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Bons Ventos

Pesquisa aponta o resultado de vendas de 60 categorias de produtos vendidos no pequeno varejo. O cenário aponta melhor desempenho.

Por Adriana Bruno, Claudia Rivoiro e Rúbia Evangelinellis

Stock market graphs monitoring

Em um tempo de demanda alta, mas com o brasileiro atento às promoções e aos preços praticados pelo canal alimentar, avaliar as tendências de consumo ajuda a prevenir possíveis encalhes de produtos. O levantamento “Categorias em Destaque”, realizado pela NielsenIQ, junto ao varejo tradicional e de pequeno porte, traz o movimento de vendas – em valor e volume.

Neste nono ano consecutivo, o estudo ampliou para 60 categorias observadas com destaque em 505.592 estabelecimentos auditados, com base no resultado registrado em 12 meses encerrados em setembro. Em 2023, foram 50 grupos de produtos pesquisados em 493.693 pontos de venda.

As atuais 60 categorias têm peso significativo na cesta de compra do consumidor. Tanto é que possuem representatividade evidente na amostragem de 146 grupos de produtos pesquisados no mesmo período. Respondem por 67% do total faturado e apontam aumento de 7,5% (em valor) nas vendas contabilizadas. As demais 86 categorias, no entanto, não conseguiram sustentar um resultado positivo e retraíram em 1,2%.

Em uma lista de 146 produtos, é perceptível o protagonismo das bebidas (responsáveis por 43% em valor e com incremento de 9,7% nas vendas). Os alimentos também se destacam, com contribuição de 34% e alta de 5,9%. Já os cigarros chamam a atenção com a variação de 8,3% nas vendas, acima das altas registradas para artigos de higiene pessoal e beleza (6,4%), de limpeza (4,2%) e bazar (0,9%).

O recorte do estudo que retrata as categorias em destaque mapeia o comportamento de vendas em estabelecimentos presentes no território nacional e seu desempenho regionalmente e por segmentos, como embalagens e versões.

Nas próximas páginas, empresas com participação relevante no mercado e consultores avaliam os setores. Na lista constam produtos básicos ou de indulgência. Tem arroz, massas, água de coco, salgadinhos, sucos, refrigerantes, cerveja, energéticos, chocolates, biscoitos, maquiagem, esmalte, sabonete, desinfetantes, pilhas e aparelhos de barbear, além de outros itens.

Domenico, da NielsenIQ: a variação de vendas das categorias registra um cenário melhor

Para Domenico Filho, diretor de varejo da NielsenIQ no Brasil, a variação de vendas das categorias registra um cenário melhor e de menor impacto sobre os preços em relação ao ano passado. “Notamos aquecimento do mercado brasileiro motivado por uma inflação mais baixa, ainda que esteja próxima do teto da meta oficial (de 4,5% para 2024), redução do desemprego e aumento da renda, ainda tímida, mas que contribui para o consumo.”

Segundo informado, no acumulado até setembro, houve, na média, aumento do faturamento de 8,9% e em volume, de 6,2%, no quadro geral de categorias mapeadas semanalmente, que apresentam melhora contínua de patamares.

Mas como ainda existem pressões, algumas altas pontuais podem implicar em repasse de alta para preços. “O grupo FLV (frutas, legumes e verduras), por exemplo, aumenta 25% em valor, mas em volume somente 1%.”

O executivo entende que energia e commodities podem impactar o custo de vida até dezembro. Ainda assim, enxerga um cenário positivo para o consumo neste ano, apesar de o endividamento pesar no bolso de parte da população. Na mira, como impulsionadores de consumo, estão o emprego temporário de fim de ano, Black Friday e pagamento do 13º salário.

O movimento do brasileiro, que ajusta a cesta de compras para caber itens essenciais com outros de maior valor em categorias de indulgência, também deve ser considerado. “Ele investe menos em produtos de limpeza de roupa e de casa, preferindo marcas mais baratas, e opta por outras mais caras em categorias com percepção de valor, como cervejas, snacks e sorvetes.”

LEONARDO MIGUEL SEVERINI, presidente da ABAD e diretor do Grupo Vila Nova

Para a indústria, esse panorama detalhado é
um diferencial competitivo

Leonardo Miguel Severini, presidente da ABAD, ressalta a contribuição do estudo por possibilitar um raio X de consumo e de interesse da cadeia produtiva. “A pesquisa é essencial para embasar decisões estratégicas tanto para o atacado distribuidor quanto para o pequeno e médio varejo.”


Segundo informou, o levantamento oferece visão precisa do desempenho de cada categoria nos pontos de venda e proporciona base sólida para a composição de sortimento e definição de estratégias comerciais e de exposição. “Para a indústria, esse panorama detalhado é um diferencial competitivo, permitindo ajustes rápidos e embasados nas estratégias de marketing e na logística de distribuição. Em um mercado dinâmico como o nosso, contar com dados que traduzem o comportamento de consumo em cada região é um recurso estratégico fundamental para o fortalecimento da cadeia como um todo”, assegura.


METODOLOGIA
A pesquisa Categorias em Destaque avalia nesta edição 60 grupos de produtos em 505.592 pontos de vendas auditados no ano móvel encerrado em setembro. Em 2023, o estudo analisou 50 categorias em 493.693 estabelecimentos com até mil metros quadrados, que são classificados como de autosserviço independente, supermercado pequeno de cadeias ou que somem até cinco lojas e tradicional.

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