Cultura do “eu mereço” faz aumentar o consumo de produtos indulgentes

Um chiclete após o almoço ou até mesmo um chocolate depois de um dia agitado no trabalho é uma rotina normal de milhares de brasileiros, e esse comportamento reflete no carrinho do shopper. Baseando-se na teoria do “eu mereço…”, o consumo de alimentos indulgentes – não básicos e com baixo teor nutricional – vem aumentando, principalmente no mercado de vizinhança. Um estudo realizado pela Horus Inteligência de Mercado, “Encontrando o equilíbrio entre sabor e bem-estar: o shopper em foco”, mostrou que 50,7% do carrinho do cliente é composta por esse tipo de produto, em contrapartida dos 34,4% da categoria saudável.

A pesquisa mostra que a demanda por indulgentes diz respeito a compras de emergências, feitas principalmente em lojas de conveniências, e para trazer um prazer instantâneo para a pessoa, estando relacionada a essa cultura do “eu mereço…”. A head de produtos da Horus, Roberta Atherino, explicou em entrevista à SuperHiper que percebeu uma maior intensificação desse tipo de pensamento durante a pandemia, mas que se perpetua até hoje. ” Algo muito forte é o fator da pandemia, uma vez que afetou muito a saúde mental das pessoas e intensificou essa questão do eu mereço. Então isso vai muito da cabeça da população, de querer um prazer de forma rápida.”

Outro fator relevante para entender essa tendência do shopper é analisar a situação econômica. Produtos indulgentes são 26% mais baratos do que itens saudáveis, enquanto o primeiro custa uma média de R$ 5,65, o segundo chega ao valor de R$ 7,12. “É o lazer que cabe no bolso, então ao invés de eu ir jantar fora num restaurante, eu vou comer algo gostoso em casa, aumentando o consumo dessas categorias que estão associadas ao prazer”, exemplifica Roberta.

Neste quesito ainda, vale destacar que a presença na cesta desses itens está associada, principalmente, a classes econômicas mais baixas. Famílias com um melhor equilíbrio financeiro, em níveis A ou B, se alimentam mais com produtos saudáveis, com uma incidência de 77,5%, enquanto a categoria de comidas com baixo teor nutricional está em 66,8%. Já família de renda C ou D tem uma média de preferência por comidas altamente industrializadas de 72%. Além disso, a compra de produtos saudáveis está relacionado à missão de compra, seja de abastecimento ou de reabastecimento.

“Quando a gente vê que apenas no nível socioeconômico, percebemos uma relação direta em relação ao preço. Dentro de saudável é uma tendência a categoria ser mais cara. A oferta desses produtos tem um maior valor agregado”, explica Artherino.

O sabor importa

Além dessa questão de preço e dessa cultura de prazer instantâneo, há outro fator de grande relevância para a escolha do consumidor, o sabor, e isso se aplica para todas as classificações. Os produtos saudáveis, por exemplo, se dividem em outras duas subcategorias: saudáveis indulgentes e saudáveis puro. Um busca atrair cada vez mais atenção no aperfeiçoamento do seu sabor, como é o caso das barrinhas de cereais ou proteínas, já o outro, é o alimento sem qualquer tipo de manipulação desse tipo.

No mercado, 72,8% das mercadorias são saudáveis puros, enquanto 27,2% são saudáveis indulgentes, e é uma tendência que a indústria invista cada vez mais em produtos saborosos na categoria que diz respeito à saudabilidade, uma vez que o shopper também está pedindo isso.

“Apesar de ter mais produtos indulgentes, também vemos alguns produtos saudáveis ali aparecendo e se preocupando com o sabor. É justamente por isso que a gente percebe esse movimento na indústria, de buscar um pouquinho de equilíbrio. É necessário sim entregar  saudabilidade, mas também é preciso entregar o prazer”, destaca a head de produto.

Fonte: SBVC

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