O segundo dia da 43ª Convenção Nacional e Anual do Canal Indireto começou com o painel de Inovação e Tecnologia trazendo “Inteligência Artificial na Prática – Soluções existentes no Brasil” para o debate entre três elos da cadeia de abastecimento: indústria, atacado distribuidor e provedores de soluções tecnológicas. Com Leonardo Miguel Severini, presidente da ABAD, como anfitrião, e Eduardo Terra, da BTR, como moderador, estiveram presentes na discussão Marina Pereira, da GS1 Brasil; Elói Assis, diretor da TOTVS; Juliana Bonamin, VP da Mondelez; Ricardo Zucollo, VP da Unilever; Luciana Dal Berto, diretora-geral da Disdal; e Edson Varnier, CEO da Unimarka.
“Quando conversamos com os tomadores de decisão no Brasil, percebemos que a inteligência artificial vem se tornando prioridade. Porém, a prioridade não significa realidade e 84% das empresas de varejo ainda não usam essa tecnologia a seu favor”, comentou Terra, que fez uma breve apresentação sobre a revolução tecnológica dos últimos anos. Segundo ele, hoje temos 2,5 quintilhões de dados sendo gerados diariamente, mas eles ainda não são utilizados de forma útil.
APARATO
Juliana Bonamin, VP da Mondelez, e Ricardo Zuccollo, VP da Unilever, mostraram o que a indústria vem fazendo com todo o aparato tecnológico que invade o mercado. Realista com os principais desafios encarados pelo segmento alimentício, Juliana enfatizou a adesão à IA para melhorar a eficiência dos negócios. “Saímos de 400 mil para 800 mil pontos de venda e precisávamos melhorar nossa eficiência operacional, que era uma das nossas grandes dores. Para isso, adotamos o pedido sugerido a fim de utilizar os inúmeros dados que tínhamos das nossas transações, mas que não eram usados com assertividade, para ditar a frequência, o pedido e o melhor mix a ofertar. Com isso, hoje temos 40% dos nossos parceiros operando com o pedido sugerido”, disse. Segundo a executiva, a implementação dessa ferramenta aumentou a frequência dos pedidos.
No mercado de limpeza, higiene e beleza, a Unilever já compreendeu que dados são fonte riquíssima de informação e passou a trabalhar com eles de forma muito mais aprofundada. “Primeiro organizamos a casa para ter essa matéria-prima em mãos”, comentou Zuccollo. Outra sugestão da companhia está em dar valor ao conhecimento de mercado que se tem dentro das próprias equipes. A marca, segundo ele, aprendeu isso na marra. “Fomos ao mercado buscar um cientista de dados para, depois, descobrir que não adiantaria, pois ele não conhecia o nosso negócio”, explicou. Luciana Dal Berto, da Disdal, reconhece que de nada adianta ter um monte de informação que fica presa em uma gaveta sem acesso. “Tenho um monte de dados, mas como os utilizo no campo, com minha equipe de vendas? Ela consegue pegar esses relatórios, analisar e tomar as decisões corretas? O que precisamos é simplificar tudo isso para passar a informação de forma mais didática e fácil para o trabalhador utilizar”, comentou.
O CEO da Unimarka, Edson Varnier, concordou que a inteligência artificial precisa ser encarada como ferramenta útil de produtividade. “Há muito a ser explorado dentro do próprio universo de informações e a IA vai nos ajudar a direcionar nossas decisões trazendo análises mais preditivas que orientem nossos caminhos”, disse.
A GS1 Brasil e a TOTVS participaram do debate para explicar como ferramentas específicas são potencialmente benéficas para o mercado atacadista distribuidor. Segundo Marina Pereira, da GS1 Brasil, a tríade do sucesso de qualquer corporação no mundo moderno é de pessoas, processos e tecnologia.
“A IA permeia essas três pontas importantes”, pontuou. Complementando o raciocínio, Elói Assis, da TOTVS, disse que as empresas voltadas ao ramo tecnológico têm a chance de ajudar a acelerar a adoção da IA nos negócios do setor entregando ferramentas que já consideram os dados mais relevantes nesse contexto.
SEGUNDO PAINEL: ESG
A importância que os stakeholders dão ao tema ESG, sigla do inglês para os aspectos Ambiental, Social e de Governança, foi o argumento inicial do coordenador do Comitê ESG da ABAD, Alessandro Dessimoni, na abertura da apresentação “Negócios sustentáveis: um caminho sem volta”. “O consumidor vai nos empurrar para essa agenda ESG. Nossos fornecedores já estão nessa linha e vão escolher parceiros que estejam na agenda. Temos outros exemplos: os clientes, o mercado financeiro, os bancos vão fazer análise de crédito considerando práticas ESG”, afirmou ele, ao cumprimentar o presidente da ABAD, Leonardo Miguel Severini, pela iniciativa de ter criado o comitê há dois anos.
Segundo Dessimoni, nesses 24 meses de trabalho, o comitê já conseguiu realizar três grandes entregas: as cartilhas voltadas aos pilares ambiental, social e de governança; a estruturação do projeto de logística reversa para o pequeno varejo; e a parceria com o projeto Vidas Preciosas.
Parceiro da ABAD, Gustavo Fonseca, da Braga Consultoria, coordena o pilar Ambiental do Comitê e junto com o grupo desenvolveu um projeto de economia circular e logística reversa que visa a atingir 1 milhão de pontos de coleta seletiva em pequenos varejos no Brasil. O projeto prevê tanto o envio de coletores seletivos customizados para varejistas de bairros sem acesso à reciclagem, quanto a interface com cooperativas de coletores. Além do impacto ambiental, o consultor destaca o social.
Walter Faria, CEO da Braveo, grupo que reúne seis empresas de distribuição, destacou a relevância da iniciativa. “No futuro, as empresas não vão ser avaliadas pelo EBITDA por resultado, mas pelo impacto que geram no meio ambiente e na comunidade. Por isso é importante fazer esse mapeamento e olhar os projetos que podemos implementar e tudo aquilo que a gente precisa para interagir como agentes de distribuição com nossos parceiros”, explicou.
Para a representante da P&G, Renata Santos, outro caminho sem volta para a indústria no que tange o aspecto ambiental é ter isso em voga desde o desenvolvimento de produtos. Segundo ela, o objetivo precisa ser maximizar impactos positivos e minimizar os negativos. Uma vez que a primeira edição da Cartilha Social da ABAD foi elaborada com foco no tema Diversidade, Equidade e Inclusão, esse foi o viés abordado por Patrícia Fiore, advogada da Dessimoni & Blanco Associados, painelista que abordou o S da sigla ESG no evento. De acordo com ela, as empresas precisam estar cientes que só têm a ganhar com a diversidade, e reafirma que a prática traz melhorias no que tange o clima organizacional, o aumento de produtividade, a redução de turnover, a inovação, o reconhecimento de potencial de colaboradores e o sucesso a longo prazo no mercado global.
A gerente de sustentabilidade da Kenvue, Agnes Honda, destacou que a empresa foi criada há um ano para capitanear a divisão de consumo da Johnson & Johnson. “Como temos marcas icônicas que impactam a vida de 1,2 bilhão de pessoas no mundo, o pilar social faz parte da nossa missão de vidas saudáveis”, explicou.
O projeto “Vidas Preciosas, uma tacada de sucesso”, a terceira grande entrega do Comitê ESG, foi o tema abordado na sequência do painel, quando subiu ao palco o responsável pelo projeto de Matt Featherstone, que por meio da prática do críquete incentiva o estudo, a disciplina, a liderança e a inteligência emocional de crianças de comunidades socialmente vulneráveis. Ao todo, 250 crianças no Rio de Janeiro já foram impactadas pelo projeto e em breve terá início em São Paulo. De acordo com Andreia Alves, do Instituto ABAD, o custo mensal para patrocinar uma criança no projeto é de R$ 50. “O projeto já foi aprovado no Ministério da Cidadania e é possível direcionar até 2% do Imposto de Renda para ele”, explicou.
Waldir Beira Júnior, diretor-presidente da Ypê, abordou o pilar governança corporativa explicando um pouco da jornada que fez a empresa se transformar de uma empresa familiar em uma companhia que adota as melhores práticas de mercado. “Meu pai, o fundador, morreu há 26 anos, e depois disso foram necessários vários ajustes. Agora estamos chegando à terceira geração e logo mais será uma sociedade entre primos, o que adiciona ainda mais alguns desafios”, explicou ele.
Com 44 anos de fundação, a história da Distribuidora Rio Quality não foi muito diferente. “Nascemos como uma sociedade de cinco irmãos, que acreditaram na visão do meu avô e se juntaram para criar um distribuidor de food service”, disse Marcello Marinho, executivo da empresa e integrante da terceira geração.
TERCEIRO PAINEL: LOGÍSTICA
Em busca de conexão para melhorias, o mediador Giuseppe Lotto, da Temsi, recepcionou os executivos de duas distribuidoras, duas indústrias e duas empresas de tecnologia no painel “Tecnologia e automação na logística: como impulsionar a produtividade operacional”.
Automação ou mão de obra humana? Colaboradores próprios ou terceiros? Com essas indagações, o consultor da Temsi iniciou sua apresentação para destacar alguns dos temas que têm afetado o dia a dia de distribuidores e atacadistas. “A logística é impactada por fatores externos, como as leis trabalhistas e tributárias e a infraestrutura, mas acredito que o mais importante aqui é falar o que podemos fazer dentro da empresa para melhorar a performance”, disse Lotto.
Ouvir clientes e equipe de vendas é o que a Destro Macroatacado faz nesse sentido, explica o seu diretor Emerson Destro. “Com isso, a gente está sempre buscando fazer mais, entregar melhor, ter eficiência logística e redução de custos”, afirmou, citando com um dos principais desafios do setor ter uma capacidade linear para atender uma demanda inconstante. “Tem fornecedores que negociam volume, mas o cliente está preocupado em vender, por isso o investimento em projetos logísticos e de tecnologia é de extrema importância”, explicou.
De acordo com Inácio Américo Miranda Júnior, proprietário da KarneKeijo, entre os desafios do setor está o de trabalhar com uma logística tributária e não geográfica. “Nossa empresa tem 45 anos de distribuição de food service. Estamos em Pernambuco, na Paraíba e no Rio Grande do Norte e precisamos ter filiais nos três estados para usufruir de incentivos fiscais apesar de a Paraíba estar a 90 quilômetros de Recife”, explicou ele, que acredita que os aceleradores da indústria 4.0 ajudarão a reduzir custos, citando: realidade aumentada, computação em nuvem, internet das coisas, sistema integrados, simulações, manufatura aditiva, robôs autônomos, big data e segurança da informação.
Já a automação por meio de máquinas não utilizadas pelos seus pares no país foi um dos fatores mais significativos para o crescimento da Cremer, empresa criada em 2019/2020. “Detemos 70% da capacidade de produção do Brasil em lenço umedecido e abrimos mais de 50 mil pontos de vendas em supermercados”, afirmou o executivo Renan Hervelha.
EFICIÊNCIA
A vice-presidente de Vendas Latam da Kion, Adriana Firmo, utilizou o seu tempo para apresentar algumas das soluções tecnológicas da multinacional alemã para aprimorar a eficiência dos centros de distribuição. “Cuidamos da intralogística, para dentro do muro do CD e entre as megatendências que vêm nos impulsionando destaco a automação e o e-commerce”, disse ela.
Entre as tecnologias apresentadas também foram destaque os smarts pallets da CHEP, empresa pioneira no modelo de economia circular. “Estamos evoluindo com a tecnologia e inovações digitais dentro da cadeia de suprimentos”, disse o CEO André Cardoso, explicando que os pallets possuem dispositivos instalados que asseguram a rastreabilidade na cadeia.
Quinta maior empresa de laticínios do Brasil, o case da Alvoar encerrou o painel. O executivo Antônio Rodrigues abordou as iniciativas de sinergia com parceiros que a empresa utilizou para otimizar recursos por meio de logística reversa. “Levamos a experiência das nossas fábricas para os centros de distribuição e depois levamos para o varejo. Hoje temos quase 300 lojas de diferentes redes abastecidas conforme a venda real”, disse Rodrigues, explicando que como a empresa está presente em Minas Gerais e no Nordeste, foi possível otimizar o transporte com parceiros do varejo.
QUARTO PAINEL: OS RUMOS DA ENTIDADE
Desenhar um caminho de fortalecimento e crescimento para o setor, além de elaborar as principais estratégias para a concretização dessas metas, tem sido o objetivo do Comitê Canal Indireto da ABAD. Em um painel dedicado ao assunto e mediado pelo coordenador do comitê, Roger Saltiel, da Integration, um time de especialistas apresentou qual será o rumo da entidade para os próximos anos.
“Vimos uma série de mudanças no mercado com o surgimento de marketplaces, plataformas digitais, novos canais, conveniências e com o consumidor mais próximo da informação para comparar preços. Trata-se de uma revolução em todos os elos da cadeia e, com isso, as indústrias e os agentes de distribuição também precisam se reorganizar”, declarou Saltiel.
Depois de realizar uma ampla pesquisa com parceiros, o comitê desenhou um mapa estratégico para a Associação que envolve reforçar o vínculo com a indústria, fortalecer a proposta de valor para os associados e investir na aproximação do varejo. “Esses são os nortes do nosso planejamento”, disse o coordenador.
Dando sequência ao debate, executivos da Coty, da Mondelez, do Grupo Martins e da JC Distribuição mostraram, ao lado de Leonardo Miguel Severini, presidente da ABAD, como as estratégias que estão sendo adotadas para o fortalecimento do setor por meio da Associação podem impactar positivamente os negócios.
Bruno Wolmer, vice-presidente da Coty, colaborou com uma visão importante sobre as chances desse mapa estratégico surtir efeito: “O planejamento não deve ser somente da liderança, mas de todos. Precisa ser desdobrado para todas as áreas e engajado por todas as hierarquias”, declarou. O executivo disse que a Coty chegou a 72% dos domicílios graças aos ganhos de distribuição.
Já na Mondelez, de acordo com Bianca Hörbe, esse ganho de distribuição tem um destino bem definido: cidades com menos de meio milhão de habitantes.
“Vimos que o crescimento do nosso mercado até 2030 virá de regiões menores. Nesse sentido, toda a aproximação com as filiadas ABAD será fundamental”, declarou.
Lembrando que muita gente acreditava que o atacado iria acabar devido ao desdobramento de novos canais, José Rodrigues da Costa, diretor-presidente do Grupo JC Distribuição, acredita que teremos uma mudança importante daqui para frente, mas que isso não representa o fim do atacado. “O que veremos nos próximos anos é um reordenamento do sistema e a ABAD poderá contribuir organizando essa transição, ligando as pontas, vendo as dificuldades em cada segmento e em cada região”, disse.
Por fim, para encerrar o debate, Rubens Batista, CEO do Grupo Martins, trouxe luz à relevância da ABAD em todo esse contexto de desenvolvimento. “A Associação está capacitada a ter essa função de fazer com que todos nós possamos nos unir para fazer com que o setor siga prosperando”, concluiu.
QUINTO PAINEL: ECONOMIA
Todos os anos, a Convenção traz economistas para apresentar a atual conjuntura do país e como as movimentações tanto no cenário brasileiro quanto no internacional podem impactar o setor. Na 43ª edição do evento, os convidados foram Pablo Spyer, comentarista econômico da Jovem Pan, e Rafael Furlanetti, da XP Investimentos.
Em um painel que também contou com a presença de Leonardo Miguel Severini e Juliano Faria Souto, respectivamente presidente e 1º vice-presidente da ABAD, os especialistas enfatizaram alguns dos principais pontos que despertam atenção (e preocupação): crescimento fraco dos países, inflação global em pico, juros que devem começar a cair em todo o mundo, riscos geopolíticos aumentando e eleições diversas nas grandes potências globais. “O crescimento dos países ainda é muito fraco. O mundo vem crescendo menos do que poderia, mas de forma melhor do que imaginávamos no começo do ano”, disse Spyer, conhecido como Tourinho de Ouro. Mesmo com essa percepção de desaceleração global, os EUA surpreendem pelos feitos pós-pandemia.
Segundo Furlanetti, em dois anos após a crise do novo coronavírus, os norte-americanos injetaram, na economia, um montante de dinheiro similar ao que foi injetado ao longo de oito anos na crise de 2008. O Brasil está prestes a vivenciar mais um período eleitoral, desta vez para eleger as lideranças municipais. Porém, existem outras eleições globais que estão movimentando a economia e podem afetar também os mercados brasileiros. “Na Europa, a extrema-direita francesa é contra o euro e em breve teremos essas definições. Nos Estados Unidos, em 15 dias teremos a possível revanche entre Donald Trump e Joe Biden. Isso sem falar nas eleições para o Congresso americano”, pontuou Spyer.
FOTO BOA, FILME PREOCUPANTE
Para descrever o atual cenário econômico, Furlanetti usou uma frase interessante: “A foto da economia é boa, mas o filme é preocupante”. O que o especialista quis dizer é que há uma série de frustrações na busca de receita no Brasil que podem impactar de forma negativa o cenário econômico no decorrer dos próximos meses. “A agenda a ser perseguida deve ser a de eficiência da máquina pública, o que é difícil de imaginarmos em um governo federal comandado pela esquerda”, explicou.
PALESTRA INTERNACIONAL.
Chief technology officer (CTO) da Gellify, Fabio Bucci (foto), abordou o tema “O Futuro da Era da Inteligência Artificial: aplicações transformadoras em Logística”, em palestra internacional. O executivo do grupo ao qual pertence a Temsi – uma das patrocinadoras do evento anual – iniciou o pitch explicando sobre alguns termos relacionados ao assunto, como Deep Learning, Machine Learning e IA generativa. “Deep Learning é uma parte da Machine Learning, que é uma disciplina da inteligência artificial”, disse ele.
De acordo com Bucci, a adoção da IA generativa ainda é baixa nas cadeias de logística e suprimentos, o que traz muitas oportunidades. “O futuro envolve o uso extenso da IA em todas as etapas do processo operacional, seja da fase um, de planejamento de demanda, organização de pedidos e vendas de produtos até a fase três, que consiste na automação dos processos, com medição de indicadores”, afirmou.
Entretanto, segundo o CTO, para que os avanços se consolidem, é preciso haver dados consistentes e metas.
“Sem dados não temos IA, devemos pensar em sistemas
de previsão, caso contrário será impossível utilizá-la, independentemente do nível de maturidade das organizações. Não há fórmula mágica, precisamos ter alto nível de automação e testar diversos modelos para ver qual funciona melhor para cada empresa”, explicou. O palestrante encerrou deixando para o público a seguinte reflexão: “A IA não vai substituir os humanos, mas os humanos que sabem utilizá-la da melhor forma vão substituir os demais”.