Sinais de contraste

As expectativas para o encerramento de 2024 eram positivas, mas nuvens escuras mostraram nos meados do ano passado que não seria tão promissor como se mostrava no seu início.

Para Domenico Filho, diretor de varejo da NielsenIQ no Brasil, sinais de contraste aparecem na análise feita sobre o panorama do consumo brasileiro no ano passado, na pesquisa NIQ CPS Homescan/Consumer 360 2024. “Vimos a redução de desemprego, mas famílias ainda se encontram endividadas, além de outros fatores negativos como a expectativa de crescimento do PIB para 2025 de 2% não ser um número tão expressivo e a inflação ter a sua projeção alterada de 4,83% para 5,58%, sem contar com o dólar flutuante diante as declarações do presidente americano Donald Trump sobre a taxação de produtos importados, enfim um cenário que pede cautela”, alerta o executivo.

Se for analisar o comportamento do consumidor, Domenico destaca que um shopper mais cauteloso tende a priorizar preços menores e a sua fidelidade com as marcas e lojas também é alterada. “Eles são muito mais racionais, visitam mais pontos de venda, mas também abrem oportunidades de vendas para outros varejos. Ao fazerem compras, 65% dos lares priorizam orçamento através de sua lista de compras, 62% dos lares afirmam que priorizam o preço independentemente da marca, mas 60% só mudam de marca se a sua preferida sobe o preço, as embalagens maiores ganham relevância e 57% dos lares pesquisados buscam lojas com promoção para comprar. São pontos importantes para quem faz o abastecimento de milhares de pontos de venda pelo Brasil”, destacou.

Endividados

Cada vez mais na mídia, nas entrevistas e nas análises econômicas é o endividamento do brasileiro. Segundo o mesmo estudo da NIQ, os endividados tiveram piora financeira em 2024. “As apostas em jogos como do Tigrinho, Bingo, Bet, MegaSena, rifas e outros aparecem como tentativas de novas fontes de renda, sendo que os altamente endividados são os apostadores do Jogo do Tigrinho. E o Nordeste é a região que tem o maior patamar de apostadores, com destaque para jogos alternativos. Até o ano passado, esse dado não chamava tanto a atenção”, observa.

Quando se olha as cestas analisadas em valor e volume, a de Bebidas e de Higiene e Beleza seguem como destaques em valor, já cigarros tiveram maior crescimento em volume. “O que chama a atenção nesse estudo do Ranking foi que o canal indireto mantém a sua participação no mercado de consumo brasileiro na casa de 53,7%, ou seja, alcança o patamar de 2016 e mostra a força do setor. É bom lembrar que no período houve uma inflação de 66%, de 2015 a 2024, com outras variáveis como aumento populacional, incremento de número de trabalhadores no mercado de trabalho, inflação, apropriação de novas categorias e o incremento de novas no portfólio das indústrias, além da expansão do cash & carry e o desaparecimento do hipermercado”, lembrou.

Dados Importantes

  • Inflação é ponto de atenção devido ao seu crescimento
  • Categorias mais afetadas pelo repasse são as mais básicas
  • Dólar em alta traz incertezas
  • Consumo segue positivo com recordes de turistas
  • Incerteza climática, econômica e política
  • Farmácias têm mix ampliado
Comentários (0)
Adicionar Comentário