60 anos de boas ideias
A Cia. Müller de Bebidas, maior fabricante brasileira de cachaça e reconhecida internacionalmente, tem na 51 seu carro-chefe e quer ser referência em sustentabilidade
por Adriana Bruno
O ano era 1959. A bordo de seu Ford F-8, Guilherme Müller Filho, brasileiro de origem alemã, transportava aguardente dos engenhos para a pequena engarrafadora de cachaça de alambique que sua família acabara de comprar em Santa Cruz das Palmeiras, no interior paulista. De lá, o jovem empreendedor vendia o produto na cidade vizinha, Pirassununga. Aliás, no mesmo ano, a família Müller registrou a marca Pirassununga 51.
Sessenta anos se passaram desde a época em que a produção da bebida passava pelo velho tonel de madeira até aquela em que essa produção levou a Cia. Müller de Bebidas a se tornar a maior e mais importante fabricante de cachaça do Brasil e do mundo.
Seis décadas em que a empresa enfrentou inúmeros desafios, acumulou histórias e obteve reconhecimento. “Nos últimos 60 anos, o Brasil teve sete mudanças de moeda, a população praticamente triplicou e a pirâmide populacional se transformou.
Quando a Cia. Müller iniciou suas atividades, o Brasil era um país com maioria de crianças e jovens, mas hoje a maioria é constituída de adultos e idosos. Além disso, temos hoje um mercado impactado por essa realidade demográfica, por inovações tecnológicas que se sucedem com uma velocidade surpreendente, e por negócios disruptivos, que mudam hábitos e comportamentos.
Temos o empoderamento feminino, a ascensão do reconhecimento e da valorização da diversidade, o ímpeto das mídias sociais. Tudo isso representa um enorme desafio porque obriga a empresa a ser mais dinâmica, mais atenta ao mercado, aos movimentos dos stakeholders e, principalmente, às exigências do consumidor nesse ambiente de constantes transformações”, comenta Rodrigo Maia Carvalho, diretor-comercial da Cia. Müller.
Maia acrescenta que quando se fala de cachaça, um dos grandes desafios que ela impõe é a superação de preconceitos. “Em função da sua própria origem, a cachaça sempre foi um produto acessível à faixa de consumo mais popular do Brasil. Isso criou um estigma que afetou o seu desenvolvimento. Felizmente, nos últimos anos, observa-se uma tendência de valorização do produto.
Graças a iniciativas como o lançamento da Linha Reserva 51 e a própria descoberta da versatilidade do produto no preparo de drinques, a cachaça ganha espaço em bares da moda e ambientes mais sofisticados. Em particular, ela também passou a ser apreciada por consumidores de paladar mais refinado”, afirma.
A escolha do nome 51 não é inspirada na numerologia e há várias lendas a respeito. Uma delas diz que a melhor aguardente da safra sempre era guardada no tonel de número 51. Outra diz, ainda, que a primeira versão da cachaça surgiu em 1951.
60 anos de mercado
A Cachaça 51 responde por 40% do volume comercializado no Brasil
A bebida é exportada para 56 países
As exportações representam 2,5% do faturamento da empresa, alcançando atualmente dois milhões de litros/ano
No Brasil, a linha 51 está presente em mais de
um milhão de pontos de venda
A cada hora, são consumidas 374 mil doses da 51
A TRAGETÓRIA DE UM SLOGAN FAMOSO
O slogan alusivo à Cachaça 51, “Uma Boa Ideia”, muito provavelmente é um dos mais lembrados e falados pelo Brasil afora. E faz jus à fama da aguardente. A Cachaça 51 é um dos produtos mais lembrados e queridos do Brasil, sendo uma marca registrada do País no exterior.
“Com o sucesso do nosso slogan, criado em 1970, a Cachaça 51 tornou-se um marco para o mercado publicitário brasileiro, sendo a primeira destilaria com comunicação profissional e integrada. Seu sucesso como produto de exportação e como ingrediente em coquetéis famosos e requintados ajuda a reforçar a ideia de que tanto a cachaça como o Brasil são sempre boas ideias”, comenta Carvalho.
O executivo também destaca o fato de que, entre as grandes conquistas da empresa nesses 60 anos de mercado, a maior delas foi a de ter realizado o sonho do fundador da empresa.
“Graças aos fundamentos com que criou a Cia. Müller de Bebidas, a Cachaça 51 alcançou liderança, popularidade e, praticamente, se tornou símbolo da categoria. É uma referência nacional e internacional. Temos 30% de participação no mercado brasileiro, concorrendo com mais de três mil marcas”, diz.
Carvalho também ressalta que a empresa continuará investindo para fortalecer a categoria e a marca, para manter a liderança e para continuar apresentando novidades que atendam às expectativas dos consumidores.
UM MILHÃO DE PONTOS DE VENDA
A popularidade e a liderança da Cachaça 51 não se restringem ao Brasil. As exportações da Cachaça 51 já chegam a 56 países em todos os continentes, com destaque para Portugal, Espanha, Itália e Estados Unidos.
“Um levantamento feito pela revista The Millionaire’s Club, em 2017, coloca a 51 na 12a posição no volume mundial de vendas, à frente de bebidas de prestígio em todo o mundo”, conta Carvalho.
Mas é em casa, no Brasil, que os números são ainda mais impressionantes. A marca está presente em mais de um milhão de pontos de venda, dos mais simples aos mais sofisticados, onde são consumidas 374 mil doses por hora.
“A empresa tem mais de 1.500 clientes e, por meio da rede de distribuidores e atacadistas parceiros, chega a bares e restaurantes frequentados por diferentes classes sociais, pequenos varejos, como padarias, mercearias ou mercadinhos, e pontos especiais, desde rotisserias a barracas de praia, e grandes redes de supermercados”, acrescenta Carvalho.
SEGREDO DO SUCESSO
Ao conhecer a história de uma empresa como a Cia. Müller, é natural perguntar: “Qual é o segredo de todo esse sucesso?” A resposta de Rodrigo Maia Carvalho é simples: “O segredo é manter a visão do fundador, que criou uma empresa pontuada por ousadia, investimento em tecnologia, valorização de seus profissionais e obstinação por qualidade.”
E é essa obstinação por qualidade, à qual se alia a preocupação com a questão socioambiental, que também são apontadas como grandes diferenciais da empresa no mercado de bebidas em geral.
“A empresa utiliza as mais modernas tecnologias da indústria de engarrafamento, reunindo máquinas de produção, equipamentos de inspeção, controles de processos e controle da qualidade.
Além disso, segue processos desenvolvidos e consolidados ao longo dos seus 60 anos de experiência, padronizados e certificados pelas normas internacionais ISO, que garantem um alto padrão de qualidade, sem agredir o meio ambiente e respeitando a sociedade.
Soma-se a isso uma equipe de funcionários altamente especializados, treinados e capacitados, o que faz a Cachaça 51 alcançar excelência na qualidade e ser uma referência única no mercado brasileiro da bebida”, destaca Carvalho.
Outro fator fundamental para a Cia. Müller é a profissionalização dos negócios. “Em meio a milhares de produtores de todos os portes, os consumidores precisam estar atentos às empresas que cuidam de seus processos, garantem qualidade, respeitem o meio ambiente, tratem seus colaboradores com respeito, recolhem seus impostos.
A Companhia Müller tem alto padrão de compliance, sendo auditada por consultorias do Brasil e do exterior”, afirma. O melhor de cada momento – Com tantas conquistas e avanços, a Cia. Müller projeta o futuro da empresa com muito otimismo e sempre fiel àquilo que crê ser sua essência, ou seja, grandeza no que se refere à liderança em bebidas destiladas no Brasil, especialmente em cachaças; presença global cada vez mais intensa; destaque como referência em sustentabilidade nas frentes social, ambiental e econômica; e empatia nas relações com os colaboradores, consumidores, clientes e todos os públicos com quem partilha convivência e criatividade.
“Nos vemos cocriando soluções com toda nossa rede de relacionamentos: consumidores, clientes, fornecedores e parceiros de negócios, entre outros”, conta Carvalho.
A reportagem da revista DISTRIBUIÇÃO pediu a Carvalho para que resumisse, em uma frase, os 60 anos da Cia. Müller no Brasil. E a resposta não poderia ser mais original: “A Companhia Müller existe para destilar o melhor de cada momento. É a frase que define nosso propósito”, finaliza Carvalho.
