Ranking ABAD/Nielsen 2021 - Panorama de Consumo

Vitórias e desafios

por Claudia Rivoiro

No ano passado, o mundo foi apanhado de surpresa pela pandemia do Covid-19, o que mudou definitivamente as formas de trabalhar e de consumir. Isso já é fato. O estudo que resultou no Ranking ABAD/Nielsen 2021 (ano-base 2020) analisa os impactos que um regime de restrições e isolamento social impôs sobre as atividades comerciais em 2020 e propõe uma reflexão para 2022. O PIB brasileiro fechou com -4,1, uma retração menor que a esperada, mas nem por isso envolvendo desafios enormes que precisam ser vencidos.

Com todos os acontecimentos, podemos citar que 2020 contou com programas positivos, como o de proteção do emprego, o de flexibilização dos contratos de trabalho, o auxílio emergencial, que beneficiou cerca de 70 milhões de trabalhadores informais e autônomos, desempregados e pessoas de baixa renda, e custou, segundo o Ministério da Cidadania, cerca de 300 bilhões de reais, além das linhas de crédito oferecidas aos empresários, embora não fossem suficientes. 

Segundo Daniel Asp Souza, gerente de Atendimento ao  Varejo da Nielsen, responsável pelo estudo publicado pela ABAD, o destaque no varejo brasileiro é o e-commerce, estabelecendo-se como importante canal de compras, aumento de 41% em comparação com 2019 e totalização de 87,4 bilhões de reais em compras feitas pelo canal, ou um acréscimo de 25,5 bilhões de reais (2020 x 2019).

DANIEL ASP, da Nielsen

“Mas também detectamos, segundo a Nielsen Homescan (dados de consumidores da Nielsen que avaliam o comportamento de compra do consumidor, com mais de oito mil lares, de todos os perfis demográficos, auditados quinzenalmente em todas as regiões do País), que os consumidores passaram a mixar menos canais ao longo do ano passado, a frequência de compras retraiu 25%, enquanto o tíquete de compra cresceu 31%, sendo que dois em cada três lares utilizam, no máximo, dois canais de compras: o autosserviço para o abastecimento e o superpequeno/independente para compras de urgência e/ou conveniência”, informou.

Eduardo Terra, especialista em varejo, observa que a jornada de compra do brasileiro, no ano passado, foi marcada por uma profunda mudança ocasionada pela pandemia.

“Surgiu uma nova dinâmica de compra que, consequentemente, passa pelo canal indireto, o qual, por sua vez, trabalhou muito e intensamente em 2020 para abastecer os milhares de pontos de venda no Brasil. O e-commerce também cresceu e os canais digitais caíram no gosto do consumidor. Em minha opinião, 2021 será um repeteco de 2020, mas com possíveis alterações, talvez sem a pandemia, com o auxílio emergencial com valor reduzido e poderemos entrar em trade in down (perda de renda mais inflação), e assim, começa-se a buscar produtos que garantam a mesma performance, mas com custo menor, para que não se deixe de consumir”, observou.

A dica para o canal indireto, segundo Terra, consiste em gerenciar atentamente o portfólio para evitar estoque parado ou mesmo gastos desnecessários. “Mas acredito que o segundo semestre será melhor e existe a possibilidade de vermos acontecer o mesmo que ocorreu nos Estados Unidos: com parte representativa da população vacinada vem a euforia e depois a ressaca, que será as obrigações de pagar as contas que chegam, de uma maneira ou outra, sob a forma de impostos, aumento no custo de vida, etc. Fenômeno já visto nos períodos de pós-guerra das guerras mundiais”, acrescentou.

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