Intralogística

Elo de conexão

A movimentação de cargas e de materiais em armazéns e nos centros de distribuição são essenciais para o atacado distribuidor. Empresas oferecem equipamentos para facilitar a gestão

Por Adriana Bruno

Uma operação tão complexa quanto a de um atacado distribuidor não poderia acontecer se não pudesse contar com os processos de gestão e de intralogística. Antes de tudo, é preciso esclarecer que a intralogística nas empresas é definida pelas atividades de movimentação e armazenagem de materiais, gestão e controle desses materiais, processos e fluxos envolvidos nessas operações.

“A intralogística é o elo de conexão entre fornecedores, produção e cliente final. Sua atuação é muito importante, sendo essencial a qualquer empresa que opera com produtos, ou mesmo em serviços. A gestão da intralogística precisa avaliar constantemente o desempenho dos processos e buscar a minimização dos custos associados às suas atividades, explorando a tecnologia disponível para garantir os fluxos de materiais nos prazos e condições necessárias e esperadas”, esclarece Décio Tarallo, diretor da Prosperity Consulting.

A intralogística para sistemas de armazenagem e movimentação de materiais é um caminho sem volta, tanto para o setor atacadista distribuidor como para os centros de distribuição de e-commerce, pois os recursos que introduz constituem uma tendência que o mercado brasileiro absorveu de maneira positiva, encontrando uma ampla variedade de soluções, que podem otimizar processos, reduzir custos, eliminar erros e proporcionar alto desempenho nas operações.

A afirmação é de Jair Alves, diretor da Translift, que opera com sistemas de movimentação de armazenagem. De acordo com ele, a missão principal da intralogística automatizada é substituir (e o faz com enorme vantagem) os processos manuais, onde os dados são introduzidos manualmente em planilhas eletrônicas, o que gera distorções no conhecimento da quantidade real dos produtos em estoque, ou então, deixam de controlar o fluxo dos  produtos por data de entrada ou de validade nos casos de alimentos, medicamentos e bebidas, falta de controle à qual se alia  a insegurança permanente envolvida na incerteza de que os produtos expedidos nem sempre refletem a realidade de cada pedido, pois os erros são mais comuns do se imagina, o que acarreta redundâncias nas conferencias manuais, aliadas ao custo da logística reversa para troca.

Jair Alves, da Translift: missão de substituir as operações manuais

“A moderna intralogística é reconhecida por soluções que se inserem no conceito de alta conectividade e automatização, e que podem ser monitoradas por meio de códigos de barras, tags de radiofrequência, câmaras de 3D, sistemas de visão ou até mesmo balanças eletrônicas de extrema precisão, que determinam os pesos, scanners para verificar o volume dos produtos de modo a garantir que o produto que está sendo expedido seja realmente aquele produto selecionado – principalmente na quantidade solicitada – para que não haja nenhum tipo de desvio, sendo que o inventário do centro logístico é efetuado em tempo real”, explica Alves. 

Desafio

Cabe ao setor atacadista distribuidor enfrentar o desafio de operar com uma extensa gama de itens, envolvendo prazos de vida útil dos produtos ou urgências em responder nos atendimentos aos seus clientes. A intralogística faz a operação funcionar, recebendo diariamente grandes volumes de vários fornecedores, preparando e acondicionando esses itens em estruturas de armazenagem verticais, que requerem equipamentos robustos para operação, bem como agilidade na seleção desses materiais para embarque nos veículos aos clientes ou para disponibilizar os produtos em um formato de autosserviço, desmembrando pacotes e paletes ou outros sistemas unitizadores.  

 “A multiplicação de centros de distribuição mais bem localizados/regionalizados também é um efeito que decorre do uso mais intensivo de ferramentas tecnológicas de intralogística e da agilidade buscada pelo mercado”, diz Hermano Pinto Júnior, diretor do portfólio de Infraestrutura da Informa Markets Brasil, organizadora e promotora da Intermodal.

Hermano Pinto Júnior, diretor da Informa e promotor da feira Intermodal

A intralogística traz como principais resultados maior eficiência operacional através do manuseio de equipamentos de forma padronizada, redução de custos logísticos e maior competitividade na cadeia de abastecimento. “Para o canal indireto trata-se de um elemento fundamental para o setor onde a adequada integração de dados junto ao correto manuseio dos equipamentos, embalagens e produtos trazem uma melhor organização dos processos logísticos internos”, comenta Rodney Bertaioli, Retail Solutions Manager da Chep.

Segundo ele, existe uma tendência muito forte na utilização da IA para melhorar as operações de armazenagem e movimentação de materiais. “São nesses setores que os clientes buscam fortalecer os processos de Data Analysis como forma de antecipar determinadas demandas e obter melhores resultados em suas operações,” complementa.

Armazenagem e tecnologia 

Os galpões logísticos também são de suma importância para o setor atacadista distribuidor. O segmento de transporte e operação logísticas, ou seja, toda a cadeia de distribuição do País, é responsável por ocupar 21% de todo o estoque de galpões de qualidade. “É naturalmente um dos segmentos que mais demandam espaços pelo território brasileiro. Quando olhamos para o setor atacadista, vemos que o percentual de ocupação é de 5%; quando somados, ambos chegam a 4,6 milhões de metros quadrados ocupados, 26% de todos os inventários”, comenta Abiner Oliveira, diretor-comercial da Divisão de Logística da Colliers.

Oliveira, da Colliers: há muita demanda do canal indireto por espaço logístico no Brasil

Simone Santos, sócia-fundadora da SDS Properties, destaca que as operações de e-commerce, que explodiram com a pandemia do novo coronavírus, também exigem muito dos processos de intralogística e de armazenagem. “A novidade, na verdade, foi o reflexo que a pandemia causou naquilo que já era uma tendência: o comércio eletrônico. Esse comportamento causou um efeito em cascata na demanda por galpões logísticos em todo o Brasil”, comenta.

Por sua vez, a tecnologia mais difundida, que dá muito apoio às operações de intralogística, é o WMS, gerenciador de armazéns. “O WMS sistematiza os processos desde o recebimento dos materiais, a conferência, a destinação nos estoques, a seleção para atendimento dos pedidos até a expedição das cargas. Pode interagir com equipamentos, como leitoras de código de barras, RFID, AGVs, e sistemas de controle de transelevadores. Com algoritmos mais incrementados, indica locais mais adequados para a armazenagem em função do giro das mercadorias, dos volumes, da urgência, como também o sequenciamento para a seleção dos materiais, seguindo modelos específicos: por pedido, por rota, por derrubada e muitos outros”, diz Tarallo.

Segundo ele, além do software, há muitas tecnologias maduras, que agilizam e facilitam os movimentos na intralogística, como: esteiras, sorters, transelevadores, AGVs, miniloads, carros satélites, montadoras de paletes, flow racks, picking by light e picking by voice, empilhadeiras e muitos outros tipos especiais adequados ao tipo de produto, operação e negócio.

Tendências

A popularização de sistemas como robôs autônomos, por exemplo, os AGVs (veículos guiados automaticamente) que realizam a movimentação, transporte, transferência e armazenagem de produtos e materiais de dimensões, peso e formatos diferentes sem intervenção humana e com alta produtividade é uma das tendências para o setor de intralogística.

“Eles já são utilizados em linhas de produção, abastecimento, montagem em fábricas, processos de picking e podem trabalhar 24 horas por dia e sete dias por semana, e sua presença vem crescendo em centros logísticos por sua independência, flexibilidade, constância na operação e por proporcionar maior segurança e produtividade. Além de serem sistemas versáteis, que podem substituir e integrar-se a outros equipamentos ou sistemas”, conta Alves.

Ele também diz que outra tendência são os sistemas de carregamento e descarregamento automáticos de caminhões em docas com sistemas telescópicos equipados com robôs para o manuseio de produtos acondicionados em caixas, ou ainda, sistemas telescópicos equipados com garfos elevatórios para carregamento de cargas acondicionadas em paletes, bem como os sorters de grandes volumes para separação de pedidos, sendo que essas novas tecnologias estão alinhadas com a indústria 4.0.

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