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Cesta de delícias

O período se destaca pelo grande aumento nas vendas de alimentos e bebidas, a ponto de exigir reforço nos estoques e mais atenção com a exposição e a reposição

por Adriana Bruno

A Páscoa é sempre um período de oportunidades de negócio para toda a cadeia de abastecimento. De brinquedos a alimentos e bebidas – em especial os ovos de Páscoa e os chocolates –, uma gama diversificada de categorias passa a ser o foco do comércio, visando o consumidor final. Segundo Ubiracy Fonseca, presidente da Abicab – Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas, o Brasil tem uma das Páscoas mais lucrativas do mundo, que gera, nesse período, um aumento significativo do número de empregos e negócios. 

“Por exemplo, em 2019, 18 mil empregos temporários foram gerados no período. É um momento de importantes oportunidades de negócio, visto que os produtos da Páscoa (tanto ovos como chocolates tradicionais, figuras de Páscoa e outros) vêm mantendo o consumo em mais de 60% nos lares brasileiros nos últimos anos”, conta. 

 

Ubiracy Fonseca, presidente da Abicab

E por falar em ovos de Páscoa, Amanda Affonso, gerente de Marketing de Sazonais e Presenteáveis Mondelez, adianta que a empresa está otimista com a Páscoa 2020. “A Páscoa passada foi muito positiva para a empresa e o mercado. Estamos otimistas neste ano, pois a Páscoa continua a crescer puxada tanto pela linha regular como pelas vendas de ovos. Estamos apresentando uma ampla gama de produtos para celebrar esse momento em família, sem contar com o fato de que tais vendas atendem às mais diversas ocasiões”, comenta. 

A Arcor, por sua vez, aposta no planejamento do consumidor para impulsionar as vendas de ovos de chocolate. Segundo Anderson Freire, gerente nacional de Marketing Arcor Brasil, em 2019 a empresa faturou 45 milhões de reais no período, o que representou um aumento de aproximadamente 10% na performance da empresa em relação ao ano anterior. 

“Prevemos um crescimento de 5% em unidades de ovos nos pontos de venda, número que deverá atingir mais de 3,5 milhões de unidades. Sobre o faturamento, manteremos a meta de aumentar em aproximadamente 10% o resultado que conquistamos na temporada passada, valor que estimamos chegar a 50 milhões de reais”, revela Freire. 

Para atingir esses objetivos, a Arcor aposta no portfólio e em preços atrativos. 

 

“Acreditamos que os sabores diferenciados podem ser uma grande tendência para a Páscoa 2020. Por esse motivo, temos em nosso portfólio produtos variados, que conversam com diferentes públicos e com uma abordagem muito atual”, comenta Freire.

O executivo adianta que, neste ano, a empresa lançará 14 tipos de ovos de Páscoa, contra seis lançamentos realizados em 2019.

ANDERSON FREIRE, gerente nacional de Marketing Arcor Brasil

MAIS CATEGORIAS

Mas nem só de chocolate vive a Páscoa. Categorias como azeites, pescados e bebidas também sentem o aumento no consumo, o que exige atenção redobrada do atacadista em relação ao mix trabalhado e à capacidade de abastecer o varejo, contribuindo para reduzir os índices de ruptura por falta de produto no ponto de venda. De acordo com André de Martino, VP da Gallo Brasil, a cada ano os brasileiros estão ampliando o uso do azeite em diferentes pratos e ocasiões. 

“Com isso, não vemos mais uma sazonalidade marcante como víamos na Páscoa. O consumo está cada vez mais equilibrado ao longo do ano. Mas ainda assim nesse período ele gera alta representatividade de vendas para a Gallo”, comenta. 

A empresa dará, em 2020, continuidade à campanha dos 100 anos da marca nos principais meios de comunicação e promete duas grandes novidades para os consumidores brasileiros, o Azeite Novo 19.20 e o Azeite Gallo Orgânico. Os novos azeites estarão disponíveis no mercado a partir de março. E onde está o azeite, está o pescado. 

Para a Gomes da Costa, é nesse período que ocorre o principal volume de vendas, com aumento expressivo no consumo de pescados, tanto em função da Quaresma, temporada em que os brasileiros tradicionalmente consomem mais peixes por motivos religiosos, como também incentivados por ofertas e exposições no trade. 

“As vendas da Páscoa chegam a representar 40% das vendas anuais da categoria, sendo que os principais produtos são o atum e a sardinha enlatados. Uma orientação ao setor atacadista é a de ampliar um pouco o mix, uma vez que tanto o varejo como os consumidores estão mais receptivos na Quaresma”, comenta Andrés Eizayaga, diretor-comercial da Gomes da Costa. 

Para 2020, a empresa tem a expectativa de obter um aumento de 10% no consumo dos produtos em relação ao ano passado. A Beira Alta, que também tem na Páscoa um de seus principais picos de vendas, anuncia lançamentos para o período. 

Segundo Alexandre Loverri, diretor de Operações Comerciais e Vendas da empresa, a linha de atum deverá receber novos produtos focados no atendimento ao food service.

“Além disso, a Beira Alta prepara o lançamento de sua sardinha. Como na quaresma há um pico de consumo, estamos nos planejando para atender a essa demanda”, comenta Loverri. 

Se para a indústria o período é positivo, no ponto de venda a história se repete. A Casa Flora, por exemplo, espera obter um crescimento entre 15% e 20% nas categorias de vinhos e azeites. 

“Apostamos em uma retomada do consumo em função do momento da economia. Além disso, o consumidor pode voltar a consumir produtos de melhor qualidade, o perfil de atuação da empresa”, comenta Antônio Pereira Carvalhal Neto, diretor da Casa Flora Importadora. 

Ele acrescenta que com essa expectativa de aumento de consumo em função da retomada da economia, é importante que a cadeia como um todo se prepare e abasteça para não perder oportunidades.

O distribuidor terá de oferecer um negócio que ponha à disposição de quem compra três diferentes opções de preço, com entrega parecida com a da marca líder, as quais terão de se reinventar, investir em inovações e mudar as embalagens.”

As compras por aplicativos também provocam alterações no hábito de frequentar um ou outro estabelecimento e acirra a disputa no canal digital. 

“É uma mudança estrutural no relacionamento com o cliente, especialmente dos hipermercados (com as escolhas feitas pela internet). Creio que seja esse o momento de o varejo de bairro crescer, graças à comodidade que oferece às compras. E também de o atacado distribuidor fazer a ponte e levar ao varejo de vizinhança toda a experiência que a indústria tem.”

Aliás, Meirelles acredita que esse movimento do atacado, de adotar o e-commerce, é oportuno para estabelecer um elo mais estreito na cadeia.

PLANEJAMENTO

E é exatamente para não perder oportunidades que o setor atacadista distribuidor precisa se preparar com antecedência para o período. O que, via de regra, é lição de casa para todo o calendário sazonal. 

“É fundamental que os atacadistas se abasteçam com antecedência. Outro ponto importante consiste em investir em treinamento para a equipe de vendas”, orienta de Martino. 

É importante que os lojistas e comerciantes armazenem os ovos em locais com temperatura entre 20°C a 25°C. A partir de 25°C, o chocolate começa a amolecer e perde o seu brilho. 

Por outro lado, conservar os ovos em uma temperatura abaixo de 19°C evitará que ele derreta, mas criará umidade no chocolate, que perderá sabor.

AMANDA AFFONSO, gerente de Marketing de Sazonais e Presenteáveis Mondelez

“Além disso, tenha cuidado no estoque e no transporte até o varejo. Sabemos que é um período muito movimentado e, por isso, é importante o abastecimento adequado à demanda nessa época e à precificação atrativa e visível”, orienta Amanda Affonso.

Além dos cuidados com estoque e armazenamento dos produtos, é preciso pensar na logística. Para Freire, é importante que haja uma organização nas entregas dos produtos e uma logística que atenda às necessidades de cada loja do varejo. 

“Isso para que não falte comunicação e não ocorra uma possível falta de estoque, atingindo o consumidor. É fundamental que o atacado entenda que o varejista precisa trazer para sua loja o clima da Páscoa”, orienta.

 

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