadas as lojas, o perfil do cliente para orientar cada varejista da melhor maneira. O vendedor precisa colocar o foco no sell out e não apenas no sell in. Ele precisa perceber como o varejista pode vender mais e melhor”, orienta.

Para petiscar

É durante as festas de fim de ano, quando as pessoas se reúnem mais para momentos de celebração com amigos ou familiares, que a categoria dos snacks está presente com mais destaque, tanto na cesta de compras como na mesa do consumidor. “Os snacks também ganham acentuada importância nos momentos de diversão e entretenimento. Nesse período, que também coincide com as férias de muitas pessoas, o consumo de pipoca, salgadinhos e amendoim fica em evidência”, comenta Sílvia Araújo, gerente de Marketing da Yoki na General Mills Brasil.

Sílvia Araújo, gerente de Marketing da Yoki na General Mills Brasil: “O hábito de consumir snacks se manteve, por exemplo, em momentos de descompressão”

Ela enfatiza que na pandemia, mesmo com as restrições de aglomeração, a empresa percebeu que o hábito de consumir snacks se manteve, por exemplo, em momentos de descompressão. “Diante disso, destacamos que as embalagens individuais e de porções menores são importantes, assim como as maiores, ideais para compartilhar com as famílias que têm passado mais tempo em casa”, comenta Sílvia.

Entre as particularidades da categoria, Sílvia comenta que, especialmente na Região Nordeste, há um interesse maior por sabores mais marcantes, como salgadinhos com sabor de presunto e amendoim saborizado. “Tivemos um aumento acelerado no consumo da categoria de snacks com o aumento do tempo dos consumidores em casa, principalmente com o crescimento do uso de telas como os canais de streaming”, ressalta Sílvia.

Ela acrescenta que, ao observar a ceia de fim de ano, nota-se grande sazonalidade com farofa e batata palha. “É fundamental que, nesse período, o sortimento seja diversificado e os estoques estejam abastecidos, pois sempre existe a compra de emergência realizada em lojas de vizinhança. O mesmo acontece no período do verão com a pipoca e o amendoim”, diz.

Para brindar

De outubro a março, as vendas de bebidas costumam crescer no País, tanto por causa do aumento da temperatura como pela presença das festas e confraternizações. Mas, de acordo com Eliana Cassandre, head de Marketing do Grupo Petrópolis, mesmo assim é preciso ter cautela.

“Não podemos nos esquecer de que, embora trabalhando com perspectiva de melhoria, ainda estamos em um cenário conturbado, com limitações de renda e de poder de consumo, impactando diretamente nosso mercado”, diz. Ela destaca que as cervejas premium têm conquistado mais consumidores no País. Para ela, tanto o atacado como a indústria estão passando por um cenário que exige muita análise e planejamento, e principalmente, por uma execução realizada com excelência e agilidade. E não são apenas as cervejas que ganham destaque. Os vinhos e espumantes também.

 Hermínio Ficagna, diretor-superintendente da Vinícola Aurora, revela à reportagem da DISTRIBUIÇÃO que, no verão, o perfil dos produtos mais consumidos altera. “No verão, os vinhos branco e rosé e os espumantes tendem a combinar mais com as altas temperaturas. Os sucos de uva integrais caíram no gosto do público e são consumidos durante todo o ano, mas também apresentam um leve incremento nas vendas no verão, justamente porque podem ser apreciadas por todas as idades”, diz.

Os espumantes têm seu ápice de vendas no fim do ano. Entretanto, nos últimos tempos, o comportamento do brasileiro está mudando para um consumo menos sazonal. “O espumante já passa a ser consumido ao longo de todo o ano, mas certamente que o grande consumo ainda ocorre no período que abrange o Natal e o  Ano Novo”, comenta Ficagna.

A categoria de bebidas alcoólicas prontas para o consumo também tem destaque no verão. “Apenas para se ter uma ideia, as vendas de dezembro a março representam, em média, 40% das vendas anuais da categoria, enquanto os outros oito meses do ano ‘apenas’ 60%”, comenta Luciano Sadi, gerente de Marketing da Cia. Müller de Bebidas.

LUCIANO SADI, gerente de Marketing da Cia. Müller de Bebidas

Para proteger

E como férias e verão combinam com praia e atividades ao ar livre, também é importante destacar a categoria de repelentes de insetos. Segundo Félix Boeing Júnior, diretor da Unidade de Inseticidas da Flora, mais da metade das vendas dessa categoria acontece durante a temporada de verão, entre dezembro e março. Isso porque a combinação de chuvas e calor forte infelizmente favorece a proliferação dos mosquitos. Ele acrescenta que nas Regiões Norte e Nordeste, por causa das condições climáticas, a procura por inseticidas e repelentes é alta durante todo o ano.

“Porém, nas Regiões Sul e Sudeste, a demanda é sazonal e coincide com a chegada dos dias de calor intenso e da temporada de chuvas”, comenta. Ainda de acordo com Júnior, os meses que antecedem o verão – de agosto a novembro – são o período ideal para planejar o abastecimento da categoria. Isso porque as vendas para o consumidor final crescem já a partir de dezembro.

“Nesse cenário, o atacado distribuidor desempenha um papel fundamental. É ele quem apresenta as últimas inovações da indústria e oferece apoio a varejistas e pequenos comerciantes para o planejamento das lojas para a temporada. A fim de estimular as vendas ao consumidor final, o varejista deve contar com um mix completo – aerossol, elétrico e espiral – e apostar em execuções diferenciadas ”, finaliza. Para Heloísa Glad, VP de Vendas Reckitt Higiene Comercial, é na temporada de verão que as vendas do inseticida SBP aumentam.” Esperamos uma forte comercialização como foi no ano passado”, lembrou. 

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