Atacado distribuidor encerra 2024 com faturamento de R$ 443,4 bilhões e crescimento de +9,8%

O mercado atacadista distribuidor brasileiro fechou 2024 com um faturamento de R$ 443,4 bilhões, segundo o Ranking ABAD NielsenIQ 2025 – Ano Base 2024, número que corresponde a um crescimento nominal de +9,8% do Canal Indireto no ano passado. Quando descontada a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o crescimento real foi de +4,97%. Dessa forma, o setor elevou de 52,5% em 2023 para 53,7% em 2024 sua participação no mercado mercearil nacional, o melhor resultado desde 2016. Vale destacar que o consumo mercearil cresceu 7,4% no período e alcançou R$ 825,7 bilhões. O estudo é realizado pela ABAD (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores) em parceria com a consultoria NielsenIQ.

Leonardo Miguel Severini, presidente da ABAD

Para Leonardo Miguel Severini, presidente da ABAD e da UNECS, os números refletem a força e a resiliência do atacadista distribuidor nacional: “O setor vem se transformando digitalmente e acredita no canal da conveniência que tende a se perpetuar dadas as características geográficas e populacionais do país”, diz o executivo.

Segundo Severini, o compromisso agora é impulsionar a digitalização também do pequeno e médio varejo, tradicionalmente atendido pelo setor. “Esse varejo é essencial para as comunidades locais, e o atacado distribuidor está preparado para liderar sua modernização”, reforça.

Perfil da amostra e projeções de crescimento

O estudo contou com a participação de 761 empresas que, juntas, faturaram R$ 277 bilhões em 2024 (R$ 202 bilhões sem o Atacadão) – uma amostra que representa 33,55% do faturamento total do setor. 

Em sua maioria, essas empresas  projetam crescimento e planejam ampliar a base de clientes, o volume de vendas, a equipe de colaboradores e os investimentos em tecnologia voltada à gestão e à área comercial.

Modelos de negócio predominantes

A “distribuição com entrega” segue como o principal modelo, representando 45,5% do faturamento. Na sequência, vem o “atacado generalista com entrega” (35,3%), o “autosserviço generalista” (13,8%) e o “atacado de balcão” (4,2%). Cabe destacar que esses números excluem os dados do Atacadão, permitindo uma análise mais precisa do Canal Indireto.

Representatividade comercial por canal de vendas

Com a retirada dos dados do Atacadão, o estudo aponta que os Representantes Comerciais Autônomos (RCAs) respondem por R$ 71,6 bilhões do faturamento (+2,9% em relação ao ano anterior), seguidos pelos vendedores CLT (R$ 62 bilhões), lojas físicas (R$ 28,4 bilhões), e-commerce (R$ 15,6 bilhões) e televendas (R$ 13,5 bilhões).

A participação comercial nesses canais varia conforme o modelo de negócio. No “generalista com entrega”, os RCAs são responsáveis por 40% das vendas, enquanto os vendedores CLT somam 20%. Já na “distribuição com entrega”, os papéis se invertem: 46% das vendas são feitas por vendedores registrados, contra 39% pelos representantes. No “atacado de balcão”, os vendedores lideram com 40%, enquanto os representantes somam 26%. No “autosserviço”, as lojas físicas dominam com 82% das vendas.

Panorama do varejo nacional

Domenico Filho, diretor de Varejo da NielsenIQ, destaca que o consumo segue sensível ao cenário econômico. “Apesar da taxa de desemprego estar em 6,5%, o alto endividamento (77% das famílias) e a inadimplência (atingindo entre 30% e 35% dos lares) influenciam diretamente nas decisões de compra”, observa.

Ele acrescenta que o consumidor está mais racional e busca economizar. “Sete em cada dez brasileiros conhecem bem os preços dos produtos, e quatro mudariam de loja para economizar”, comenta.

O estudo mostra também mudanças no comportamento de compra: o atacarejo é visitado, em média, 20 vezes por ano, e os supermercados, 21 vezes. As farmácias ganham cada vez mais papel de loja de conveniência.

Importância do Canal Indireto

“O mercado ficaria sem abastecimento sem o atacado.” A frase do professor e economista Nelson Barrizzelli resume bem a relevância do setor para a economia e para as famílias brasileiras.

Segundo o levantamento do Ranking ABAD NielsenIQ 2025 – Ano Base 2024, o atacado distribuidor responde por:

  • 40% das vendas dos grandes supermercados (R$ 160,5 bilhões)
  • 68% das vendas do pequeno/super-pequeno varejo (R$ 248,2 bilhões)
  • 95% das vendas do varejo tradicional (R$ 76,5 bilhões)
  • 85% do faturamento de bares (R$ 30,8 bilhões)
  • 85% de hotéis, restaurantes e cafeterias (R$ 42,2 bilhões)
  • 45% das vendas de farmácias e cosméticos (R$ 168,2 bilhões)

Ampla representatividade e capilaridade

O Ranking ABAD NielsenIQ é uma referência anual para o setor e contribui para o planejamento estratégico e as decisões de investimentos das empresas do Canal Indireto. A edição de 2025 contou com 761 empresas participantes (21 a mais que em 2024). As empresas respondentes somam 257 mil funcionários administrativos, 27,4 mil vendedores registrados, 37,3 mil representantes comerciais autônomos, 21 mil veículos próprios e outros 24 mil terceirizados, além de 7 milhões de metros quadrados de área de armazenagem.

Distribuição regional
A região Nordeste lidera em número de participantes no estudo, com 299 empresas (39,2%), seguida pelo Sul (137 empresas; 18%), Sudeste (136; 17,8%), Norte (101; 13,2%) e Centro-Oeste (88; 11,5%).

Top 10 Empresas – Faturamento

PosiçãoEMPRESAUFAno 2024  (em R$)
1ATACADAO SP86.020.000.000
2MARTINS COM. E SERV. DE DISTRIBUICAOMG7.085.105.279
3TECIDOS E ARMAR. MIGUEL BARTOLOMEUMG6.362.884.466
4ATACADAO DIA A DIADF6.039.333.061
5OESA COMERCIO E REPRESENTACOESSC5.777.449.254
6ATAKAREJO DISTR. DE ALIM. E BEBIDASBA5.233.399.856
7DECMINAS DISTRIBUICAO E LOGISTICAMG4.728.101.662
8TISCOSKI DISTRIBUIDORA COMERCIALSP4.207.693.370
9JC DISTRIBUICAO LOGISTICA IMP. E EXP.GO3.914.178.906
10GENESIO A MENDES & CIA SC3.525.530.641
TOTAL132.893.676.495
canal indiretoRanking ABAD
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